Inflação no Brasil é diferente do restante do mundo; entenda
Inflação global é um misto de efeitos da pandemia, guerra e rumo da economia dos países. No Brasil, IPCA é bastante indexado (Imagem: David Paul Morris/Bloomberg)
A 💥️inflação que afeta o 💥️Brasil não é a mesma da 💥️Europa ou dos 💥️Estados Unidos – por mais que os efeitos na economia sejam muitos parecidos.
De uma forma geral, as pessoas podem até não saber qual é a taxa inflacionária de um país, mas elas sentem o índice de preços quando as contas começam a pesar no bolso.
O movimento inflacionário mais recente é um efeito colateral da 💥️pandemia que atinge o mundo todo. As medidas de restrição levaram a uma queda na produção, além de gerarem problemas das cadeias logísticas.
E mais: para manter a economia aquecida, governos e bancos centrais jorraram dinheiro no mercado através de subsídios, facilidades de acesso a crédito, redução de impostos e taxa de juros baixas.
O resultado foram pessoas com dinheiro para gastar, mas com poucos produtos para comprar. Em um cenário como esse, os preços sobem por causa da escassez – essa é a chamada 💥️inflação de demanda.
Inflação e lockdown
Quando foi decretado o fim dos lockdowns, a cotação das 💥️commodities subiu. Os estímulos econômicos aumentaram a procura por 💥️petróleo e 💥️minério de ferro de forma rápida e intensificaram ainda mais a 💥️inflação já existente. Mas até aí, o movimento da economia estava dentro do esperado.
O problema é que ninguém previu que a 💥️Rússia e a 💥️Ucrânia entrariam em guerra. Nem que a 💥️China voltasse a impor medidas restritivas contra a 💥️covid-19.
Esses dois fatores, somados aos efeitos da 💥️pandemia, acabaram com os planos dos bancos centrais de recuperação e ainda colocaram muitos países à beira de uma 💥️recessão.
Na Europa, por exemplo, a 💥️inflação atingiu o seu maior patamar em 40 anos, com uma taxa anual de 8,6%. Por lá, o que mais pesa é o encarecimento da 💥️energia.
Vale lembrar que 40% do gás consumido pelos países europeus era proveniente da Rússia – mas a guerra e as sanções impostas ao país diminuíram a quantidade de 💥️combustível que chega à região.
Esse gás é usado não apenas para o aquecimento das casas, mas também pela 💥️indústria. Se a energia fica mais cara, a produção também fica encarece e reflete nos preços dos produtos (especialmente no setor de alimentação e transportes). É a chamada 💥️inflação de oferta.
Oferta e demanda
Nos Estados Unidos, a história é outra. O problema lá é o mercado imobiliário: os preços dos aluguéis subiram durante a pandemia, tanto que os gastos com moradia representam cerca de 40% da composição do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês).
Em junho, a 💥️inflação americana também atingiu o seu maior patamar em quatro décadas, avançando 9,1%.
Além disso, o país vive uma 💥️inflação salarial. O mercado de trabalho está apertado: tem vagas, mas não tem trabalhadores. Desde março, a taxa de desemprego se mantém em 3,6% – trata-se do menor patamar desde fevereiro de 2023, quando atingiu 3,8%.
Esse cenário trabalhista gera uma espiral inflacionária. Os trabalhadores têm mais dinheiro para gastar (💥️inflação de demanda), mas as empresas também precisam aumentar os preços dos produtos para arcar com os 💥️salários mais altos (💥️inflação de oferta).
Por aqui, nós temos um pouco da 💥️inflação de oferta e um pouco da de demanda. Tanto que o 💥️Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já está há dez meses nos dois dígitos: em junho, a taxa acumulou alta de 11,89%.
Mas o ponto principal é que a nossa 💥️inflação é indexada. O preço de produtos e serviços, como os aluguéis, salário mínimo e mensalidades, variam de acordo com o movimento da 💥️inflação. Ou seja, se o preço dos alimentos subirem, o contrato de aluguel também fica mais caro (mesmo que não tenha nada acontecendo no mercado imobiliário).
Além disso, a desvalorização do real em relação ao 💥️dólar, ajuda a pressionar os preços de produtos importados.
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