Mercado ainda não se empolga entre uma futura agência de inteligência e a Conab ‘raiz’
Nova Conab, como anunciou o ministro Carlos Fávaro, precisa mostrar serviço primeiro (Imagem: Facebook/Carlos Fávaro)
Sem que houvesse a divulgação do novo presidente da Embrapa ou a confirmação de que Neri Geller vá assumir a Secretaria de Política Agrícola, o anúncio do ministro Carlos Fávaro de uma reestruturação da Conab ainda precisa empolgar.
Chegou até a ser surpresa o aviso de que a autarquia possa ser desmembrada para a criação de uma agência de inteligência de mercado, ou outro formato híbrido, que o titular do Mapa disse, após reunião com o presidente Lula, será conhecido nesta quinta (19).
Aparentemente, à Conab ‘raiz’ ficará apenas os serviços de abastecimento e retomada dos leilões de compra e venda de cereais, sob comando exclusivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ou sob gestão compartilhada.
Na opinião de Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, o efeito positivo será visto apenas se houver aprimoramento de estimativas de safras de grãos e cereais, ou seja, melhor precisão, além de convergências com o levantamento do IBGE. Este faz pesquisa anual e a Conab hoje é por ano-safra.
Ele também avança cobrando do governo a estruturação de um sistema de “projeção das exportações”, algo parecido com o que o USDA oferece, a fim de prover os agentes de mais previsibilidade.
Marcos da Rosa, ex-presidente da Aprosoja Brasil, ainda espera para ver, mas coloca em dúvida a qualidade do trabalho de levantamento de dados de oferta e demanda feito atualmente.
“De qualquer modo este tipo de trabalho tem mais atrapalhado que ajudado o mercado. Os números são estimados pelo máximo de produtividade. Se ajustam, ou não, só depois de finalizadas as colheitas”, argumenta o produtor do Mato Grosso.
Ele também destaca que mais que capacidade intelectual, precisa haver menos “ideologia” ao modelo que poderá surgir.
O economista Antônio Da Luz, da Federação da Agricultura dos Estados Unidos (Farsul), não viu novidade no anúncio, especialmente porque a retomada dos leilões públicos de produtos agrícolas não oferece nenhum benefício, dado que é um modelo ultrapassado.
Ao contrário, segundo ele: “É uma irresponsabilidade com o mercado e um enorme desperdício de dinheiro”.
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