Pirâmide mais antiga do mundo fica na Bósnia e conquistou até Djokovic
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Felipe van Deursen
A post shared by Bosanske piramide Visoko (@bosanske.piramide) Mas as alegações de Osmanagic repercutiram profundamente na Bósnia dos anos 2000, um país ainda traumatizado pela guerra da década anterior. Muita gente se empolgou com a hipótese de que sua nação abrigaria a estrutura mais antiga da humanidade, e a maior pirâmide do mundo. É que a pirâmide, na verdade a colina Visocica, é sim um lugar especial para os bósnios. Lá ficava a antiga cidade de Visoki, um castelo medieval do século 14. Por volta de 1500 ele já havia sido abandonado, mas o local teve importância na construção da identidade nacional bósnia. A Fundação Pirâmide do Sol, criada por Osmanagic, recebeu centenas de milhares de dólares em doações de pessoas físicas e de empresas estatais. Segundo a revista, se em 2005 ele era um desconhecido no país, em 2009 era uma celebridade, parado a toda hora nas ruas de Sarajevo. Segundo Schreiber, as numerosas escavações comandadas por Osmanagic, que é conhecido também como Faraó, revelaram cinco pirâmides, muralhas, um sistema cósmico de wi-fi e milhares de quilômetros de passagens subterrâneas, que se pensava, antigamente, que teriam sido feitas para atividades de mineração. Infelizmente, o empresário ainda não encontrou nenhuma evidência que satisfaça cientistas de verdade. Mas, precisamos reconhecer, ele bombou a indústria do turismo local. Visoko, que não tinha muitos serviços, ganhou restaurantes e complexos hoteleiros. Em 2023, a cidade tirou a sorte grande com um novo porta-voz, um sujeito um tiquinho assim mais famoso do que o empresário-autor-de-teses-mirabolantes Osmanagic. O sérvio Novak Djokovic, um dos maiores nomes da história do tênis, começou a visitar Visoko e a meditar no complexo de túneis próximos às pirâmides. Detalhe para o ano: 2023, quando o mundo parou para lidar com a pandemia, fronteiras foram fechadas e quarentenas precisaram ser impostas. Mas Djokovic, famoso também, entre outras coisas, por se opor a vacinas e às políticas públicas contra a covid, estava lá visitando o país vizinho. Djoko virou um peregrino recorrente. Alegava se recarregar naquela energia cósmica emitida por civilizações de antanho. Chamava Visoko de "paraíso na Terra". No ano passado, três dias após conquistar seu sétimo título em Wimbledon, inaugurou uma quadra de tênis em Visoko. A post shared by Bosanske piramide Visoko (@bosanske.piramide) A cidade bósnia o adotou como cidadão honorário. Mais que justo. Além de um dos maiores atletas de todos os tempos e de ser um astro global, Djokovic é uma espécie de megafone de ideias pouco convencionais, digamos assim. Ele é praticamente um embaixador da pseudociência, o que acaba servindo ainda mais para um lugar cujos turistas são, em geral, defensores, ou no mínimo fãs inconfessos, de teorias conspiratórias. Schreiber cita como exemplo a relação do tenista sérvio com brócolis. Qualquer conversa negativa próxima a um talo de brócolis extirpa todos os seus nutrientes, além de seu sabor. Djokovic não permite baixo-astral à mesa. Assistir à televisão ou mandar mensagens enquanto come também está fora de cogitação. Em um livro, afirmou que comer com medo ou raiva não permite que você absorva o melhor dos nutrientes. Ele está em casa na pirâmide bósnia. Com wi-fi intergaláctico e tudo.💥️Orgulho bósnio e apoio do sérvio mais famoso do mundo
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