Por que jantar com estranhos é a nova moda em restaurantes de Lisboa
Letícia Sorg Colaboração para Nossa 02/07/2023 04h00
A ideia da nova ferramenta, criada pelo empreendedor francês Maxime Barbier, é reduzir ao mínimo o esforço das pessoas para conhecer outras e viver uma nova experiência. "Não é preciso mandar nenhuma mensagem, escolher as companhias, o lugar nem fazer reserva", explica Barbier. "É só aparecer no horário e no local indicados e aproveitar a experiência".
A tarefa dos convidados é se cadastrar na ferramenta, responder a um questionário sobre características pessoais (inclusive que idiomas fala) e preferências (restrições alimentares, bairro em que vive), e pagar uma taxa pelo serviço. Se decidir ir a um jantar, o convidado paga 9,90 euros (cerca de R$ 52). A mensalidade para ir toda semana é de 14,90 euros (cercade R$ 78). Isso não inclui, claro, a conta do restaurante, que é dividida entre os convidados. A plataforma sugere dividir por igual o custo da comida e calcular à parte as bebidas.
💥️Como é a experiência
Não deixa de ser curioso chegar a um lugar e ser encaminhado a uma mesa com cinco desconhecidos. No meu caso, o grupo era composto por um francês, uma portuguesa, um português, uma sueca e uma britânica com idades que variavam de pouco menos de 30 a pouco mais de 40 anos. Mas não é preciso se preocupar em entabular conversinhas ou enfrentar silêncios incômodos. A TimeLeft deixa um envelope com perguntas em cima da mesa.
De fato, foi uma experiência interessante. Logo na primeira pergunta, fomos desafiados a dizer o que tínhamos aprendido sobre o amor com nossos pais. E as respostas foram surpreendentemente sinceras, o que quebrou o gelo e abriu espaço para uma troca menos superficial. Também falamos sobre o que temos curiosidade de fazer, mas nunca fizemos, e o que nos faz sorrir sempre. E foi uma surpresa e um alívio ter um papo profundo que passou ao largo das questões políticas.
✅Enquanto isso, pedimos cinco pratos do menu para dividir e provar e quatro sobremesas. Foi uma noite para conhecer um pouquinho de gastronomia e de pessoas.
Uma delas foi Anya, que ficou sabendo do TimeLeft por um amigo e decidiu testar. "Não há como errar com um toque de mistério e um jogo", diz ela, que é britânica e já viveu em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil. "De maneira geral, demos muitas risadas e tivemos algumas conversas interessantes. Foi estimulante também pular as conversas vazias e entrar no jogo".
Um dos jantares do TimeLeft de Lisboa
Piotr participou de um jantar no Comadre — um restaurante com decoração fantástica, escondido atrás de uma antiga estante envidraçada. Para ele, parte da graça está em conhecer um lugar novo, embora não tenha gostado muito da comida, e topar com pessoas diferentes que, de outro modo, jamais cruzariam seu caminho.
"Quero repetir a experiência, mas foi angustiante ver uma das meninas da mesa tão nervosa para responder às perguntas", disse. De fato, para alguém muito tímido e reservado, pode ser traumático.
Parece, porém, que há muitas pessoas dispostas a experimentar esse novo jeito de conhecer a cidade, os lugares e novas pessoas. Segundo Barbier, na primeira quarta-feira da operação, foram 25 pessoas apenas. Agora, já há mais de 1000 inscritas para participar dos grupos, que são distribuídos por 15 restaurantes lisboetas.
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