Com ratos mortos na vitrine, loja centenária é atração bizarra de Paris
Felipe van Deursen
Colaboração para Nossa
20/05/2023 04h00
Alguns dos animais expostos estão lá desde 1925. Cecile Aurouze, que toca a loja junto com o irmão Julien, já declarou à imprensa que não tem a intenção de tirar as carcaças da vitrine, porque elas são um símbolo da loja - e um orgulho da família. O bisavô deles, Étienne Aurouze, é meio que uma celebridade no universo do controle de pragas. Sabe aquela ratoeira clássica, de desenho animado? Pois é, ele que inventou.
Le Trocadéroscope", uma revista dedicada à Exposição, mencionou a participação de Aurouze: "Todos os nossos cumprimentos à Casa Aurouze, que exibia uma variedade muito completa de armadilhas para animais. Da ratoeira, que é fofa e graciosa, até a armadilha da raposa com molas impiedosas, tudo está lá". O jornalista, não plenamente satisfeito, escreveu ainda que foi uma pena Aurouze não oferecer nada contra percevejos de cama, praga que infernizava as noites escaldantes de insônia e coceira - e que ainda é um tormento em hospedagens mais simples no Velho Mundo.Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por @maisonaurouze
A loja fica em uma rua que dá acesso a Les Halles, o endereço do antigo mercado público de Paris, que por séculos abasteceu a cidade até que o general De Gaulle, quando presidiu o país nos anos 1960, ordenou a mudança para Rungis, nos arredores da capital. Entre os diversos motivos alegados, estavam o crescimento da população e as comuns infestações de ratos.
Paris sempre foi uma cidade habitada por humanos e roedores. Em algumas épocas, a situação fugia do controle. Após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, a cidade foi atingida em cheio por uma pandemia de peste bubônica que já castigava o mundo desde 1894. A doença, causada por uma bactéria que infecta pulgas, ratos e humanos, se espalhou por Paris graças ao fluxo de tropas, refugiados e navios usados para reconstruir o país.
Proprietários da Aurouze celebraram reabertura da loja após pandemia
Estima-se que 8 milhões de ratos viviam na região metropolitana, quase o dobro do que o número de pessoas em 1920. O governo anunciou uma guerra contra a praga, exterminou 6 a 7 milhões de ratos, mas ainda assim perdeu, segundo o historiador da ciência Peter Soppelsa em um artigo no "Journal of the Western Society for French History".
Os ratos continuam aí, mas pelo menos há profissionais para tratar do assunto.
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