Porta do inferno: misterioso templo matava quase tudo que chegasse perto

'Porta do inferno': misterioso templo matava quase tudo que chegasse perto
Você teria coragem de entrar aí? - Carole Raddato/WikiCommons

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Felipe van Deursen

"Os animais que entram pela grade morrem instantaneamente. Até os touros caem e são retirados mortos. Nós mesmo jogamos pardais, que imediatamente caíram sem vida", relatou Estrabão.

Impressionado, o pensador do século 1º a.C. registrou que, misteriosamente, os sacerdotes eunucos que administravam o local se locomoviam numa boa. Ele levantou algumas possibilidades para o fenômeno:

"Aproximam-se até a abertura, inclinam-se sobre ela e descem até certa profundidade, contendo a respiração o máximo possível, pois percebemos por seus sinais no rosto algum sentimento sufocante. Essa isenção pode ser comum a todos os eunucos; ou pode ser confinada aos eunucos empregados no templo; ou pode ser o efeito do cuidado divino, como é provável no caso de pessoas inspiradas pela divindade; ou talvez possa ser obtida por aqueles que possuem certos antídotos."

No mundo grego-romano, acreditava-se que era o próprio bafo podre de Hades que vinha do subterrâneo e ceifava quem chegasse perto. Hades, ou Plutão, era o deus do submundo. Por isso, esse portão da morte, essa "porta da desesperança", era chamado de "plutônio" (o elemento químico plutônio tem esse nome em homenagem a Plutão, o planeta-anão que, por sua vez, foi nomeado em referência à divindade).

💥️Que lugar era esse?

Aparentemente ninguém percebeu, porque o culto a Cibele já era passado há muitos séculos. E o plutônio estava deserto, assim como todo o resto da cidade. Mas que eles matavam, matavam. Em 2011, foi o que arqueólogos constataram.

💥️O segredo do veneno

Nos últimos anos, descobertas impressionantes ajudaram a explicar o culto e o trabalho dos sacerdotes. Hierápolis ficava em uma região de muita atividade geológica. Além das águas termais que lhe deram fama, outro fenômeno rolava em seu subsolo, através de uma fissura que emitia dióxido de carbono.

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O bafo assassino de Hades acrescenta mais um atrativo à impressionante Hierápolis, que, estranhamente, mesmo ali ao lado do topo de Pamukkale, não tem o mesmo fluxo de visitantes. A maioria se satisfaz com rápidos passeios para a impressionante montanha branca e suas piscinas calcárias a partir de Istambul ou de Izmir e segue viagem para outros concorridos destinos turcos. Se os deuses do submundo quiserem, a recém-reinaugurada "porta do inferno" ajudará a reverter esse quadro.
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