Por que o recordista de poles Hamilton anda sofrendo em classificações

Lewis Hamilton durante o fim de semana do GP do Canadá

Lewis Hamilton durante o fim de semana do GP do Canadá Imagem: Mercedes-Benz AG

"Eu simplesmente não sou muito bom em classificação", disse Lewis Hamilton após mais um sábado decepcionante para ele nesta temporada. "Mas você não pode ter ficado ruim de uma hora para outra?", pergunta o repórter ao recordista absoluto de poles positions na história da F1. "Claramente, sim. Não consigo acertar uma volta. É incrivelmente frustrante. Vou continuar trabalhando nisso e é tudo o que posso fazer."

Conhecendo como Hamilton reage às adversidades, é bom não levar as palavras ao pé da letra. Quando está frustrado, logo que sai do carro, ele geralmente é bastante duro e depois recua, como o próprio admitiu depois do desabafo, feito após a classificação para o GP da Itália deste ano.

"Há dias em que estou melhor comigo mesmo, mas tenho certeza que é como todo mundo, é como um casamento, certo? Você diz coisas que não necessariamente são daquele jeito no momento. E eu definitivamente diria isso, que algumas das coisas que eu disse eu não quis dizer exatamente aquilo, mas acho que foi isso que me moldou em toda a minha vida. Eu nunca peguei leve comigo mesmo, sempre me esforço, e aprendo a ser capaz de dar um passo para trás, e refletir, e então seguir em frente, e tentar fazer o melhor", refletiu o britânico duas semanas depois, em Baku.

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Mas há um fato: Hamilton vem fazendo boas corridas nos últimos anos, mas vem deixando a desejar nas classificações.

É bem verdade que, por boa parte das últimas três temporadas, o heptacampeão testou várias soluções em termos de acerto do carro junto com a Mercedes, e é natural que seja mais difícil saber qual é o limite do carro em uma volta lançada se você está mudando a configuração o tempo todo. Mas esses experimentos não têm sido feitos neste último terço da temporada e, mesmo assim, o rendimento do britânico não melhorou.

"É mais uma questão de como ele quer atacar a curva", explicou o chefe de engenharia da Mercedes, Andrew Shovlin. "Quando você faz isso, o carro sai de traseira. E você começa a aumentar a temperatura do pneu. Então a maior parte do nosso trabalho tem sido dar a ele um carro com o qual ele consiga usar seu estilo agressivo, extrair o tempo de volta dele sem que ele seja pego de surpresa."

Está claro que a dificuldade de Hamilton - e aí é difícil apontar se é algo inerente ao atual regulamento ou aos carros da Mercedes no atual regulamento, uma vez que eles têm muitos desafios em termos de equilíbrio e inconsistência na maneira como colocam temperatura nos pneus - aparece quando ele tenta extrair o máximo de desempenho em uma volta lançada na classificação. Houve situações em que ele fez terceiros treinos livres (aqueles em que o piloto simula exatamente uma classificação), foi muito bem, e depois não conseguiu replicar o mesmo desempenho na definição do grid.

Outros pilotos também enfrentam inconsistências. Seu companheiro, George Russell, por exemplo, tem criticado duramente os pneus Pirelli, acreditando que eles são a fonte do sobe e desce de performance. Hamilton não parece compartilhar da mesma desconfiança. Russell leva vantagem no duelo interno de posições de largada na Mercedes, mas as margens entre os dois costumam ser bastante pequenas.

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O estilo de pilotagem de Hamilton é muito baseado na habilidade de frear bem dentro da curva. Sem a estabilidade na freada, ele tem sido obrigado a mudar isso. E não é um processo fácil para o piloto de 39 anos. "Sou teimoso, continuo tentando pilotar do jeito que quero", disse ele. "Como piloto, você tem que ser adaptável e tem que admitir que às vezes sua abordagem para certas coisas não é perfeita. Você simplesmente começa a procurar maneiras pelas quais ainda pode se apegar à essência do que o tornou tão bom e ver como você evolui isso para alcançar o que precisa. Em certas situações, alguns pilotos conseguem lidar melhor com as coisas do que outros e algumas pessoas demoram pouco tempo, outras mais, para se adaptarem."

Mesmo com um placar adverso de 13 a 5 em classificações na comparação com Russell, Hamilton tem tido boas performances aos domingos e está 19 pontos à frente do companheiro no campeonato.

Não que isso seja suficiente para ele: "Não, não compensa, porque isso é o que eu espero de mim mesmo. Então quando eu tenho uma boa corrida, é o mínimo."

Reportagem

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