F1: GP da Holanda não consegue pagar as contas mesmo sendo um sucesso

Max Verstappen comemora pole position no GP da Holanda

Max Verstappen comemora pole position no GP da Holanda Imagem: Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Imagine um país que tem o atual tricampeão da Fórmula 1 no grid e cujos ingressos para o GP sejam tão concorridos que é preciso fazer um sorteio para determinar quem pode comprar as entradas. E que essa corrida, mesmo com casa cheia, corre o risco de desaparecer do calendário da categoria.

É a situação do GP da Holanda, que entrou no calendário em 2023 e pode ter sua última edição em 2025, mesmo com Max Verstappen no auge. Na verdade, a única saída que os organizadores enxergam atualmente que não seja sair do calendário é entrar em um sistema de rotação com o GP da Bélgica, que também enfrenta dificuldades para continuar.

Esse seria o primeiro experimento do tipo para a Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da F1, que enxerga neste tipo de rotação a saída para seguir expandindo o calendário, atendendo a uma enorme demanda de países que querem receber a categoria.

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Mas por que uma corrida como o GP da Holanda tem dificuldades para se manter em plena Verstappen mania?

Primeiro é preciso entender como funcionam os contratos para receber as corridas. A F1 cobra pelo menos 20 milhões de dólares por ano para levar a categoria para cada circuito. Esse número varia bastante, e os contratos também preveem que a Liberty comercialize os ingressos de paddock club, que são os mais caros, além das principais placas de publicidade.

Então, ao promotor do evento, cabe buscar o lucro com a venda dos ingressos de arquibancada, o que é vendido dentro do autódromo e placas de publicidade menores (ou aquelas arquibancadas temáticas dos parceiros).

Nos dois primeiros anos, o GP da Holanda pagava 32 milhões de dólares para a Liberty Media, e esse contrato foi estendido em 2022 por mais três anos. É uma conta alta e difícil de ser paga.

Isso porque a capacidade da pista de Zandvoort é relativamente pequena. Tudo no circuito holandês é apertado: o paddock, inclusive, é separado em duas partes, uma para os motorhomes e outra para as garagens e caminhões dos engenheiros.

Nos últimos anos, os organizadores têm conseguido colocar pouco mais de 100 mil espectadores por dia, mas ainda assim o total é cerca de 25% menor em comparação com provas como Silverstone, Austin ou Melbourne.

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Para complicar a situação, diferentemente do que acontece na maioria dos países, incluindo Brasil, México, Itália, Espanha, Azerbaijão e nos países do Oriente Médio, os organizadores não contam com dinheiro público para realizar o evento. Isso geralmente acontece quando os países ou cidades veem as corridas como forma de promoção do turismo. Porém, em grande parte da Europa, corridas de carro não são tão bem vistas, e é por isso, inclusive, que a F1 deixou de ir para a Alemanha e França. Na Inglaterra também não existe apoio financeiro governamental há anos.

Mas Silverstone permite a comercialização de mais ingressos e a conta fecha, embora haja muita reclamação em relação aos preços praticados. Na Holanda, também há a noção de que o preço está no limite. O ingresso mais barato, que não dá acesso a arquibancadas, custa 1600 reais para os três dias de evento (265 euros). O preço já é acima da média para este tipo de ingresso, que é de 210 euros.

Mas por que os organizadores simplesmente não fazem uma reforma no autódromo para aumentar sua capacidade, já que a demanda existe? O circuito está em uma zona de proteção ambiental e de terreno instável por ser uma área com dunas, então uma reforma para ampliar a pista está fora de cogitação.

Ao mesmo tempo, houve um investimento significativo para que Zandvoort pudesse entrar no calendário, com alterações visando aumentar as chances de ultrapassagens. E, para este ano, o pitlane foi alargado também.

Basicamente todos os obstáculos à prova holandesa foram sendo retirados um a um - outros exemplos eram a preocupação com o trânsito, resolvida com um banimento do tráfego de carros durante os dias de atividade de pista, fazendo com que quase a totalidade dos torcedores se desloquem por transporte público ou bicicleta, e a questão do barulho, resolvida com horários diferentes para as sessões e uma multa que é adicionada ao preço do ingresso.

Agora, a alternância com o GP da Bélgica pode ser mais uma dessas soluções.

Reportagem

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