Primeiro CEO do futebol brasileiro analisa momento: "Governança e gestão têm que melhorar muito"

Na época em que Aod Cunha assumiu o cargo de CEO do Internacional, em 2011, a explicação era obrigatória em qualquer notícia: a sigla significa "chief executive officer" e aponta para o diretor-geral. Ele foi o primeiro profissional contratado formalmente para a função no futebol brasileiro.

Hoje, a explicação ainda é necessária para parte do público, mas os profissionais que ocupam esse papel foram multiplicados. Nas associações civis ou nos clubes-empresas, CEOs se tornaram comuns. Não quer dizer, na opinião de Aod, que o futebol tenha progredido muito.

– O nível de governança e gestão dos clubes de futebol tem que melhorar muito, de maneira geral. Os conselhos são inchados, com 200 ou 300 membros, e têm a cara do Congresso nacional. Às vezes até com mais partidos, cada um com uma cabeça. E ciclos muito curtos. Diretorias são eleitas por dois ou três anos. Se não ganham no primeiro, já começa uma pressão para gastar mais, contratar mais – avalia o economista.

Aod Cunha, ex-CEO do Internacional — Foto: Arquivo pessoal 1 de 1 Aod Cunha, ex-CEO do Internacional — Foto: Arquivo pessoal

Aod Cunha, ex-CEO do Internacional — Foto: Arquivo pessoal

– Converso com os presidentes do Inter, passa o tempo, e eles se dão conta disso. "Eu queria fazer isso, mas não consigo". Mesmo os bem-intencionados. Tem a ver com a relação com o Conselho. É muito difícil com este modelo de governança empoderar uma estrutura profissional embaixo do presidente eleito, se ele tem que responder a cada dia e semana, no varejo, a uma série de assuntos no Conselho – continua Aod.

O executivo entende que a chegada das Sociedades Anônimas do Futebol pode contribuir para a mudança do cenário, assim como a fundação da liga de clubes, desde que se leve em consideração a governança.

– Vejo com bons olhos a alternativa da SAF, mas ela tem múltiplas possibilidades. A qualidade de quem será o investidor, qual o tipo de contrato que o clube firmará. Tem riscos. Meu receio é o pior dos mundos: os clubes não melhorarem a gestão e a governança como associações, aí em determinado momento, numa situação caótica, eles fazem o primeiro negócio possível, que pode não ser o melhor. Não vou citar nomes, mas há situações assim no futebol brasileiro.

Aod concedeu entrevista ao podcast Dinheiro em Jogo, na qual falou de assuntos contemporâneos, como empresas e liga, e também relembrou sua passagem como CEO do Internacional. Ele foi peça-chave na negociação pela reforma do Beira-Rio para a Copa do Mundo de 2014, que dividiu a política colorada, e deixou o clube quando foi limitado pelo então presidente em relação ao futebol. Clique aqui para ouvir.

@rodrigocapelo

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