Primeiro torneio de curling no país ensinou como se varre e se lança uma pedra - Mais modalidades
A Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) promoveu a primeira competição oficial de curling no país, na pista de gelo das Penhas da Saúde, na Covilhã, para promover a modalidade e ensinar como se joga.
O I Torneio Interassociações da Covilhã, que decorreu durante sete jornadas, com oito equipas, terminou na noite de quinta-feira, com cerca de 40 jogadores que nunca tinham pegado numa pedra ou numa escova e já querem repetir a experiência.
Há muito que Cristina Santos, de 58 anos, e o marido “passam horas a ver na televisão” a modalidade e, por isso, a operadora de supermercado conhecia as regras, mas nunca tinha pisado uma pista. Quando foi desafiada na sua coletividade, o Oriental, equipa vencedora, a participar, não hesitou.
“É muito diferente de ver na televisão. O frio é difícil, mas também dominar as técnicas. A velocidade, o estado do gelo, a maneira de pegar na pedra, tudo conta”, comentou à agência Lusa a “muito competitiva” Cristina Santos, “entusiasmada” com um jogo “nada fácil”.
O curling é uma disciplina jogada numa pista de gelo, com o objetivo de as equipas aproximarem as pedras de granito lançadas o mais perto possível do alvo, esfregando com a escova o piso, para tentar definir a trajetória.
As primeiras sessões foram orientadas pelos técnicos nacionais e por dois jogadores da seleção, que começaram a praticar a modalidade olímpica há muitos anos no Canadá, para ensinar os princípios básicos, como fazer os lançamentos, os varrimentos, e conseguiram impressionar quem está a dar os primeiros passos.
“É impressionante ver como eles conseguem, com uma precisão quase milimétrica, executar a estratégia definida”, sublinhou Luís Pires, de 50 anos, presidente do recente Ice Clube da Covilhã, que nunca tinha prestado atenção ao curling, o “xadrez no gelo”, mas que tem evoluído no torneio e costuma ver vídeos para tirar dúvidas e otimizar o desempenho.
Durante as noites de jogo, “vai-se tentando implementar a estratégia”. Quando não acontece, “é uma paródia” e ganha-se em confraternização, salientou Luís Pires.
Nuno Batista, mecânico de 39 anos, do Moto Clube Lobos da Neve, “nunca tinha visto um jogo de curling e nunca tinha jogado”. Não sabia o que era uma escova nem que cada pedra pesa 18 quilos, mas não quis perder a oportunidade de experimentar uma modalidade que não conhecia e agora pensa “em repetir”.
Enquanto dentro da Ice Arena, pista sem o tamanho oficial, mas com todas as marcações e material homologado, se disputa a finalíssima, Nuno explicou a dificuldade em inicialmente manter o equilíbrio em cima das palmilhas nas quais se desliza.
“Controlar a velocidade da pedra já consigo. A trajetória pretendida, só com muito mais treino, para cumprir a estratégia. Pôr as guardas onde queremos a proteger as nossas pedras, isso nem sempre se domina”, contou, entre gargalhadas.
Promovido em parceria com a Câmara Municipal da Covilhã, o torneio contou com a participação do vereador com o pelouro do Desporto, José Miguel Oliveira, que também nunca tinha praticado um jogo “muito estratégico, de fácil aprendizagem”.
“É um jogo muito interessante. Enquanto participante, gostei muito da experiência. Enquanto vereador, esta modalidade tem todas as potencialidades para crescer e aproveitar esta infraestrutura que nós aqui temos e que é a única”, realçou o autarca, à Lusa.
O presidente da FDIP, Pedro Flávio, diz que esta é uma forma de aproveitar a Ice Arena para dar a conhecer o curling e “desafiar as coletividades a começarem a desenvolver a modalidade com os mais novos”.
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