As jabuticabas gringas do Fluminense campeão
O Fluminense campeão da Taça Guanabara tem duas jabuticabas gringas. Dois jogadores de desempenho destacado atuando no Brasil, mas cujo sucesso em nossas terras não parece seduzir suas seleções nacionais ou potências europeias.
Antes de mais nada, esclareço que a gloriosa jabuticaba é nativa da Mata Atlântica e, embora os brasileiros tenham se apropriado dela, a saborosa frutinha também pode ser encontrada em países vizinhos como Argentina e Paraguai, em trechos dessa floresta majestosa.
As jabuticabas tricolores atendem pelos nomes de Germán Cano e Jhon Arias. Andam jogando o fino da bola há um tempo. Cano faz gols com naturalidade espantosa e de tudo quanto é jeito. Arias rivaliza com Hulk no quesito imposição física dentro de campo. Dificilmente deixa de ganhar um duelo.
Ambos são fundamentais para a execução do estilo de jogo proposto por Fernando Diniz. Além de serem decisivos em suas capacidades individuais, sempre contribuem para o funcionamento coletivo da equipe.
Cano nunca foi chamado para o time principal da Argentina. Amadureceu tarde no futebol. Começou a chamar atenção jogando pelo Deportivo Pereira, da Colômbia, entre 2012 e 2014, teve boas passagens por Pachuca e León, do México, e foi atuando pelo Independiente Medellín que despertou o interesse do Vasco. Pelo Cruzmaltino Cano fez 43 gols em 101 jogos e chegou a ser responsável por praticamente 50% dos tentos da equipe.
1 de 1 Arias e Cano em Flamengo x Fluminense — Foto: Thiago Ribeiro/AGIFArias e Cano em Flamengo x Fluminense — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
Como todo centroavante, teve altos e baixos, períodos de seca, mas o horizonte pareceu se descortinar para ele no Fluminense de Fernando Diniz. Um time que toca muito a bola e faz com que ela passe pela área muitas vezes na partida. Solo perfeito para o cultivo dessa jabuticaba argentina de 35 anos.
Mesmo fazendo sucesso na principal liga nacional das Américas, Cano não seduziu o treinador da Argentina campeã do mundo, Lionel Scaloni, nem para um mísero amistoso. Pela idade, é provável que a seleção seja um sonho impossível para o goleador.
Jhon Arias desabrochou no Tricolor das Laranjeiras. É mais jovem que Cano, tem 25 anos, e causou ótima impressão na estreia como titular pela seleção da Colômbia, em amistoso contra o Paraguai, ano passado.
Após destaque no Independiente Santa Fé, chegou ao Flu sob a preconceituosa desconfiança que todos nós, brasileiros, temos com jogadores colombianos. Mas Arias mostrou uma imposição física absurda. Dificilmente perde um duelo e leva pânico aos marcadores com suas ações no chamado mano a mano. A jabuticaba tricolor com toque colombiano parece estar mais próxima de fazer carreira internacional por seu país.
Cano e Arias devem muito a Fernando Diniz. Que também passa pelo processo inevitável de amadurecimento, aos 48 anos. Chegou a seu primeiro título importante com uma camisa histórica depois de 14 anos de carreira e 14 equipes distintas.
Pelo Flu, o treinador, que é uma das mais profícuas teses de resenha de futebol no Brasil, tem potencializado sua principal qualidade: trabalhar pelo desenvolvimento total de cada atleta como esportista e como indivíduo. Escrevi sobre isso em dezembro de 2023.
Acho ainda precipitado se falar em Diniz na Seleção Brasileira principal. Mas vejo o treinador como um profissional que seria ideal para coordenar as categorias de base da CBF, uma espécie de Diretor Técnico de todas as seleções menores, na formação.
Ah, para quem acha que a Taça Guanabara e os estaduais valem pouco, puxo um dado da memória afetiva de quem aprendeu a amar o futebol na época de ouro dos estaduais. Em 1975, o grande Roberto Rivellino conquistou seu primeiro título como jogador de clube. Foi a Taça Guanabara. Ele, que já era campeão do mundo com o Brasil, festejou alucinadamente.
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