Venezuela faz o que Argentina não fez
Num post anterior comentei o fracasso da Argentina no Sul-Americano sub-20 2023 - perdeu as duas primeiras, precisava vencer as duas últimas mas perdeu da Colômbia e está fora do Hexagonal final e, portanto, da Copa do Mundo da categoria este ano. No dia seguinte, comentei o jogo entre Venezuela e Chile - os chilenos dependendo de um empate, e até se perdessem poderiam entrar se o Uruguai vencesse o Equador e este perdesse no saldo. Os "Vinotintos" venezuelanos, a exemplo dos argentinos, haviam perdido as duas primeiras e precisavam vencer as duas últimas - se perdessem do Chile nem haveria negociação de saldo com o Equador, a Venezuela só avançaria com um empate, e se o Equador fosse goleado. Resultado dessa matemática: Equador e Uruguai empataram e se garantiram. E a terceira vaga do Grupo B ficou com esta incrível Venezuela, que bateu o Chile por 1 a 0, e ensinou a Argentina como se ressurge das cinzas.
O ponto fora da curva desse grupo havia sido a inacreditável vitória da Bolívia sobre a Venezuela na primeira rodada. Porque, sem qualquer sombra de "gatomestrice", e apostava todas as fichas na classificação de Uruguai (o melhor time do grupo), Equador (o atual campeão) e Venezuela - por ter mais time do que Chile e Bolívia, e por ter, com a mesma base, chegado à final do tradicional Torneio de Toulon em 2022 (perdeu de virada da anfitriã França, normal, tendo aberto o placar com gol de Segovia, depois contratado pela Sampdoria italiana). Mas aquela derrota para a Bolívia fez o time chegar à última rodada com a corda no pescoço.
O primeiro tempo foi tenso e com poucas chances, com Chile e Venezuela com medo de levar gols - especialmente os chilenos, que queriam o empate, sabiam que não tinham capacidade criativa para virar um jogo. As melhores opções eram os rápidos Peña (pela Venezuela) e Guajardo (pelo Chile). Mas nem um nem outro conseguiu fazer os goleiros rivais trabalharem.
Mas no segundo tempo a sorte ajudou os mais capazes. Logo aos 2 minutos, o lateral Salazar tentou impedir um chute, estava com as mãos para trás, mas desequilibrou-se e caiu com as duas mãos em cima da bola. Nem ele discutiu a marcação do pênalti. Alcócer (que fizera também de pênalti o 1 a 0 sobre o Equador) mandou uma pancada e fez o gol venezuelano. Aliás, se todos batessem pênalti com a mesma força, o número de cobranças desperdiçadas seria bem menor. Dali até o fim do jogo foi o esperado: Chile lutando mas incapaz de criar, e a Venezuela buscando o contra-ataque e desperdiçando chances de resolver de vez o jogo.
O Hexagonal é outra competição, vale o título mas o que importa mesmo é terminar no G-4 para ir ao Mundial da Indonésia. Pelo que todos fizeram até aqui, os favoritos destacados são Brasil, Uruguai e Colômbia. Coloco o Paraguai como favorito para a quarta vaga. O Equador não mantem a qualidade do título de 2023. E a Venezuela entra com zero de pressão, nada tem a perder, e chega com a confiança da Fênix. É bom ficar de olho nela...
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