Falhas defensivas, falta de homem-gol e pouca intensidade: o que levou à queda de Tonet no Altos
Fernando Tonet tem história com o Altos. Foi com ele que o time conseguiu o acesso para a Série C do Campeonato Brasileiro na temporada 2023. O próprio Tonet foi recontratado para nova passagem em 2022, quando o Jacaré lutava contra o rebaixamento na metade da Terceira Divisão, reagiu e escapou da degola.
Mas história não segura um treinador por muito tempo se o presente não corresponde. E foi isso que aconteceu em 2023. Terceiro colocado no Campeonato Piauiense, e sem vencer nenhuma partida contra adversários do G-4, a diretoria altoense decidiu seguir com outro treinador. Mas fica a pergunta: o que deu errado? É o que vamos tentar responder em alguns tópicos abaixo.
1 de 4 Fernando Tonet, treinador do Altos. O que faltou? — Foto: Julio Costa/geFernando Tonet, treinador do Altos. O que faltou? — Foto: Julio Costa/ge
Tonet continuou no Altos de uma temporada para outra, mas não com o mesmo elenco. Precisando reduzir à folha salarial para caber em um orçamento mais enxuto, o time passou por uma grande reformulação. Dos jogadores que mais atuaram como titulares em 2022, apenas dois ficaram: o zagueiro Lucas Souza, que ainda não estrou no Piauiense por conta de lesão; e o meia Dieguinho, que saiu mas foi recontratado logo após o início do estadual. Ray, Netinho e Dos Santos permaneceram no grupo, mas eram reservas e pouco foram utilizados.
2 de 4 Elenco do Altos passou por grande reformulação — Foto: Pablo Cavalcante/geElenco do Altos passou por grande reformulação — Foto: Pablo Cavalcante/ge
Até o momento, o novo esquadrão altoense não tem feito brilhar os olhos da torcida. Até mesmo Dieguinho não conseguiu ainda repetir as atuações que o fizeram uma das principais peças do time da Série C do Brasileiro.
Não dá para dizer que o sistema defensivo do Altos é exatamente ruim. Afinal, são apenas cinco gols sofridos em seis jogos, segunda melhor defesa do estadual, atrás apenas do 4 de Julho. No entanto, a forma como muitos gols saíram e outros mais poderiam ter acontecido em cima de falhas individuais ou coletivas mostram que detalhes podem ser cruciais.
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Contra o River-PI, o segundo gol surgiu em uma bola perdida na intermediária. No terceiro gol, Maicon entrou na área livre para receber cruzamento da esquerda e encobrir de cabeça. Contra o Fluminense-PI, na última rodada, os dois gols de Mateusão também eram evitáveis.
No primeiro gol, Pio acertou uma bomba de fora da área, que poderia ter sido espalmada em direção à linha lateral. No entanto, a bola foi solta nos pés do centroavante do Vaqueiro. No segundo gol, o mesmo atacante recebeu na entrada da área e girou muito facilmente em cima do marcador, convertendo um bonito chute cruzado.
E poderia ter sido mais. No primeiro tempo, Mateusão recebeu livre dentro da área de cara para Lucas Ferreira, mas desperdiçou a chance chutando fraco e em cima do goleiro altoense. Nos minutos finais, Nathan foi lançado em profundidade e avançou livre em direção ao gol, novamente parando nas mãos do goleiro, que saiu debaixo da trave para evitar um placar mais elástico. São falhas que tem custado pontos preciosos ao Jacaré.
O vice-artilheiro do Campeonato Piauiense é do Altos. Yan é a contratação ofensiva que mais rendeu até aqui, não só pelos três gols marcados, mas por ser um dos que mais incomoda as defesas adversárias, com velocidade, dribles e finalizações. Mikael, outro atacante de lado, embora não tão incisivamente como Yan, também incomoda e marcou duas vezes no estadual. Mas o time tem sentido falta de uma referência ofensiva, um centroavante, homem-gol, que esteja ali para receber e converter as chances criadas.
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Joel foi contratado com esse objetivo, mas não correspondeu. O atacante inclusive rescindiu com o Jacaré e foi para o futebol do Tocantins. O clube trouxe Joelson, que já foi importante para o time em temporadas passadas, mas está com 34 anos e vem em queda de desempenho, além de ter passado 2022 parado. Dieguinho, que entrou no lugar de Joel no time titular, ainda não balançou as redes.
3 de 4 Joélson, atacante Altos — Foto: reprodução/AltosJoélson, atacante Altos — Foto: reprodução/Altos
Contra o Fluminense-PI, a derrota veio nos minutos finais do segundo tempo, em um jogo que o Altos atacou muito mais que o adversário, que jogava em casa. Contra o 4 de Julho, na rodada anterior, o Jacaré pressionou nos primeiros 20 minutos, criou ótimas chances, e depois viu o time de Piripiri igualar as coisas dentro de campo e ameaçar uma vitória.
Contra o Comercial-PI, o resultado foi construído com dois gols nos primeiros 15 minutos de jogo. Depois disso, além do pênalti defendido por Lucas Ferreira no segundo tempo, os minutos restantes foram meramente protocolares, sem grandes emoções.
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Esta situação mostra dois problemas do Jacaré. O primeiro é a falta de intensidade, logo que o desempenho da equipe sempre cai conforme o jogo avança. O cansaço é normal, mas não conseguir manter o nível pelos 90 minutos de jogo, ou pelo menos a maior parte deles, costuma custar caro no futebol moderno. O outro é a falta de objetividade, relacionado também à falta do atacante referência. O Altos de Tonet criava chances, tinha triangulações, quebrava linhas do adversário... mas não resolvia a partida. E assim, os resultados não vieram.
Jerson Testoni chega para o lugar de Tonet neste sábado. O treinador, com passagem de sucesso pelo Brusque, de Santa Catarina, tentará fazer o Jacaré render mais do que vinha rendendo. Com folga na próxima rodada, terá uma semana cheia para conhecer as peças do elenco e tentar resolver o quebra-cabeça para extrair o máximo delas. Se conseguirá, é algo que o tempo irá dizer.
4 de 4 Jerson Testoni é o novo técnico do Altos, após passagem pelo Joinville — Foto: Thiago Borges – assessoria de imprensa JECJerson Testoni é o novo técnico do Altos, após passagem pelo Joinville — Foto: Thiago Borges – assessoria de imprensa JEC
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