Odair explica como quer ver Santos e admite baque após lesão de Soteldo: "Ele desequilibra"
Odair Hellmann chegou ao Santos no fim de 2022. Participou de toda a pré-temporada para 2023 e já comandou o time em dez partidas (três vitórias, quatro empates e três derrotas). Com pouco mais de dois meses de trabalho, já tem diagnósticos da sua equipe: entende os problemas e corre atrás de soluções.
Entre os problemas estão lesões que obrigaram Odair Hellmann a mudar o time titular mais do que gostaria – não só as peças, mas as características. Soteldo, por exemplo, lesionou o ombro, passou por cirurgia e ficará mais um longo período sem atuar. Sandry teve fraturas no rosto e também não está mais à disposição.
– Vou te dar um exemplo. O Soteldo é um jogador de velocidade e de drible curto. Temos jogador de velocidade no elenco? Temos. Temos jogador de drible curto como o Soteldo? Não tem. Então, perder o Soteldo mexe na característica do time. Ele desequilibra uma marcação, uma defesa bem montada, porque gera dobra de marcação, cobertura. E aí abre espaço para outros jogadores.
– Quando perde ele e não substitui pelas mesmas características, o time adversário talvez não precise dobrar marcação, ter uma cobertura tão forte daquele lado. E aí desencadeia outros movimentos coletivos. Às vezes, times campeões se moldam dentro da competição – disse o treinador, em entrevista ao 💥️ge em Brasília, antes do jogo contra o Ceilândia, nesta quinta, pela estreia no torneio.
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Odair Hellmann na chegada do Santos a Brasília — Foto: Bruno Giufrida
A lista de jogadores fora de combate, que ainda tem Alex e Carabajal, já teve também Rodrigo Fernández, Vinicius Zanocelo, Maicon, Felipe Jonatan, Dodi, Ed Carlos e Miguelito. Os desfalques impedem que Odair coloque em prática suas principais ideias, mas o técnico já tem o diagnóstico de como o Santos se comporta melhor dentro de campo.
– Eu sou um treinador que se adapta às características que tem. O Santos, por característica, tinha jogadores de velocidade e mais diretos. Não é que eu ou eles não queiram ter a bola. É que a característica deles é terminar a jogada mais rapidamente, ou com transição rápida, dois ou três toques na bola, um drible e definição. É a característica da maioria dos atacantes.
– A característica dos meias e dos atacantes do Santos é de jogadas verticais. Você chegar aqui e transformar isso num jogo apoiado, de posse, vai até contra as características dos jogadores. A busca num primeiro momento era ter um time equilibrado em termos de marcação, que tivesse a tomada de decisão correta na hora de ter a bola, de ter a posse, para usar o jogo vertical no momento certo. E, claro, ter uma transição forte. Mas para apostar num jogo mais trabalhado, de posse, precisa de tempo e característica – explicou Odair.
Para justificar a maneira como quer que o Santos jogue e a quase impossibilidade de mudar características do elenco em meio ao calendário de jogos, Odair Hellmann citou trabalhos passados.
– O Inter de 2018 tinha Damião, Nico López e Pottker. O meia era Rodrigo Dourado, Edenílson e Patrick. Era um meio muito forte na marcação, na transição e também sabia jogar. O Edenílson e o Rodrigo têm o jogo mais apoiado, de posse. O Patrick gostava mais do espaço. Como potencializar essa ideia de jogo?
– O Damião não gosta de ficar com a bola. O Nico quer pegar a bola para finalizar depois de três segundos, não quer balançar o adversário, virar o jogo para o lateral. Dentro da ideias, das características dos jogadores, fizemos um time muito vertical, rápido e buscando espaço nessa transição – relembrou Odair Hellmann, que comandou o Inter na campanha do terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de 2018.
2 de 2 Odair conversa com jogadores do Santos — Foto: Raul Barletta / Divulgação Santos FCOdair conversa com jogadores do Santos — Foto: Raul Barletta / Divulgação Santos FC
No Santos, o treinador também tem jogadores, principalmente no ataque, que potencializam o jogo rápido, de transição. Ângelo, Marcos Leonardo, Mendoza, Soteldo, Lucas Braga, Lucas Barbosa... Todos gostam de jogadas individuais e não costumam "segurar" a bola.
O que preocupa Odair Hellmann, neste caso, é a dificuldade para que as qualidades de cada um se encaixem. O treinador acredita que nem todo bom time, no papel, consegue se transformar num bom time na prática. Essa tem sido a meta dele no Santos.
– É aquela situação do futebol. Tem o futebol da teoria e o da prática. O futebol de fato. Muitos times às vezes são muito bons no papel, mas não se conectam dentro de campo. Aí pode não se conectar numa fase defensiva, pode não ser tão competitivo ou tão intenso. E aí quando não tem um time com essas características tão competitivas ou intensas, que levam poucos gols, que tem uma capacidade forte de marcação, tem de ser muito incisivas ofensivamente.
– Quantos times dos sonhos já vimos que não encaixaram? No Atlético-MG, voltou o mesmo treinador que havia sido campeão de tudo (Cuca), sobrando no futebol brasileiro, e não conseguiu repetir, porque às vezes não encaixa. E aí você precisa de tempo, de conhecimento dos jogadores, para adaptar as características à ideia de jogo – alegou Odair.
Para conseguir fazer o Santos encaixar, porém, o treinador gostaria de ter menos problemas. A ausência de jogadores-chave tem dificultado na manutenção das características do elenco de uma maneira geral. A lesão de Soteldo é um exemplo.
Odair Hellmann e o Santos voltam a campo nesta quinta-feira contra o Ceilândia, às 20h (de Brasília), pela Copa do Brasil. Se vencer ou empatar no Serejão, em Brasília, o Peixe vai para a próxima fase. Em caso de derrota no jogo único, está eliminado.
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