Análise: discurso de VP e atuação do Flamengo reforçam que diretoria arriscou alto no momento errado

Com o vice da Recopa frente a mais de 71 mil rubro-negros, o Flamengo chegou ao terceiro fracasso em 2023. Pode-se dividir a conta em três partes. 💥️Os jogadores não foram eficientes: converteram apenas uma das 26 finalizações, e o placar de 1 a 0 garantiu no máximo prorrogação e pênaltis. 💥️Vítor Pereira também poderia ter feito substituições mais cedo e não somente aos 27 minutos da etapa final mesmo com um meio-campo que estava todo amarelado e dava sinais de cansaço. 💥Mas a parcela maior, sem dúvidas, é da diretoria, que mexeu no comando técnico às vésperas de um ano que colocaria o 💥Flamengo💥 diante de três decisões num intervalo de 32 dias.

Vitor Pereira foi apresentado como novo treinador do Flamengo no dia 3 de janeiro — Foto: Fred Gomes 2 de 2 Vitor Pereira foi apresentado como novo treinador do Flamengo no dia 3 de janeiro — Foto: Fred Gomes

Vitor Pereira foi apresentado como novo treinador do Flamengo no dia 3 de janeiro — Foto: Fred Gomes

Ainda na mesma resposta, após dizer que se sentia dentro de uma pré-temporada, afirmou considerar que os últimos dois jogos, sim, representam o início de fato do calendário de 2023. Ou seja, 💥️mais uma vez admitiu que ainda precisa de tempo para fazer esse time encaixar.

- Se eu visse que dentro de campo um time que não lutasse, não trabalhasse, não pressionasse e não corresse, eu seria o primeiro a dizer que não estaríamos no caminho certo. E se sentisse que não havia união e alinhamento às ideias que tenho e aos próprios os jogadores, diria o mesmo. Mas sinto exatamente o contrário. Sinto que, para nós, essa temporada começou praticamente no último jogo com o Botafogo. E hoje demos sequência. Pena foi o resultado não traduzir essa sequência.

É bom repetir: Vítor Pereira está longe de ser o principal culpado. De fato seu trabalho está no início. Passaram-se apenas 58 dias desde o primeiro treinamento à final da Recopa Sul-Americana.

Que Vítor Pereira tem culpa também, porém, isso é elementar. Como o próprio disse, sabia da limitação do tempo. E, diante dela, não conseguiu dar uma cara ao Flamengo até então. O time começou os grandes jogos de 2023 mostrando grande falta de consistência defensiva. E isso não se trata de problemas da zaga ou da defesa, mas da forma que a equipe marcava como um todo. Tal dificuldade escancarava buracos entre os setores, sobretudo no meio-campo. 💥️Resultado: da final da Supercopa do Brasil à disputa do terceiro lugar no Mundial, o time sofreu nove gols em três jogos.

A partir dos últimos dois jogos - vale destacar que o Flamengo enfrentou o Botafogo com uma mescla entre reservas e garotos -, a defesa funcionou, e o Rubro-Negro não foi vazado. O rendimento ofensivo, porém, caiu drasticamente. Se no recorte que reúne Palmeiras, Al Hilal e Al Ahly o time marcou também nove gols, diante de Del Valle e Bota foram apenas dois.

Onde entra a culpa de VP exclusivamente contra os equatorianos? Na opinião do autor do texto, talvez valesse mexer mais cedo no meio-campo, que foi para o intervalo com seus três integrantes amarelados. Vidal, aliás, correu risco de ser expulso ainda no primeiro tempo.

Mais do que o fato de estarem pendurados, porém, acentuava-se a queda do trio, cada a um seu tempo. O chileno sentiu o cartão e começou a precipitar passes. Thiago Maia também caiu, e Everton Ribeiro, destaque do time no primeiro tempo, deu claros sinais de cansaço.

Vale lembrar que, apesar da pressão, o Flamengo não apresentou futebol vistoso. Teve muito volume, mas chegou especialmente em cruzamentos. As melhores chances no primeiro tempo vieram em cabeçadas de Pedro, Thiago Maia, Ayrton Lucas e Arrascaeta.

Foram 59 cruzamentos durante o jogo, somando os dois tempos e prorrogação. Número excessivo para uma equipe reconhecidamente técnica. Na etapa final, porém, as duas finalizações que precederam o gol de Arrascaeta, marcado aos 50 minutos, foram em cabeceios de Pedro e David Luiz, o primeiro sem perigo e o segundo com o zagueiro em total liberdade.

Mas o Flamengo foi só chuveirinho? Não. Boas combinações apareceram pelo lado direito, onde Everton Ribeiro dialogava bem com Gabigol e especialmente com Varela. Não foi dessa vez que o uruguaio se destacou, até porque tomou decisões erradas.

O lateral, porém, mostrou-se mais agudo e teve personalidade para finalizar a jogada coletiva mais bonita do Flamengo, aos 51 minutos do primeiro tempo: Vidal fez linda inversão com o pé esquerdo, Pedro fez o pivô com força, dominando no peito e girando para Gabi, que tocou no vazio para o uruguaio bater bonito e parar no contrapé do goleiro Ramírez.

Jogo coletivo à parte, faltou efetividade ao Flamengo. Foram 26 finalizações, e quatro claras foram desperdiçadas, por Pedro, Thiago Maia, Arrascaeta e David Luiz.

Jogadores e treinador estavam com discurso afinado. "O time deles não levou perigo, o nosso jogou muito melhor e criou muito mais" era o que diziam, mas é preciso insistir: 💥faltou matar o jogo. E ainda falta repertório.

Há também casos individuais surpreendentes. Arrascaeta, um dos maiores jogadores da história do Flamengo e protagonista nos principais títulos, fez um de seus piores jogos com a camisa do clube. Mesmo com o gol marcado. Errou 21 passes de 49 tentados no total, mas chegou a terminar o primeiro tempo com apenas 9 acertos dentro de 21 tentativas. Perdeu gol feito. E perdeu o pênalti que acabou sendo decisivo para o título do Del Valle. É verdade que sentiu cãibras antes de batê-lo. Mas bateu e perdeu.

Claro que não foi só Arrascaeta. Pedro, longe de suas condições ideais, foi discretíssimo. Gabigol mexeu-se muito, deu bons passes e conseguiu bela inversão de bola para Cebolinha dar assistência à Arrascaeta, mas também errou bastante, especialmente nos cruzamentos. Precipitou algumas jogadas na ânsia de defini-las. Como líder, gritou, gesticulou e catimbou bastante no pênalti derradeiro. Dessa vez não teve sucesso.

Parcelas divididas por mais uma derrota traumática, também é preciso fazer elogios. Ayrton Lucas mais uma vez manteve o ótimo nível. A zaga funcionou bem novamente e não deu qualquer espaço ao Independiente Del Valle. Fabrício Bruno mais uma vez mostrou grande poder de recuperação para cobrir espaços com sua velocidade em momentos que o Flamengo era contra-atacado. David Luiz, por sua vez, foi preciso nos duelos individuais.

Thiago Maia teve de se adaptar à função de jogar um pouco mais recuado, porém ajudou os dois zagueiros no combate e desarmou bastante.

Já alguns reservas merecem elogios. Matheus Gonçalves, com apenas 17 anos, fez um salseiro danado e iniciou a jogada do gol. Finalizou com perigo, pediu a bola incessantemente e garantiu que pode ser uma das primeiras opções para mudar jogos. Everton Cebolinha até começou timidamente, mas conseguiu bela assistência e distribuiu dribles na prorrogação. Gerson ainda não mostrou o brilho que o transformou em ídolo em 2023, mas, mesmo longe de estar 100% fisicamente, ajudou a empurrar o Del Valle para o campo de defesa.

Marinho teve mais uma vez atuar fora de posição, como lateral-esquerdo, mas não fez bico e buscou o fundo com constância. Não é a sua, mas mostrou preocupação com o coletivo e reforçou o desejo de ficar.

Vítor Pereira e jogadores, pelo que a reportagem apurou, de fato buscam cada vez mais a união para rechaçar esse momento de insucessos recorrentes. Há insatisfações como em todo grupo, mas o objetivo maior de retomar o bom futebol e reconquistar grandes vitórias é a urgência de momento.

Apoiado pelos pupilos, VP mostra confiança no futuro do Flamengo. Admite que o início de trabalho não é o ideal, mas vê sinais de mudanças.

- E relembrar que é um trabalho que nem dois meses tem. Está no início. Não é como começa, é como acaba. Acredito que esta equipe vai dar muitas alegrias aos adeptos. Vai jogar um futebol consistente, de qualidade e agressivo. Estamos alinhados com o sentimento da torcida. É um dia triste, estamos frustrados.

- Naturalmente não deveríamos ter começado dessa forma, deveríamos ter começado com títulos, mas ao mesmo tempo é um trabalho que está muito no início. Os dois últimos jogos e o jogo de hoje deram sinais claros. Sinais claros de um grupo que está unido, que quer jogar um futebol agressivo e de qualidade. E um grupo que está alinhado. Estão todos alinhados, basta olhar para os dois últimos jogos.

Se os sinais de mudança de atitude estão claros para Vítor Pereira e seus jogadores, falta a eles sinalizarem com clareza o caminho para o reencontro de um futebol confiável, consistente e insinuante. Os discursos foram expostos, jogadores e técnico não se omitiram após o fracassos recentes, mas é preciso responder com resultados, bola na rede e grandes títulos.

No próximo domingo, às 18h10min, no Maracanã, o primeiro troféu pode ser garantido. Ainda é muito pequeno e incapaz de diminuir a frustração pelas derrotas recentes, mas a possível conquista da Taça Guanabara sobre o arquirrival Vasco com uma eventual vitória consistente pode começar a atenuar o turbulento início de 2023.

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