Presidente da Caixa quer deixar como legado incentivo ao microcrédito
Valter Campanato/Agência Brasil
Recém-empossado, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse hoje (7) que pretende deixar como “legado” de sua passagem pelo comando da instituição o desenvolvimento de iniciativas de microcrédito. Segundo ele, as pessoas de baixa renda que querem obter empréstimos esbarram em taxas de juros de mais de 10%.
“Por que não temos bancos emprestando para pessoas carentes a 2% [de taxa de juros]? Por que não podemos construir uma operação de 30 milhões de pessoas?”, disse Guimarães, em referência a experiências nesta área em outros países, como Bangladesh. Segundo ele, neste país há um programa específico para baixa renda e que reúne 28 milhões de clientes.
O novo titular da Caixa apontou como referência de microcrédito no país o Banco do Nordeste (BNB) e informou que está em diálogo com a instituição. Ele afirmou que o programa de microcrédito “não pode passar por agências” e tem que ser organizado em medidas com aplicação de “muita tecnologia”.
Metas
Guimarães disse que está entre as prioridades na sua gestão ampliar a atuação no mercado imobiliário. Uma das metas é ir além dos 60 mil imóveis financiados pela instituição financeira. Segundo ele, o foco da Caixa não será o financiamento de grandes empresas, complementou.
O ministro da economia, Paulo Guedes, informou que serão feitas avaliações nos investimentos realizados pelo banco, citando como exemplo concreto o Fundo de Investimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), cujos recursos teriam sido direcionados para onde não deviam.
O economista, com carreira no mercado financeiro, defendeu maior investimento em microcrédito e a abertura de capital ao setor privado de companhias subsidiárias, além de indicar outras metas de sua gestão.
Quinta maior instituição bancária do mundo, a Caixa Econômica possui mais de 93 milhões de clientes, é responsável por diversas operações envolvendo o Executivo Federal, como a gestão das contas do FGTS, da Previdência Social e de outros benefícios, como Bolsa Família, assim como é responsável pela promoção de financiamentos na área imobiliária, por meio de financiamentos e via programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida.
Abertura de capital
Outro ponto destacado por Pedro Guimarães foi a abertura de capital ao setor privado. Ele justificou o fato pela necessidade de devolver ao Tesouro Nacional R$ 40 bilhões repassados pelo governo federal ao banco sem vencimento para capitalização. “Vamos abrir o capital de subsidiárias e pagar o Tesouro”, disse. Ele citou entre essas companhias a Caixa Loterias, Caixa Seguridade e Caixa cartões.
Guimarães defendeu a abertura de capital dessas empresas como parte de uma estratégia de ampliar o número de brasileiros acionários de empresas, índice considerado baixo pelo economista. Paulo Guedes afirmou que com abertura de capital o banco pode se capitalizar e se concentrar em sua missão.
Em paralelo, o novo presidente anunciou que haverá um esforço grande de contenção de gastos, em áreas como compras e patrocínio. Atualmente, a Caixa detém 13 mil lotéricas e mais de 4 mil agências. Guimarães indicou que haverá um direcionamento de atendimento de comunidades carentes, mencionando a atuação das agências-barco na Região Norte.
Infraestrutura
O presidente da Caixa disse que os financiamentos na área de infraestrutura serão avaliados levando em consideração os benefícios à sociedade e a rentabilidade para o banco. Citou como exemplo de novas frentes a iluminação pública.
“Há possibilidade de fazer iluminação pública em 400, 500 cidades”, disse Guimarães, acrescentando que essas estruturas contribuem para melhorar a segurança pública. E citou como outros focos as obras de saneamento e de energias renováveis.
Governança
Guimarães e Guedes ressaltaram também que a nova gestão tem como meta implantar ações na área de governança corporativa e administração. Informou que serão realizados cursos para seis mil dirigentes – como gerentes e superintendentes – com orientações do Tribunal de Contas da União.
O ministro da economia colocou que a intenção é “trabalhar junto” com TCU e Ministério Público no monitoramento de problemas, como irregularidades.
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