Sidnei Nehme: Correlação entre fatos políticos e preços dos ativos nem sempre é coerente, mas…
💥️Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO
Num ambiente em que os fundamentos se distanciam da realidade e se revelam fragilizados e absolutamente frágeis tudo é possível.
“Picuinhas” políticas ou especificamente entre políticos com seus egos afetados e inflados por carência de importância são suficientes para justificar mutações no preço do dólar ou no comportamento da Bovespa, e, desta forma, o principal passa a ser secundário e vice versa, e transparece que tudo caminha “pisando sobre ovos” e com “sensibilidades à flor da pele”, construindo um cenário obscuro, amplamente obscuro.
E, por fim, ao final a culpa é do…
Parece que falta maturidade suficiente para o novo agrupamento político, ainda que com integrantes já antigos, e este fato cria um ambiente nefasto e que se perde e assim perde o foco no que é mais importante.
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Num contexto em que o razoável deveria ser a manutenção da “sensatez e observação” o mercado financeiro, por seus agentes, imprime volatilidade absolutamente de oportunidade sob as mais diversas e confusas justificativas, que duram horas ou pelo menos um dia, até que voltem a se configurar insustentáveis.
Todos sabem que a Reforma da Previdência é fundamental para o necessário alinhamento do país e adequação de sua relevante crise fiscal, e que somente com a sua efetivação será possível vislumbrar um novo tempo com retomada da atividade econômica e desenvolvimento sustentável.
Há pleitos de todas as naturezas, tais como geração de empregos, elevação da renda e consumo, etc…, mas há o primarismo intencional ou não de exigir-se isto sem observância da necessária cronologia de eventos, ignorando que para que isto ocorra será absolutamente imprescindível que ocorram investimentos, produtividade e intensificação da atividade econômica que está muito aquém do minimamente necessário.
Ao trocar o principal pelo secundário há a absoluta ignorância sobre a ordem das coisas e se torna perceptível que há anseios, mas não há foco e nem ordenamento do que é lógico e que tem um rito a ser observado.
Então, o país fica à mercê de movimentos voláteis e especulativos na formação do preço do dólar no seu mercado de câmbio, forjados a partir de visões em perspectivas absolutamente improváveis e num amontoado de factoides que são turbinados como fatos para criar e fomentar perspectivas negativas.
Sabidamente, como já repetimos inúmeras vezes, o Brasil não tem problemas nas contas externas, têm déficit em transações corrente absolutamente equilibrado e reservas cambiais que o deixam na situação de que “são grandes demais para o país ter o risco de quebrar no câmbio”.
O preço atual do dólar está seguramente em torno de 2,5% acima do seu ponto de equilíbrio. Apostar no dólar contra o real é operação de elevadíssimo risco no momento, e no nosso entendimento este movimento especulativo é pontual no mercado de dólar futuro.
Nosso risco está na Dívida Interna que é absolutamente carente da Reforma da Previdência por atingir parâmetros extremamente preocupantes e que pode pressionar diretamente a taxa de juros, mas não em linha direta a de câmbio.
Por outro lado, ocorre volatilidade na BOVESPA em níveis absolutamente atípicos, visto que sabidamente se sabe que ainda não há perspectiva sustentável para o Índice se sustentar acima de 100 mil pontos, porém sendo compatível com o momento estar na proximidade dos 100 mil pontos, até porque, a rigor, os preços de grande parte das ações são considerados baixos, mas a incapacidade de alta sustentável impacta no apetite ao risco a inanição da atividade econômica e a ausência dos investidores estrangeiros.
Então há uma variação especulativa mutante que sugere oportunidade para operações de “day trade”.
Embora seja notório o grau de tensões e desencontros que vem ocorrendo confrontando interesses de grandes economias no cenário global, e, também desencontros dentro das próprias grandes economias, com impactos preocupantes sobre o crescimento global, é preciso entender que neste momento o Brasil não é protagonista, sendo um país com perspectiva binária quanto a retomada da atividade econômica, embora haja um viés de otimismo e uma recente melhora da articulação política por parte do Governo.
O país está subjugado aos imbróglios do contexto político, mas é imperativo que o mercado financeiro demonstre maturidade e não repercuta “o nada”, “o inconcebível”, e seja o mediador sensato deste momento, pois se o avanço da Reforma da Previdência naufragar naufragará o país.
Neste momento, naturalmente o Boletim FOCUS persistirá em enunciar projeções, mas, a rigor, são bastante vulneráveis e carentes de credibilidade, pois se houver maior retardamento da aprovação da Reforma da Previdência poderá ocorrer o descontrole de alguns indicadores que ainda se mantém equilibrados.
É preciso mitigar os “blefes” na política e no mercado financeiro, e haver um choque de seriedade absolutamente necessário neste momento para o país.
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