Tesouro Direto tem vencimento de R$ 9 bilhões na quarta; o que fazer com a grana?

Investidores podem aproveitar novas oportunidades de investimentos disponíveis no mercado

💥️Por Angelo Pavini da Arena do Pavini

O 💥️Tesouro Direto terá na quarta-feira (15) um vencimento de R$ 9 bilhões em Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), hoje conhecidas como Tesouro IPCA+.

São papéis cujo principal aplicado é corrigido pela inflação do IPCA, e que recebem também uma taxa de juros reais prefixada. Este será o maior pagamento da história do Tesouro Direto e jogará uma quantidade significativa de recursos nas mãos de 122 mil investidores pessoas físicas.

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Por isso, o vencimento despertou o interesse de bancos, corretoras e gestores de recursos. Todos estão atrás de uma fatia desse dinheiro, inclusive o próprio Tesouro Direto. Muitos estão enviando mensagens para seus clientes, sugerindo alternativas para o investidor, que deve pensar um pouco antes de decidir.

Limite maior para facilitar renovação

Já o Tesouro Direto ampliou o limite de compras, de R$ 1 milhão por mês. Até o fim de maio, a esse limite, será acrescido o valor de papéis que estão vencendo. Assim, o investidor poderá comprar R$ 1 milhão e mais todo o valor que vence neste mês. É uma forma do Tesouro incentivar a renovação dos papéis.

Por ter a proteção da inflação, esses papéis têm prazos mais longos, chegando até 2050. Há dois tipos de papéis, os que pagam juros semestrais, chamados IPCA+ Juro Semestral, ou no final apenas, os IPCA+, caso dos que vencem na quarta-feira.

Desde sua emissão em janeiro de 2013 até sua retirada do rol de títulos para investimento no Tesouro Direto em fevereiro de 2017, os juros desse papel variaram de 2,88% ao ano até 8,03% ao ano.

Hoje, as NTN-B mais longas sem juros semestrais, com vencimento em 2035 e 2045, pagavam IPCA mais 4,30% ao ano e as mais curtas, para 2024, 3,96%. Os papéis com juros semestrais pagavam 4,01% para o vencimento 2026 e 4,33% para 2050.

Uma parte desses recursos deve voltar para os papéis públicos, acredita Diego Link, gerente do Tesouro Direto. Ele não arrisca, porém, um percentual de renovação, para aposta no sucesso que o sistema vem fazendo.

Hoje, o sistema já tem 1 milhão de usuários e deve superar a meta de 1,350 milhão este ano.

Fundos de Debêntures

Uma alternativa para esse dinheiro são os fundos de debêntures incentivadas, afirma Alexandre Bueno do Prado, sócio do escritório de agentes autônomos RJ Investimentos, ligado à XP Investimentos.

“Há um bom número desses fundos no mercado que contam com isenção de imposto de renda e com taxas de administração atrativas, em torno de 0,5% ao ano”, afirma. Além disso, como aplicam em vários títulos de várias empresas, esses fundos reduzem o risco do investidor de menor porte, que não conseguiria comprar tantos papéis diferentes com o valor mínimo de aplicação dessas carteiras.

Segundo Prado, os fundos de debentures incentivadas estão captando bastante no segmento pessoas físicas. Alguns deles têm hedge, como o Sparta Debentures Incentivada e o Iridium Pionner, ambos fechados para captação. Há ainda outras opções sem hedge, como o CA Debêntures Incentivadas e ARX Elbrus, abertos para captação. Ambos têm carência de resgate de 31 dias após o pedido.

Esse é um fator que o investidor deve levar em conta, a carência do fundo, o que significa que os recursos têm de ser de longo prazo, como a aplicação. A aplicação mínima é de R$ 1 mil no CA e R$ 3 mil no ARX.

Incerteza beneficia papel com IPCA

O cenário para o Brasil tem alguma incerteza, o que torna o investimento em papéis corrigidos pela inflação mais indicado, afirma Fernando Meibak, sócio da consultoria Sunrise Investimentos, lembrando que os juros reais acima do IPCA estão muito elevados.

O ideal seria investir em títulos isentos de imposto de renda, como Certificados de Recebiveis do Agronegócio (CRAs) ou imobiliários (CRIs), preferencialmente.

Como segunda alternativa, Meibak indica fundos de debêntures incentivadas, que têm liquidez de curto prazo (30 a 45 dias), são isentos de imposto de renda e não têm come-cotas.

“Há fundos bons, de gestores muito competentes”, afirma. A terceira alternativa seria fundos imobiliários. “Há bons fundos com retornos mensais na casa de 0,6% ao mês líquidos de imposto”, diz.

Tesouro Direto ainda atrativo

Já a Levante Ideias de Investimento faz um alerta importante para o investidor na hora de sua escolha: a maioria dos bancos e corretoras zerou a taxa cobrada para investimentos no Tesouro Direto.

Em outras palavras, agora que não contam mais com o ganho com os títulos públicos, estão interessados em fazer com que você mude a sua aplicação para uma outra opção que lhes rendam ao menos alguma taxa – que você nem pode perceber a princípio.

Por isso, em meio a tantas armadilhas do mercado financeiro, a Levante acredita que os estresses dos últimos dias ajudaram a deixar as taxas de juros dos atuais títulos oferecidos pelo Tesouro Direto em um ponto interessante para compra. A consultoria gosto muito dos papéis Tesouro IPCA+, em especial aqueles com vencimento em 2035 e 2045.

Mas nada de aguardar o vencimento de cada papel dessa vez, sugere a Levante. A ideia é comprar agora e vender em um momento oportuno, em que você terá não apenas o rendimento prometido, mas também um retorno extra em função das expectativas de juros futuros. Esta venda antecipada é chamada de gestão ativa e pode trazer ainda mais ganhos.

Ações ou NTN-B curtas

Martin Iglesias, especialista em Investimentos do Itaú Unibanco, vê duas formas de o investidor decidir sobre o que fazer com o dinheiro das NTN-Bs. A primeira é se ele quer continuar em renda fixa indexada à inflação. A segunda, se ele está disposto a escolher a melhor opção hoje de mercado.

No primeiro caso, de o investidor querer continuar na renda fixa protegido pela inflação, a sugestão de Iglesias é continuar com as NTN-B, mas optando por prazos mais curtos, como 2024 no Tesouro Direto ou 2022 pela Tesouraria do próprio Itaú.

“O risco desses papéis é menor e eles se beneficiam mais do IPCA, que está vindo mais forte nesta janela de tempo mais curto”, explica. Quanto maior o prazo dos títulos, maior o impacto da flutuação dos juros e o risco para o investidor. As NTN-B 2024 pagavam hoje 3,96% ao ano mais IPCA.

COEs de renda fixa

Outra alternativa em renda fixa são os certificados de operações estruturadas. O Itaú está oferecendo um de curto prazo, 180 dias, que depende da variação diária do CDI. Se o indexador ficar abaixo de 6,30%, o COE pagará 13% de juros. Já se o CDI ficar abaixo, o investidor leva o capital protegido.

“A ideia é que vai haver corte nos juros básicos, hoje de 6,5% ao ano, pois a atividade econômica está fraca, como mostram os indicadores, e isso deve levar a uma redução nos juros”, diz Iglesias. A projeção do Itaú é o juro básico fechar o ano em 5,75% ao ano.

Bolsa é boa, mas com rede de proteção

Já se o investidor não está preso à renda fixa, a recomendação de Iglesias inclui outras classes de ativos. E a principal classe hoje é a renda variável, mais especificamente a bolsa de valores local.

Assim, ainda com a visão de que o investidor está saindo da renda fixa, a primeira sugestão são as aplicações com proteção de capital. Entre elas, Iglesias cita um fundo de capital protegido que ficará aberto até dia 17 de maio, e que investirá em cinco ações, Cirela, Multiplan, Rumo, Localiza e Kroton.

O fundo pagará 100% da alta desses papéis desde que eles não ultrapassem um ganho em torno de 30% no vencimento do fundo, em junho de 2023. Se o ganho ultrapassar o limite, o investidor recebe uma taxa prefixada, um pouco melhor que a atual.

E, se as ações caírem, o investidor recebe o capital protegido. Iglesias explica que os detalhes das taxas só serão definidas no fechamento do fundo, dia 17.

Outra opção em bolsa é o COE Ibovespa Plus. Nele, se a bolsa cair, o investidor tem proteção e, se o índice subir até 40%, ganha a variação do indicador. Já se o índice superar 40% de alta em qualquer dia da duração do COE, o investidor recebe uma taxa prefixada de 6,90% ao ano, ainda acima do juro básico Selic.

Para os de coração mais forte

Para os de coração mais forte, Iglesias diz que há a alternativa dos fundos de ações puros, como o Fundo Itaú Ações Dunanis, que busca oportunidades em ações nacionais, mas que é gerido por duas equipes, uma em São Paulo e outra em Nova York.

Outra alternativa são os fundos multimercados, que costumam aplicar um pouco em ações. “Tem investidores que não gostam dos riscos dos fundos de ações, então nós sugerimos os multimercados, que podem aproveitar as oportunidades com maior diversificação também em outros mercados”, explica Iglesias.

Multimercado de mais curto prazo

No caso dos multimercados, a sugestão do especialista é o Itaú Seleção Multifundos, um fundo de fundos que seleciona os melhores gestores dentro da estratégia de trading, ou giro de curto prazo.

Esse tipo de gestão, acredita Iglesias, deve ter melhor desempenho que os fundos macro, com apostas de longo prazo, diante da instabilidade dos mercados.

“Resumindo, nossa visão é de que a taxa Selic está perto de novos cortes, os prefixados vieram reduzindo seus juros e mais gente está incorporando cortes de juros em suas estimativas, e isso tende a melhorar o ambiente para bolsa, que acreditamos que é o melhor caminho, especialmente depois da aprovação da reforma da Previdência”, explica Iglesias.

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