Gabriel Casonato: Há solução para a guerra comercial?
Caro leitor,
Donald Trump passou o fim de semana tuitando sobre a China.
Na noite de domingo, a sensação era de que ele não pretende mais fazer o menor esforço para tentar um acordo… Quer guerra!
E foi esse clima de tensão que os mercados acabaram refletindo na véspera, depois de apostarem em uma trégua na sexta-feira (10).
“Pior do que um mau acordo seria não ter acordo nenhum”, escreveu o Financial Times, acreditando que EUA e China estão à beira de uma guerra comercial.
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A verdade é que o presidente americano está irado com o suposto recuo dos chineses em alguns pontos previamente acordados. No último de seus posts sobre o assunto no domingo, deu um jeito de enfiar as eleições no meio e disse que a China “ama explorar a América”.
Pequim, que pouco antes havia adotado um tom conciliador, afirmando que a porta da China estaria sempre aberta e que não quer brigar, porque não há vencedores na guerra comercial, endureceu na resposta.
Disse que chineses não vão engolir nenhum fruto amargo que prejudique os seus interesses.
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Mas ainda no domingo à noite, o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, informou que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, devem se reunir na cúpula do G20 no Japão, no final de junho.
Ele, no entanto, também disse que esperava uma retaliação da China à decisão dos EUA de subir de 10% para 25% as tarifas de importação sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, que pode ser estendido para mais US$ 325 bilhões.
(Imagem: Pixabay)
E ela já começou a ser esboçada ontem, com o anúncio de Pequim de que irá aumentar as tarifas sobre US$ 60 bilhões de importações americanas a partir de 1° de junho.
Como alento, os efeitos dos aumentos só começarão a ser sentidos de fato em cerca de três semanas, tempo médio da viagem de navio entre China e EUA. Isso acaba proporcionando uma janela para que os dois países recuem de uma temida guerra comercial, que certamente prejudicaria a economia global.
A esta altura, já está mais do que claro a convicção de Trump de que tem mais cartas para jogar do que os chineses.
O bom ritmo de crescimento da economia, o pleno emprego e um mercado de ações dinâmico alimentam sua crença de que os EUA têm mais capacidade de absorver choques do que a China.
Além disso, o presidente americano acredita que não pode se dar ao luxo de fechar um acordo meia boca com uma eleição pela frente no ano que vem.
Qualquer resolução que não enderece questões cruciais, como propriedade intelectual e manipulação do yuan, deixaria Trump exposto à acusação de ter cedido aos chineses. Em contrapartida, Xi Jinping também tem de lidar com a pressão de uma mentalidade mais nacionalista em sua terra.
Enquanto a maioria dos americanos vê uma China gananciosa determinada a roubar empregos e tecnologia dos EUA…
A maior dos chineses enxerga nos EUA uma superpotência intimidadora tentando impor termos desiguais.
Diante de tamanho impasse, pouca gente ainda espera que os líderes dos dois países acabem chegando a um acordo mais abrangente.
Mas os mais otimistas ainda nutrem esperança de ver algum que ao menos afaste a possibilidade de uma guerra com repercussões catastróficas – economicamente falando.
Ironicamente, contribui neste sentido o sangramento recente do mercado americano de ações, que sofre com a enxurrada de notícias negativas em torno da guerra comercial.
Como sabemos, nunca um presidente americano soube capitalizar tanto os recordes conquistados em Wall Street como Trump.
Para que as ações voltem a subir e ele continue com essa carta na manga, porém, seria bom deixar o ego político de lado e buscar uma solução pragmática para o conflito com a China.
Enquanto isso, fiquemos de olho nas oportunidades que começam a surgir a partir deste grande movimento de queda nos últimos dias.
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