Desafios para o Ethereum: Crescer demais afeta o desempenho futuro?

Para Civitarese, correr o risco no mercado de criptomoedas pode ser vantajoso (Imagem: Pixabay)

💥️Por Jamil Civitarese/ysoke.com

Vamos supor que você é o CEO de uma empresa que domina de maneira monopolística um mercado de carne vegetariana no mundo. Todos tentam imitar seu hambúrguer que, pasmem, inclusive sangra: não conseguem uma massa com sabor comparável, e vem ainda cheia de sódio e nada mais.

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Suas rendas de monopolista são consideráveis, mas você não atinge o principal mercado — quem come carne animal — por questões que vão de preço a, desculpas os vegetarianos, carne animal é mais versátil e tem um sabor que na média consideram melhor.

Nisso, seus cientistas descobrem como criar carne sintética em laboratório e o sabor é igual à melhor carne, sem antibióticos e nada do tipo. Se for produzir esse novo produto, você mata seu produto anterior, que perde seu parco mercado e ganhos de escala, mas entra no mercado tradicional. O que você faria?

A maioria das pessoas escolhe entrar no maior mercado, naturalmente. É o que faz sentido quando o objetivo é crescer. Contudo, se os seus antigos clientes não migrarem e ficarem desapontados?

Vale correr o risco do empreendimento praticamente novo? E se a carne também não for tão boa assim? A decisão fica complicada… Inovar tem dessas coisas, infelizmente. Várias empresas passaram por isso. Kodak com câmeras digitais, HBO com streaming e, para nós investidores em criptomoedas, 💥

Quando se trabalha como desenvolvedor, a gente percebe que criar um software, seja um pacote de machine learning para R e Julia, seja um projeto mais complexo, eventualmente traz um desafio: o futuro. Não sabemos ex-ante tudo que iremos querer fazer no pacote, pode surgir uma nova demanda, um novo teste que você desenvolve enquanto programa, etc.

Há uma necessidade de começar às vezes algumas partes do zero pra adequar esse nova tarefa se sua base não for razoavelmente modular (e mesmo assim é difícil às vezes). O mesmo aconteceu com o Ethereum. Não é vergonha ter esses problemas, porém a complexidade do Ethereum impõe que esses problemas venham acompanhados de perdas materiais que não sabemos ainda como resolver.

A parte interessante é que, para adoção, há algumas soluções não tão complexas que me parecem independentes de código. A primeira é mudar como o gas é calculado. Há artigos que tratam sobre desenho ótimo de leilões em blockchains  e que podem estabilizar a rede em momentos de maior demanda. Outra seria o uso de quadratic voting e leitura automatizada de códigos para, assumindo a plataforma da Ethereum um bem rival (há livre entrada, porém o bem é escasso), criar faixas de gás em aplicativos.

O problema dessas soluções é mexer com a chamada escalabilidade social: há certas garantias de que o código dita como a plataforma opera. Inserir elementos de votação e governança onchain após o nascimento delas pode ser problemático. A segunda solução que comentei, no entanto, significaria admitir que a rede não vai conseguir crescer tão cedo e que um paliativo custoso em termos de escalabilidade social deve ser implementado.

De toda maneira, parece que a Ethereum se encontra numa situação difícil. Ainda acredito que seja um projeto muito válido e que eles já passaram por grandes problemas técnicos anteriormente, portanto merecem um voto de confiança. A questão maior é que a dinâmica do problema atual é maior.

Há operações gigantescas dependendo da plataforma, então o custo de errar aumentou. Vale acompanhar, mas as minhas expectativas de um Ethereum 2.0 revolucionário diminuíram um pouco recentemente. Sinceramente espero que eu esteja errado.

O que você está lendo é [Desafios para o Ethereum: Crescer demais afeta o desempenho futuro?].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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