Ditadores inteligentes atraem mais investimento estrangeiro
A incompetência afasta mais o investimento do que o risco de expropriação”, escreveram os autores Abel François, Sophie Panel e Laurent Weill (Imagem: Antonio Heredia/Bloomberg)
Ditadores com poucos recursos devem avaliar a possibilidade de voltar à escola e estudar alguns livros de economia, segundo um novo estudo que monitora os fluxos de investimento em países não democráticos.
Os investidores colocam mais dinheiro em regimes autoritários onde o líder tem uma educação sólida, segundo a conclusão da pesquisa do Instituto para Economias em Transição, do Banco da Finlândia. Se a formação do ditador for em economia e o governante tiver experiência anterior em negócios, as chances de atrair investimentos são maiores, de acordo com o estudo que examinou dados de investimento estrangeiro direto em 100 países comandados por ditadores entre 1973 e 2008.
“A incompetência afasta mais o investimento do que o risco de expropriação”, escreveram os autores Abel François, Sophie Panel e Laurent Weill. “Não encontramos relação entre a idade dos ditadores e a experiência política anterior e entradas de IED.”
As características individuais desempenham um papel maior do que as instituições ao atrair atração investimento estrangeiro direto em países onde as escolhas políticas dependem do critério de uma única pessoa, escreveram. A experiência pessoal do governante pode ajudar potenciais investidores a antecipar futuras escolhas políticas, segundo o estudo.
’Reinado do discernimento’
“A ditadura é, em certa medida, o reinado do discernimento”, escreveram os autores. “Mesmo se houver variações no poder de discernimento entre as ditaduras, o escopo das potenciais decisões de política pública é mais amplo do que nas democracias”, onde as instituições e eleições ajudam o país a se proteger contra os riscos de governantes extremistas.
O relatório também revela que a história proporciona uma boa razão para que os investidores não confiem em ditadores menos conscientes economicamente.
O ex-ditador birmanês Ne Win, por exemplo, “arruinou Mianmar” em seus 26 anos no poder até 1988, inclusive por meio de uma reforma monetária instituída “em parte porque seu astrólogo o aconselhou a introduzir novas denominações cujos números somavam nove”, segundo os autores.
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