Pequeno frigorífico abre mercado japonês de alto valor agregado em suínos e repetirá com Coreia
Rumo ao Japão e Coreia do Sul: pequeno frigorífico mostra que tamanho não é documento (Imagem: Reuters/Dominique Patton)
Conquistar o mercado japonês de carne suína não é um feito para passar desapercebido quando se trata de uma pequeno frigorífico ante um comprador dos mais exigentes e que melhor paga. Assim, o Notable, de um dos principais cluster da suinocultura brasileira, Santa Catarina, está em comemoração, assim como irá repetir até o final de agosto com uma nova carga em direção à Coreia do Sul, outra cereja do bolo desse mercado.
O contêiner que foi embarcado ontem (12), com 24,5 toneladas, apenas de cortes especiais, será o mesmo que abrirá o mercado coreano. Uma delegação deste país asiático está neste momento na planta do Frigorífico Notable.
Esses importadores pagam praticamente o dobro do preço da carcaça commodity exportada pelo Brasil. Mercado de alto valor agregado. O kg da carcaça em média sai a R$ 6,20 e de cortes especiais em torno de R$ 12,00, no mínimo.
E com a China limpando tudo que tem nas praças, com a peste suína africana derrubando a produção local a níveis drásticos, os preços também saem melhores para todos os destinos.
Edson Wiggers, presidente do frigorífico de Grão-Pará, Sul de Santa Catarina, conseguiu US$ 3 mil por tonelada – pode chegar até R$ 6 mil, conforme a linha de cortes – “porque fizemos um mix”, ou seja, vários cortes.
Por baixo, a indústria processadora catarinense receberá US$ 73,5 mil (FOB).
O Notable vem se juntar a apenas 5 empresas habilitadas para aquele mercado, depois de cinco anos de negociaçãoes, e todas de Santa Catarina, o único estado livre da febre aftosa sem vacinação. Se não for dessa origem, não entra na mesa dos japoneses.
“Eles querem qualidade e condições sanitárias absolutas, mas também precisam de regularidade”, informa o empresário, que agora se prepara para no mínimo um lote parecido a cada seis meses, de acordo com uma programação básica dos importadores. E com preços negociados a cada vez.
Uma das exigências, por exemplo, é explicada por Wiggers: “Os cortes são bem elaborados, diferenciados do resto do mundo. O tamanho, a coloração da carne, a nutrição dos animais, são alguns dos pontos que influenciam no mercado japonês”.
Para o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivanio Luís de Lorenzi, a “vitória” da empresa é a vitória dos frigoríficos pequenos e independentes, que “não ficam atrás dos modelos de produção cooperativada e integrada”.
Seu colega Jacir Dariva, presidente da associação de produtores paranaenses, considera que o feito do Notable também deverá chegar ao Paraná a partir de 2023, já que o estado deverá ser homologado como também livre de aftosa sem vacinação. “Os japoneses pagam muito bem e como Santa Catarina, também temos excelência em produção, faltando apenas a liberação total da aftosa”, diz.
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