Niéde Guidon: na defesa da Serra da Capivara
A cientista, que fez aniversário em 12 de março, recebe neste ano uma série de homenagens por seus 90 anos, das quais seleciona a dedo naquelas que dará o ar da graça - tendo contraído chikungunya em 2016, hoje Guidon convive com uma artrose, o que dificulta sua locomoção.
Um destes eventos aconteceu no último dia 9 de junho, fazendo com que a pequena São Raimundo Nonato, ficasse em festa.
Para lá viajaram o cônsul-geral da França no Recife, Jérémie Faucon, o vice-governador que estava em exercício do Piauí, Themístocles Filho, e outras personalidades políticas e acadêmicas que desembarcaram no aeroporto reinaugurado do município - um desejo antigo da arqueóloga,💥️ taxada como "megalomaníaca" por apostar, ao longo da vida, em uma série de projetos sociais, estruturais e científicos na região do parque.
32 mil anos AP (antes do presente), tendo publicado na revista Nature um artigo sobre o tema, em 1986.Causou um frenesi na arqueologia ao colocar em xeque a chamada Teoria de Clóvis - que data o povoamento da América há cerca de 12 mil anos A.P., por meio da travessia do Estreito de Bering. Segundo Guidon, o ✅Homo sapiens teria chegado ao continente há pelo menos 100 mil anos, vindo da África.
Pesquisadores e arqueólogos, principalmente norte-americanos, contestam até hoje suas teorias, embora elas ganhem mais consistência a cada a ano com descobertas no campo da genética, da bioquímica, e com uma safra de pesquisadores confiantes na datação proposta por Guidon
Parque Nacional da Serra da Capivara, área com 100 mil hectares que abrange os municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. O início de um sonho.Mas não bastava delimitar a área. Era preciso também fazer um trabalho social no cotidiano dos moradores da região.
Um dos passos mais importantes foi a criação, em 1986, da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), entidade administrativa do parque que, desde o início, teve como meta importante o desenvolvimento sócio-econômico-cultural ao incluir, no Plano de Manejo, a integração da população ao entorno às ações de preservação do lugar.
Niéde Guidon: Uma Arqueóloga no Sertão, da jornalista Adriana Abujamra, lançado em abril deste ano.✅Falar de Niéde é falar do passado, da Caatinga, do meio ambiente. Niéde traz tantas histórias dentro de sua história, como o seu trabalho para empoderar as mulheres que estavam ao seu lado.
💥️Adriana Abujamra, jornalista, à Mongabay
Para a jornalista, a imagem da "doutora" chegando no sertão guiando uma camionete Rural, de calças jeans e sendo dona de si é algo muito simbólico. "Até hoje em dia, o Nordeste é um lugar de altos índices de feminicídio. Agora imagina, na década de 1970, uma mulher chegar ao parque em uma posição de poder. Dirigindo, contratando peões, incentivando as mulheres a se libertarem da submissão", completa a escritora.
Instituto Olho D'Água, organização sem fins lucrativos baseada no conceito da chamada arqueologia colaborativa."A gente quer promover uma relação entre a comunidade e o parque, sobre como projetos de arqueologia devem ser realizados tendo a parceria da população em todo processo". Em julho deste ano, o Instituto celebrou uma década de funcionamento.
Esta reportagem foi originalmente publicada no site da Mongabay Brasil.💥️*
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