Xamã pode ser primeira onça pintada a ser reintroduzida na Amazônia

Mas esse filhote tem um futuro diferente traçado para ele. Deve se tornar o primeiro macho de onça-pintada a ser reintroduzido na Amazônia. Ele irá aumentar a lista de indivíduos da espécie que têm voltado à natureza depois de serem resgatados ainda muito jovens, graças a um trabalho pioneiro que realizado no Brasil pelo Onçafari, projeto que alia ecoturismo, conservação e pesquisa científica.

O jovem macho Xamã, em seu recinto de reabilitação, no Pará, à espera de ser devolvido à natureza. - Noelly Castro/Proteção Animal Mundial - Noelly Castro/Proteção Animal Mundial A onça Fera em liberdade no Pantanal. - Edu Fragoso/Onçafari - Edu Fragoso/Onçafari A fêmea Isa, ainda com o colar de monitoramento via GPS, no Pantanal.  - Edu Fragoso/Onçafari - Edu Fragoso/Onçafari

"Primeiro soltamos no recinto animais menores, mais dóceis, mais fáceis de serem abatidos. Com o tempo, vamos introduzindo outras espécies, até chegar a um macho adulto de queixada", explica.

Outra lição que a prática deu é que o recinto deve ter vários portões, chamados tecnicamente de cambiamento ou porta-guilhotina.

"As onças não devem associar um determinado local com a oferta de alimento. Muito menos humanos com comida. Por isso, o recinto possui seis portas, com telas, assim não existe o contato visual entre o animal e seus cuidadores", explica Haberfeld.

Por último, com a experiência adquirida ao longo dos últimos sete anos, Sartorello derruba uma crença de leigos sobre como deve ser o recinto de aclimatação. "O animal tem que ter a pior experiência possível no recinto porque a vida dele fora não vai ser fácil", diz.

Captura para monitoramento de Fênix, filho de Pandhora nascido em 2018. - J. Bachur/Onçafari - J. Bachur/Onçafari Vivara, antes de ser levada para a Amazônia.  - Adriano Gambarini/Onçafari - Adriano Gambarini/Onçafari Vista de drone do recinto de 15 mil m2, em Jacareacanga, onde Xamã é preparado para ser reintroduzido na natureza. - Noelly Castro/Proteção Animal Mundial - Noelly Castro/Proteção Animal Mundial 170 mil indivíduos ainda em vida livre, em regiões que vão do México até a Argentina, metade desse número viva em nosso país e pouco menos de um quarto na Amazônia brasileira.

A reintrodução de Pandhora e Vivara, e daqui a um tempo a de Xamã, talvez não seja de grande impacto na Amazônia, diante de uma população tão grande. Contudo, os especialistas do Onçafari acreditam que ela será importante para servir de modelo para outros biomas, principalmente a Mata Atlântica.

O que se sonha é que toda essa expertise possa ser usada na elaboração de um protocolo nacional de reintrodução da espécie.

"O dia que chegarem e falarem que é preciso soltar onça na Mata Atlântica, um bioma extremamente ameaçado e com uma população não muito grande da espécie, não vamos poder errar. E é aí que vai contar nosso know-how e experiência obtidos no Pantanal e na Amazônia", ressalta Leonardo Sartorello.

O jovem Xamã no Hospital Veterinário da UFMT, em Sinop, sendo acomodado numa caixa de transporte antes de ser levado para seu recinto no Pará. - Noelly Castro/Proteção Animal Mundial - Noelly Castro/Proteção Animal Mundial Jatobazinho, macho brasileiro que ajudou a reintroduzir a espécie no Parque Nacional Iberá, norte da Argentina, depois de 70 anos. - Mario Nelson/Onçafari  - Mario Nelson/Onçafari Esta reportagem foi originalmente publicada no site da Mongabay Brasil.

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