Suspensão só adia decisão: governo vai reformar o irreformável?
💥️Se confirmada, a suspensão da implantação do Novo Ensino Médio (NEM) por 90 dias vai estancar o avanço do modelo em estados em que a reforma pouco avançou - vamos lembrar que essa etapa de ensino é responsabilidade majoritária dos estados. Mas o "fica como está" também tem um lado perverso nos locais em que as coisas já mudaram bastante. É o caso de São Paulo, onde a carga diversificada de disciplinas como "projeto de vida", "comunicação e marketing" e "empreendedorismo" tomou o lugar das disciplinas tradicionais, aligeirando a formação e, no fim das contas, prejudicando os estudantes. Porque, ao menos em 2024, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai continuar cobrando o de sempre.
Como demonstram os estudos da Rede Escola Pública e Universidade (Repu), a experiência paulista também reúne outras mazelas da reforma: a atribuição de disciplinas a professores sem a formação adequada, a expansão das aulas online, e a ausência de opções de itinerários em cidades com redes pequenas. Nenhum desses problemas têm solução rápida. Para ficar em uma das dificuldades, quem é o docente adequado para lecionar "projeto de vida"? Quem vai formá-lo, com qual metodologia e qual objetivo?
Gestado em gabinete fechado no interregno golpista de Temer, o NEM já nascia morto: como fazer valer uma proposta sem construí-la junto com seus maiores interessados (alunos e professores)? Até aqui, a gestão Camilo Santana tem tentado conciliar caminhar na linha tênue entre o gerencialismo - representado por institutos e fundações empresariais, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a experiência "resultadista" da cidade de Sobral e do Ceará, assentada no coração do MEC com o próprio Santana e a secretária-executiva Izolda Cela - e a perspectiva da educação como direito - predominante em sindicatos e universidades públicas.
Em um campo tão conflagrado como o da educação, é pouco provável que consiga ter sucesso nessa postura dúbia.
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