Siri gravou conversas privadas "sem intenção". Utilizadores poderão receber 20$ cada um
A Apple concordou em pagar 95 milhões de dólares para resolver um processo judicial que alega que a sua Siri gravava, com regularidade, conversas privadas que eram, posteriormente, partilhadas com terceiros e utilizadas para anúncios direcionados.
Os anúncios assustadoramente direcionados intrigam muitos utilizadores, que acreditam que os seus smartphones "têm ouvidos". De facto, conforme informámos, em setembro do ano passado, documentos revelaram que o Facebook e a Google ouviam tudo o que os utilizadores diziam perto do seu dispositivo.
Agora, a Apple concordou em pagar 95 milhões de dólares para resolver um processo judicial que alega que a sua assistente de voz, a Siri, gravava regularmente conversas privadas que eram, depois, partilhadas com terceiros e utilizadas para anúncios direcionados.
No acordo de ação coletiva proposto, que surge após cinco anos de litígio, nos Estados Unidos, a Apple não admitiu qualquer irregularidade. Por sua vez, o acordo refere-se a ativações "não intencionais" da Siri que ocorreram após a introdução da funcionalidade "Hey, Siri", em 2014, em que as gravações eram aparentemente solicitadas sem que os utilizadores alguma vez dissessem essas palavras.
Segundo um informador ao The Guardian, a Siri era ativada inadvertidamente, por vezes, quando um Apple Watch era levantado e a fala era detetada.
Anúncios muito precisos denunciaram a Apple
O único indício que os utilizadores teriam da alegada espionagem da Siri eram os anúncios direcionados, assustadoramente precisos, que apareciam após terem acabado de falar sobre artigos específicos, como Air Jordan ou marcas como Olive Garden, segundo a Reuters.
O número de clientes afetados não é claro. Contudo, se o acordo for aprovado, a gigante da tecnologia disse que pagaria até 20 dólares por dispositivo com a Siri a todos os clientes que fizeram compras entre 17 de setembro de 2014 e 31 de dezembro de 2024.
Segundo o acordo de indemnização, isto inclui iPhones, iPads, Apple Watches, MacBooks, HomePods, iPod touches e Apple TV. Cada cliente poderá apresentar reclamações para até cinco dispositivos.
A audiência para a aprovação do acordo está agendada para 14 de fevereiro. Se o acordo for homologado, a Apple enviará avisos a todos os clientes afetados. Através do acordo, os utilizadores elegíveis poderão receber uma compensação monetária e garantir que as suas chamadas telefónicas privadas são permanentemente apagadas.
Segundo os processos judiciais, se o tribunal tivesse certificado a ação coletiva e os utilizadores da Apple tivessem ganhado, a Apple poderia ter sido multada em mais de 1,5 mil milhões de dólares só ao abrigo da Wiretap Act (em português, Lei das Escutas Telefónicas).
No entanto, os advogados que representam os utilizadores da Apple decidiram chegar a um acordo, em parte porque a lei da privacidade dos dados continua a ser uma "área jurídica em desenvolvimento que impõe riscos inerentes de que uma nova decisão possa alterar o panorama jurídico no que diz respeito à certificação de uma classe, responsabilidade e danos".
As gravações não intencionais da Siri foram divulgadas pelo The Guardian, inicialmente, em 2023, segundo a queixa, quando um denunciante alegou que "houve inúmeros casos de gravações com discussões privadas entre médicos e pacientes, negócios, negociações aparentemente criminosas, encontros sexuais e assim por diante".
Conforme partilhou, "estas gravações são acompanhadas de dados do utilizador que mostram a localização, detalhes de contacto e dados da aplicação".
Os utilizadores estão a processar a Apple, por considerarem cada gravação "uma violação flagrante das normas sociais", alegando que a conduta da empresa foi deliberada e que a Apple beneficiou comercialmente das gravações.
Por sua vez, a Apple, que pediu repetidamente o arquivamento do processo, argumentou que "não existem factos, muito menos factos plausíveis, que liguem a receção de anúncios direcionados pelos queixosos à sua especulação de que a Siri devia estar a ouvir as suas conversas e de que a Apple utilizou a Siri para facilitar anúncios direcionados por terceiros".
Através do acordo, a empresa de Cupertino concorda que a Siri gravou involuntariamente os utilizadores.
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