Idade média dos carros elétricos é de 3,6 anos. Sim, são boas notícias
Um estudo publicado pela empresa S&P Global sobre a idade do parque automóvel nos EUA revela uma estatística que tem de ser entendida para não levar a interpretações erradas. Segundo os dados apresentados, os carros elétricos duram em média 3,6 anos, ao passo que os térmicos ligeiros duram 13,6 anos. Mas então os elétricos avariam mais cedo? Não é assim que se colocam as coisas, vamos perceber.
Os estudos têm essa função, permitir que se conheçam cenários para podermos ter uma ideia mais clara da realidade. Contudo, uma má interpretação dos números pode levar a interpretações erradas. No estudo da S&P Global, as conclusões referem que a idade média dos veículos elétricos a bateria (em inglês BEV) é mais de três vezes inferior à dos ligeiros a combustíveis fósseis.
Quer isto dizer que avariam mais cedo, que são menos fiáveis e que têm de ser substituídos mais rapidamente? Não, a questão não se pode colocar desta forma.
Carros elétricos: a idade aqui não é um posto
Os números são soberanos. O parque dos elétricos está longe, muito longe, de atingir a idade média de todos os outros veículos. O último relatório da S&P Global Mobility sobre o assunto conclui que a idade média dos automóveis e camiões ligeiros nos Estados Unidos é de 12,5 anos.
Se nos centrarmos exclusivamente nos veículos de passageiros, a idade média dos veículos de passageiros é ainda mais elevada, com 13,6 anos. Em comparação, os veículos elétricos a bateria (BEV) têm uma idade média, pelo menos nos EUA, de apenas 3,6 anos.
Como está o parque automóvel no geral?
Se alargarmos o foco para incluir os mais de 284 milhões de veículos em circulação nas estradas dos EUA, incluindo, obviamente, a grande frota de automóveis com motores de combustão interna, o panorama é diferente. Aqui, a idade média da frota aumentou consecutivamente nos últimos seis anos e os dados refletem-se agora - impulsionados, pelo menos, pela diversificação das vendas - com o aumento mais acentuado da idade desde a recessão de 2008 - 2009.
Em 2022, a idade média sofreu uma pressão ascendente devido às restrições de oferta decorrentes dos baixos níveis de inventário de veículos novos e, claro, ao abrandamento da procura, uma vez que as taxas de juro e a inflação atenuaram a procura dos consumidores no segundo semestre do ano.
Afirma o relatório, que regista um declínio de 8% nas vendas a retalho e nas frotas de veículos ligeiros.
Como pano de fundo, há vários fatores-chave a considerar. O primeiro é a evolução do próprio mercado dos veículos de combustão interna, que, segundo a Bloomberg New Energy Finance, atingiu o seu pico em 2017 e enfrenta agora um "declínio estrutural".
O segundo é o peso discreto que os veículos elétricos ainda têm nas vendas. De acordo com o Argonne National Laboratory (ANL), em abril de 2023 foram vendidos 105.438 veículos plug-in (PEV), a soma dos BEV e dos híbridos plug-in: é mais 49,7% do que no mesmo mês de 2022, mas, na prática, significa que os PEV representaram 7,83% do total de vendas de veículos ligeiros.
E na Europa?
O estudo da S&P Global é interessante porque nos permite comparar a idade dos BEVs e do parque automóvel como um todo, mas não é o único que fornece dados interessantes. Outro relevante e complementar vem da ACEA, a associação europeia de fabricantes de automóveis, que em maio publicou um relatório precisamente sobre a idade média dos automóveis de passageiros, carrinhas, camiões e autocarros com dados atualizados até 2023.
A conclusão é que 💥️os automóveis na UE têm, em média, 12 anos. Na Grécia e na Estónia, a idade média dos veículos é de 17 anos. No polo oposto está o Luxemburgo, onde os veículos de passageiros têm cerca de 7,6 anos.
Em Portugal, a média de idade alinha-se pelos números dos EUA, isto é, situa-se nos 13,5 anos, assim como o parque automóvel vizinho espanhol.
💥️Números sobre o parque automóvel na Europa:
Portanto, apesar de, em termos de durabilidade, as pessoas olharem para o tempo máximo que os carros duram. Na verdade, o parque fica velho, traz mais problemas, poluição e insegurança. Ao passo que a chegada dos elétricos, com uma vida útil média na ordem dos 3 anos, permite modernidade, mais segurança, evolução tecnológica e eventualmente menos poluição.
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