"Não há preço" que a Microsoft possa pagar para a Apple integrar o Bing no Safari
A Apple alegou que "não há preço" que a Microsoft possa pagar para que ela defina o Bing como motor de pesquisa predefinido do Safari.
O julgamento que declarou que a Google monopoliza ilegalmente as pesquisas recordou que esta paga uma grande quantia à Apple para manter o seu motor de pesquisa como o predefinido no Safari.
Apesar de a Google poder ter enveredado pelo caminho das práticas anti-concorrenciais, no sentido de construir o império que lhe conhecemos, a verdade é que a Apple não quis o Bing da Microsoft.
Apple confirmou que não quer o Bing nem dado
De acordo com o documento legal, do qual também lhe falámos aqui, a Microsoft tentou chegar a um acordo com a Apple, em 2015, para integrar o Bing como o motor de pesquisa predefinido no Safari.
Na altura, a empresa sediada em Redmond prometeu 90% da receita - 20 mil milhões de dólares - ao longo de cinco anos. Além disso, tratava-se de uma oferta flexível, por via da qual a Microsoft oferecia um maior controlo sobre a experiência do produto.
Quando a Apple recusou que o Bing fosse o motor de pesquisa predefinido no Safari, a Microsoft ofereceu 100% da receita do Bing e até mesmo o próprio motor de pesquisa.
De acordo com Eddy Cue, vice-presidente de serviços da Apple, durante o julgamento da Google, o Bing seria incapaz de gerar receitas suficientes, porque era péssimo a rentabilizar a publicidade.
A Apple não via sentido em estabelecer uma parceria com um produto que geraria uma fração das receitas da Google, mesmo com todas as liberdades concedidas pela Microsoft. Isto, apesar de a Microsoft achar que o seu produto era bom e podia ser melhorado com o Safari.
Embora a Apple estivesse ciente de que a mudança para o Bing representava um risco, a empresa chegou a realizar um estudo e concluiu que, a longo prazo, era melhor ficar com a Google. Enquanto o Bing oferecia 20 mil milhões de dólares ao longo de cinco anos, a Google produzia o dobro e podia mesmo gerar até 70 mil milhões de dólares num período mais longo.
A Apple chegou a propor à Microsoft que garantisse um mínimo de 30 mil milhões de dólares em receitas, mas a empresa sediada em Redmond não aceitou. De facto, além de não conseguir acompanhar o ritmo, o Bing poderia gerar perdas para a Apple durante o período de transição.
Na perspetiva da Apple, a Google era uma aposta segura, uma vez que tem o melhor motor de pesquisa e sabe como fazer publicidade.
Se tivéssemos um motor de pesquisa inferior, os clientes não o utilizariam e, por isso, não sei como poderíamos rentabilizá-lo bem.
Penso que não há preço nenhum no mundo que a Microsoft nos possa oferecer. Ofereceram-se para nos dar o Bing de graça. Podiam dar-nos a empresa inteira.
Revelou o vice-presidente de serviços da Apple.
Efetivamente, apesar de ter sido acusada de monopolizar ilegalmente as pesquisas, a Google passou o seu julgamento a sublinhar que os utilizadores escolhem o seu motor de pesquisa, porque é melhor do que os motores que a concorrência oferece.
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