NASA "hackeia" a Voyager 2 para manter a sonda de 45 anos no espaço interestelar
A NASA parece ter encontrado uma forma de alterar o funcionamento de uma fonte de energia de backup da Voyager 2. Como tal, a sonda, que estava com a morte prevista dentro de poucos meses, viu adiado o seu fim e poderá agora funcionar até 2026.
A Voyager 1 e 2 forneceram informações científicas cruciais há 45 anos. Hoje, as sondas viajam no espaço interestelar, a 19 e 24 mil milhões de quilómetros de distância da Terra. Isso é mais longe do que qualquer nave ou objeto feito pelo homem já foi.
Os dados científicos que as Voyagers enviam tornam-se mais valiosos quanto mais longe do Sol eles chegam.
Estamos definitivamente interessados em manter tantos instrumentos científicos a operar o maior tempo possível.
Disse Linda Spilker, cientista do projeto Voyager no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA no sul da Califórnia.
As sondas viajam há mais de 45 anos
As Voyager 1 e 2 partiram com um mês de diferença em 1977. As sondas foram inicialmente destinadas a uma 💥️missão de quatro anos para passar por Saturno e Júpiter.
Foram lançadas com um "disco de ouro" com informações que forneceriam aos alienígenas informações sobre a Terra.
Os Discos de Ouro da Voyager (em inglês, Voyager Golden Record) são discos fonográficos que estão a bordo de ambas as naves Voyager. Eles contêm sons e imagens selecionados como amostra da diversidade de vida e culturas da Terra e são dirigidos a qualquer forma de vida extraterrestre (ou seres humanos do futuro distante) que os encontrem.
Mas as sondas continuaram a superar as expectativas, e a NASA ampliou continuamente as suas missões, primeiro para visitar Neptuno e Úrano, depois para navegar mais longe do que qualquer outra sonda: além da heliosfera.
A heliosfera é uma bolha de partículas e campos magnéticos que se estendem desde o Sol. Esta esfera é particularmente importante para a Terra porque nos protege da radiação cósmica galáctica.
Como as sondas estão agora fora desta heliosfera, as suas medições fornecem informações sem precedentes sobre as propriedades da bolha, como a sua forma e o seu papel protetor.
A heliosfera é uma região periférica do Sol, preenchida pelo vento solar. A região é limitada pela heliopausa. Estudos desta região com instrumentos acondicionados nas naves do Programa Pioneer (Pioneer 10 e Pioneer 11) e do Programa Voyager (Voyager 1 e Voyager 2) confirmam que a heliosfera estende-se para além do sistema solar, possivelmente até uma distância de 100 U.A. (unidades astronómicas) a partir do Sol.
A NASA invadiu o sistema de energia da Voyager 2
As sondas são alimentadas por geradores que convertem o calor do plutónio em decomposição em eletricidade. À medida que esta fonte de energia se torna mais fraca, os engenheiros da NASA tiveram que desligar instrumentos não essenciais, como as câmaras e aquecedores das sondas, para economizar energia.
No entanto, quando a Voyager 2 entrava nas suas últimas reservas de energia, os engenheiros da NASA criaram um ✅hack inteligente que permitirá que a nave permanecesse viva um pouco mais.
A energia elétrica das sondas Voyager é fornecida por três geradores termoelétricos de radioisótopos. Eles são alimentados pelo decaimento do Plutónio-238.
Os cientistas encontraram uma forma de desviar a energia de um mecanismo de segurança concebido para se ativar em caso de avaria do circuito das sondas devido a variações de tensão.
As tensões variáveis representam um risco para os instrumentos, mas determinamos que é um risco pequeno, e a alternativa oferece uma grande recompensa por poder manter os instrumentos científicos ligados por mais tempo.
Estamos a monitorizar a nave há algumas semanas e parece que esta nova abordagem está a funcionar.
Explicou Suzanne Dodd, gestora do projeto da Voyager no JPL, num comunicado de imprensa.
A NASA pode considerar usá-lo na Voyager 1. Um dos instrumentos da Voyager 1 apresentou um problema, o que significa que a sonda não consome tanta energia quanto a Voyager 2.
A decisão de desligar os instrumentos da Voyager 1 será tomada no próximo ano, de acordo com a agência espacial.
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