HomeVivabemArticleApreciar silêncio ensina a ouvir o outro e a si; como fazer? VivaBem08/08/202389Apreciar silêncio ensina a ouvir o outro e a si; como fazer? Elcio Padovez Colaboração para o VivaBem 05/08/2023 04h00 Para Petria, o silêncio é algo bonito e fundamental para o ser humano conseguir levar uma vida mais equilibrada. Mesmo trabalhando em uma rádio, onde a audição é primordial e o som habita o tempo inteiro, é necessário criar momentos de conexões com si próprio.✅Sou muito falante e expressiva, mas tenho um universo interno muito intenso e sempre tive necessidade de ficar comigo mesma. O mundo nos carrega para fora e não somos ensinados a cultivar o rico universo dentro de nós. 💥️Petria ChavesA jornalista, que escreveu o livro "Escute seu Silêncio" (Academia), diz que um dos grandes problemas de um mundo cada vez mais acelerado e ruidoso é que muita gente acaba fazendo tudo de maneira automática e sem alma, sem aproveitar o momento, pensar sobre o que ele significa. "O problema não é a tecnologia e sim o que estamos fazendo com ela, de não aproveitar a potência da vida, o silêncio que cada momento nos convida a absorver", diz.Petria conta que mesmo trabalhando em um ambiente com sons constantes, precisa estar atenta e prestar atenção ao que o outro diz e cita o ensinamento do escritor indiano Sadhguru, que o silêncio é sobre mover-se da compulsão para a consciência. "Vivemos tempos ansiosos e precisamos buscar caminhos para evitar isso. No meu caso, eu estimulo a arte da conversa como forma de entender melhor o outro, pratico meditação, ioga e estudos espiritualistas. Mas não é só meditar que ajuda a encontrar o silêncio e a escuta afetiva. As pessoas querem tomar um remédio em busca de soluções. Mas não querem tomar a dianteira e tomar atitudes para solucionar o que as aflige." "Escute seu Silêncio", livro de Petria Chaves Segundo ela, é preciso exercitar o poder de escolha, além da busca interna de entender quem se é e de dialogar com o outro, enxergar o espelho do outro e não só o próprio reflexo. "Treinar a mente permite ouvir melhor as pessoas, e seja cuidadoso com atitudes egoicas que atrapalham a escuta afetiva do outro e de si próprio também. Esteja de corpo e mente presente nas coisas", ensina.Como apreciar o silêncioO psicólogo Rossandro Klinjey é categórico ao afirmar que o silêncio evita a cacofonia do mundo, mas que é preciso buscá-lo, já que o mundo não nos oferece mais isso com facilidade. Para ele, a atenção é atualmente o maior ativo da humanidade e as grandes corporações estão muito interessadas nela e em como sequestrá-la por meio de produtos, estímulos e conteúdo. "Silenciar é uma escolha. Quando não escolhemos, a vida escolhe por nós e geralmente isso vem em momentos de dor", diz.Alexandre Coimbra Amaral, também psicólogo, avalia que o século XXI distorceu o conceito de silêncio. Segundo ele, o homem tem preenchido tudo e não há momentos de pausa, de silenciar, e viramos vítimas de verbos como otimizar e performar, como é a ideia de fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo, como ouvir um podcast enquanto se lava a louça. "Isso é um perigo. Precisamos quebrar o condicionamento automático e buscar o silêncio como forma de ouvir as contradições humanas e descobrir nossas fragilidades, fraquezas, sentimentos que queremos esconder ou sufocar. O silêncio é a porta de entrada para o que há de mais contraditório no ser humano. Ouvir a si mesmo estimula a maturidade, complexidade, crescimento interior e exterior", diz.✅A gente sabia tirar férias. Hoje, não sabemos mais, por exemplo. O exercício de se desligar pode causar dores, mas você pode criar estratégias para encarar os momentos de vazio, como tomar banho mais longo, brincar com o animal de estimação, contemplar a beleza das nuvens se estiver num voo, e não com os olhos presos na tela de um celular. Meditação não é só fechar os olhos. As pessoas têm contemplado cada vez menos a vida, não estimulam mais os momentos de ócio e de silenciar. 💥️Alexandre Coimbra Amaral, psicólogoPara Amaral, silenciar em tempos barulhentos permite elaborar perguntas sobre a vida e que, para muitos, pode ser uma experiência angustiante, mas é algo necessário. "Escutar seu silêncio é suportar estar consigo e segurar as angústias de não ter certezas sobre si. Temos angústias e perguntas sobre a vida o tempo inteiro e elas nos movem. Construímos vidas menos autênticas não fazendo isso e nos entupindo de conteúdos e fazendo o que os outros esperam de você."Klinkey explica que cada um tem uma forma de encontrar seu próprio silêncio e que não há receita pronta, mas indica que um banho mais longo, olhar o horizonte pela janela, desligar a TV e observar ao redor podem ser um exercício mais simples para começar, já que silenciar é uma das coisas mais difíceis de se fazer, especialmente quando tudo está mais acelerado. "Precisamos desacelerar os pensamentos, fazer como o mar, que avança e recua", diz.Amaral também recomenda um detox digital, deixar de receber informações de fora e exercitar momentos mais silenciosos e consigo, evitar interferências externas enquanto faz atividades importantes. Tudo isso pode ajudar nesse caminho de autoconhecimento.Como isso pode fortalecer as relaçõesSegundo Klinkey, buscar mais momentos consigo, contemplar o silêncio e aproveitar o ócio como espaço criativo ajudam a construir relações familiares e sociais mais fortes. "Às vezes, é melhor silenciar e dar tempo ao tempo para apaziguar situações que podem trazer conflitos entre pessoas", diz.Segundo Amaral, escutar afetivamente é o exercício ouvir simultaneamente o que o outro fala e o está dentro de você, passando pela sua cabeça. Por isso, é preciso hierarquizar e preferir ouvir mais o outro do que a si, pois não fazer isso pode inviabilizar a conversa. "Quando consigo escutar o outro sem interrompê-lo, eu estimulo a curiosidade, surgem perguntas e questionamentos, interesse sobre aquela pessoa. E isso pode acontecer de maneira mútua, de um reconhecer o outro, e evitar a velocidade da vida contemporânea, pois ela não permite esse reconhecimento", diz.Klinkey cita o caso de médicos que escutam o paciente durante a consulta e não só digitam atrás da tela de um computador enquanto conversam. Para o psicólogo, o tratamento do outro com empatia e ser atencioso gera uma resposta imediata.✅Quando escutamos de fato o outro, muitos dos problemas que existem são dirimidos. O marido geralmente tem mais dificuldade em escutar. A pessoa quer ser ouvida e não só a resolução do problema. Hoje, felizmente, temos uma geração de homens que está aprendendo a externar suas dores e escutar mais. 💥️Rossandro Klinkey, psicólogoNo ambiente de trabalho, a habilidade de escutar também é altamente benéfica, assim como em ambientes sociais, onde se começa a ter uma percepção mais aguçada dos outros. Por isso, é preciso dar espaço para que o outro fale, ter o momento de silenciar, de ter a riqueza das trocas, e não de fazer um monólogo.✅É realmente escutar, processar, e não já ir criando os mecanismos de defesa enquanto a outra pessoa se expressa. Às vezes, é preciso decantar as palavras, como o café sendo coado, para se ter uma conversa mais rica e, se for necessário, não responda na hora. Maturidade é uma escolha. 💥️Rossandro Klinkey, psicólogoAmaral também lista que a escuta afetiva gera bem-estar, pois os seres humanos são construídos para serem coletivos e solidários e que o sentimento de estar só adoece, e escutar o próprio silêncio não significa isso. "Ouvir de forma empática faz com que o homem se sinta em uma rede humana de conexões. Reconhecer que as angústias do outro podem não ser tão diferentes das suas", diz. Segundo ele, ouvir atentamente leva a caminhos inimagináveis, estimula a criatividade. "O extraordinário é uma peça dentro do ordinário e muitos não reconhecem isso, de que é preciso ter esses momentos na nossa vida cheia de atribulações, de boleto para pagar."O que você está lendo é [Apreciar silêncio ensina a ouvir o outro e a si; como fazer? VivaBem].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.Links
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