Caso Prior: 5 mitos sobre estupro usados por quem ainda o defende

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Isabela Del Monde

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Mito 1: Mulher que denuncia quer fama e dinheiro

No caso específico de Themis, ninguém, além de suas advogadas, sabe seu nome, sua voz ou qualquer outra informação sobre sua identidade. Para ter fama é necessário haver exposição da imagem ou criação de alguma persona com a qual o público possa se relacionar. E, também nesse caso, não houve qualquer pagamento de indenização monetária para a vítima.

Desafio qualquer pessoa a identificar uma vítima de violência sexual que tenha ficado rica ou famosa por ter feito uma denúncia. O que acontece, na verdade, é o contrário.

A Pesquisa "Paying Today and Tomorrow" ("Pagando Hoje e Amanhã", em tradução livre) publicada em 2023 pelo movimento Time's Up e pelo Institute for Women's Policy Research, buscou calcular quanto as mulheres que sofrem assédio gastaram. Os valores variam entre R$ 600 mil a R$ 6,24 milhões, já convertidos do dólar.

Além dos gastos com assitência jurídica, tratamentos médicos e medicações e tratamentos psicológicos, é comum que vítimas de violência sexual enfrentem dificuldades para manter sua produtividade profissional devido ao estresse pós-traumático, enfrentando, ainda, profunda dimunição em sua renda.

Mito 2: Se fosse verdade, teria denunciado no mesmo dia

Esse aqui é dos mais batidos. E, sobre ele, vou apenas fazer uma comparação. Quando você, por exemplo, bate seu carro ou perde um documento, se sente supermotivado a ir até uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência? Ou fica desanimado por já imaginar que vai ser um perrengue?

Pois é, agora tente imaginar que você esteja machucado, violado, traumatizado e vivendo em um mundo que te culpa pela violência que sofreu. Ia preferir ir para uma delegacia ou para o acolhimento da sua casa?

Mito 3: Ela que se colocou em risco

Esse aqui tem apenas uma função: tirar a responsabilidade dos homens pelos seus atos violentos.

Se estar no mesmo ambiente que um homem significa risco de morte a mulheres, ficamos num beco sem saída, você não acha?

Talvez —assim, só jogando uma ideia aqui— seja responsabilidade dos homens não se aproveitarem da força física para abusarem de mulheres que confiaram neles. Mas, enfim, posso estar sendo muito radical nessa proposta.

Mito 4: Eu conheço ele, sei que não faria isso

De acordos com dados divulgados ontem (20) pelo 17º Anuário de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em casos de estupro com vítimas de 0 a 13 anos, 86,1% são conhecidos da vítima, sendo que 64,4% são parentes. Já quando as vítimas têm mais de 14 anos, 77,2% dos violadores são conhecidos, sendo que, desses, 24,3% são parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

Deu para entender por que conhecer alguém não tira a possibilidade de a pessoa ter cometido um crime?

Mito 5: Estupradores são monstros, não homens comuns

Como mostra o item anterior, estupradores são pessoas próximas das vítimas, muitas vezes queridos por quem está no entorno. Estuprador é o homem comum. Até preferiria que ele fosse um monstro, porque aí seria identificado facilmente, e nossa vida ficaria mais segura.

Por isso, é importante lembrar que conhecer ou gostar de alguém não é nenhum atestado de que essa pessoa não comete, cometeu ou cometerá condutas criminosas ou antiéticas.


É explícita a contradição dos apoiadores de estupradores condenados. Eles, pelo perfil, são aqueles que adoraram bradar que "o Brasil é o país da impunidade", mas que não hesitam em dar chiliques diante da punição de um estuprador.

Eles não sabem, mas reproduzem aquilo que a ciência criminal chama de "seletividade penal", isto é, querem punição, de preferência, a máxima e mais dura, mas não para quem se parece com eles, porque esses eles conhecem, são iguais entre si, jamais fariam isso. Será?

O que você está lendo é [Caso Prior: 5 mitos sobre estupro usados por quem ainda o defende].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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