Amo meus filhos, mas seria feliz sem eles: o que aprendi com minha mãe

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Cristiane Guterres

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Embora a sociedade sempre tenha enfiado goela abaixo que a maternidade é o complemento que falta para a felicidade feminina, muitas de nós já descobrimos que esta é uma das maiores falácias do machismo.

Veja bem: não estou dizendo que ser mãe é ruim, só estou chamando sua atenção para refletir se é tão maravilhoso e instintivo assim, como nos contaram.

Por exemplo, me responda se você for mãe: sua maternidade está num paraíso emocional de perfeições e romantismo? Seja sincera com você mesma na sua resposta porque a minha eu já sei: é um belo de um não. Amo meu filho, amo ser mãe dele, mas tem dias que me sinto cansada e angustiada, e esses sentimentos não são bons e nem me preenchem, como disseram que eu me sentiria preenchida caso me tornasse mãe.

Tem mulheres que adorariam ser mães, mas quando refletem sobre os desafios de se criar um filho, acabam desistindo mesmo diante da vontade. E aí, nesse momento, contar à família e aos amigos sobre sua escolha de não ter herdeiros pode ser interpretada como egoísmo, desequilíbrio emocional e infelicidade.

Uma mulher que declara "eu não quero ter filhos" costuma ouvir que é louca ou não pensou direito, que vai mudar de ideia mais para frente ou que só está dizendo isso porque nunca se apaixonou de verdade. Aliás, essa última é a frase que mais me intriga. Dados os números alarmantes de abandono paterno nesse país, era mais significativo que nós fossemos desencorajadas a engravidar em meio a uma paixão fulminante.

Há quem diga que, sem filhos, você não terá ninguém para te ajudar quando a velhice chegar, como se filho fosse a certeza de carinho e acolhimento na terceira idade. Não é.

Minha mãe me dizia: "Você não precisa de filhos nem de homem para ser feliz". E só hoje, sendo mãe, é que entendo exatamente o que ela queria me dizer: "Amo meus filhos, mas também seria feliz sem eles".

Esse é o caso da minha mãe, mas cada mulher é única e tem o direito de fazer suas escolhas. Maternidade deveria ser uma escolha, mas num país com imensas desigualdades sociais, com políticas públicas de contracepção e planejamento familiar ineficientes, números alarmantes de estupros e aborto criminalizado, a maternidade está longe de ser uma escolha para a grande maioria das mulheres brasileiras.

Talvez nós sejamos a primeira geração de mulheres que conversa abertamente sobre ter ou não filhos. E as que optam por não serem mães têm razões diversas para essa decisão.

É essencial reconhecer que nem todas as mulheres sentem uma inclinação natural ou um desejo de serem mães, e isso é perfeitamente aceitável. Em vez de pressioná-las a se conformarem às expectativas da sociedade, devemos apoiar e respeitar suas escolhas, quer envolvam a maternidade ou não.

O que você está lendo é [Amo meus filhos, mas seria feliz sem eles: o que aprendi com minha mãe].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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