Patricia Hill Collins critica uso comercial do termo empoderamento

Luciana Bugni Colaboração para Universa, em São Paulo Patrícia caminha pelo bairro dos Jardins como uma local. Está hospedada na região da rua Haddock Lobo há semanas e tem visitado diversos locais a trabalho, mas tirado um tempinho para passeios que lhe interessam, como visitar um terreiro de candomblé e fazer aulas de samba. Pergunto se ela é sempre assim, alegre: como é possível militar sorrindo? A intelectual discorda com estranhamento. "Feliz, eu?" Afirma que o sorriso que vejo nas fotos é o "brazilian smile", como as pessoas próximas apelidaram. Patricia Hill Collins: "Nunca estive com brasileiros desencorajados" 💥️O Brasil de 2023 Patricia Hill Collins esteve no Brasil em 2022 e, desta vez, diz ter sentido o país diferente. "Parece que dá para respirar de novo. A energia das pessoas é maravilhosa. Nas faculdades, há gente positiva, olhando para o futuro. Precisamos nos voltar para a juventude como a geração do agora e o Brasil faz isso muito bem". "Nunca estive com brasileiros desencorajados. Sempre encontro quem esteja pensando, escrevendo e lutando", afirma. Em São Paulo, conheceu um cursinho preparatório de vestibular e ficou encantada com o que viu. "Dizem que alunos do ensino médio não ligam para nada, mas eles estão ali estudando aos sábados e domingos com professores que são universitários voluntários. E os pais se juntam para fazer almoço. Isso é desenvolvimento em comunidade", conta, empolgada. Em compensação, ficou chocada ao presenciar, na avenida Paulista, a ação de policiais com cachorros tirando da calçada pessoas em situação de rua. 💥️Leitora de Djamila, Conceição e Marielle Por muito tempo, Collins não leu autores brasileiros por falta de tradução para o inglês. As tecnologias de tradução online derrubaram essa barreira e, agora, ela tem lido a filosófa Djamila Ribeiro, a escritora Conceição Evaristo e a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 — "que não é escritora, mas é uma intelectual gigante". "Tenho me aproximado respeitosamente das ideias dela. Conheci uma pessoa que foi presenteada por Marielle com um livro meu. Isso me fez ganhar a viagem", afirma. Ela finaliza a conversa lamentando não ter conseguido treinar a língua portuguesa —que ela tenta aprender— durante a viagem ao Brasil. "Não estou conseguindo falar", diz, com sua voz rouca. Recomendo que use própolis para aliviar a dor na garganta. Patricia Hill Collins, que nunca havia escutado essa palavra, pede-me para explicar do que se trata. Quando escuta que o medicamento é natural e deriva do mel, tira rapidamente um post it e uma caneta da bolsa e me pede para anotar o nome. Ela lê a palavra, repetindo sílaba por sílaba. Se for para garantir o alcance de sua voz, vale tentar de tudo.
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