Atriz que faz a Joy em Todas as Flores fala sobre transição capilar
Ainda que ligada ao mundo artístico desde cedo — cantava no Coral de Paris desde os 8 anos —, ela se assustou com o convite do diretor Luiz Fernando Carvalho para seu primeiro papel como atriz, a Sophie em "Velho Chico". "Nunca tinha pensado em atuar", diz a 💥️Universa.
Após sete anos no Rio, ela, que nasceu e viveu em Paris até os 18 anos, está adaptada à cultura brasileira e brinca com o sotaque carioca puxando o "s" ao falar. "Acho que estou sem sotaque já, espero."
Fizemos dez perguntas para a Joy de "Todas As Flores", confira a seguir.
💥️UNIVERSA: Você é cantora, atriz e fez faculdade de moda. Quando a arte apareceu na sua vida?
Yara Charry: Minha mãe era modelo, então desde pequena a moda sempre fez parte da minha família. Ela sempre dividiu isso comigo e o desejo de fazer moda, ser estilista sempre teve um lugar muito grande.
Ela e meu pai sempre me apoiaram. Eles sempre me colocaram em várias atividades: fazia natação, equitação, esgrima, vôlei... Era uma jovem com muita coisa para fazer. A arte sempre fez parte da minha vida, da minha adolescência. Mas o teatro e o cinema nunca passaram pela minha cabeça.
💥️E como surgiu o desejo de atuar?
Eu pensava muito mais na música e na moda do que na atuação. Cursava o primeiro ano da faculdade de moda enquanto trabalhava com música no Coral de Paris. Quando entrei de férias, uma pessoa me ligou da Globo falando que o diretor Luiz Fernando Carvalho, da novela "Velho Chico", queria falar comigo. Eu não sabia do que se tratava.
💥️O que te impulsionou a tomar a decisão de deixar a França e vir morar no Brasil?
Quando estava gravando "Velho Chico", comemorei pela primeira vez o aniversário longe da minha mãe. Ela me ligou e disse "você não está comigo porque você está fazendo o que você ama". Aí descobri internamente que realmente estava fazendo o que eu amava. A chave rodou ali.
Foi um processo deixar família, meu país, a faculdade. Quando a novela acabou, liguei para meus pais e falei que não voltaria para Paris, que queria ficar no Rio para entender se era isso mesmo. Estou aqui desde então, e entrei na faculdade para fazer cinema e artes cênicas. Isso fez com que me adaptasse muito mais rapidamente.
💥️Qual foi o principal desafio ao mudar de país?
Quando você chega em um lugar diferente, o primeiro impacto é a cultura. Existe diferença entre os europeus e os brasileiros: aqui tem uma coisa bem humana, calorosa, que talvez o francês não tenha tanto. O brasileiro abraça e se torna amigo à primeira vista. Lembro que quando eu cheguei na primeira semana de trabalho, todo mundo me abraçava. Hoje, amo abraçar.
Morar sozinha também foi um desafio porque sou muito próxima da minha família. Além de morar num outro país, estar a muitos quilômetros da sua família dá medo. Quando acontece algo na sua vida, seja emocional ou fisicamente, você procura as pessoas mais próximas. As minhas estavam a 12 horas de voo. Mas, ao mesmo tempo, eu estava trabalhando, estudando, não tinha tempo muito de pensar nisso.
💥️Você fica bem quando está sozinha?
Me considero autossuficiente. Obviamente, é sempre bom ter companhia, alguém com quem conversar, com quem trocar. Mas adoro cuidar de mim e ir à praia sozinha. Sou motociclista, amo andar de moto pelo Rio sozinha e sempre gostei de ir ao cinema sozinha para estudar sobre algum personagem.
Não é porque se está sozinha que necessariamente você se sente sozinha ou está triste porque não tem ninguém ao seu lado. Não é sobre isso. A mulher escolhe o momento de solitude que ela quer ter. E esse é o poder.
💥️O que é beleza para você?
Sou grata por ter tido a minha mãe por ela ter me ensinado a ver beleza em mim. Quando eu era pequena, ela sempre olhava e dizia "você é linda", "se você adora isso, continue fazendo". Ela sempre me apoiou, me perguntava se eu estava me sentindo bem, se quando eu saia na rua, se eu me sentia confortável.
Isso inspira você a gostar do que está fazendo, a gostar de você mesma. Ter é consciência da sua beleza interior é muito importante.
💥️Como menina negra, como foi o processo de reconhecer sua beleza?
Foi mais tranquilo pelo apoio que tive. Mas já passei por períodos de questões com meu cabelo, que toda mulher negra já passou, pelo menos nos anos 2000.
Na escola, minhas coleguinhas tinham cabelos lisos. Sempre me perguntavam por que eu tinha cabelo cacheado. Eu chegava em casa e falava "mãe, um menino me perguntou porque tenho cabelo cacheado, mas adoro meu cabelo e vai ficar assim". Passamos por situações que fazem a gente se questionar. Mas sempre me senti muito bem comigo mesma.
💥️Qual a história da sua transição capilar?
Aos 15 anos, decidi alisar meu cabelo. Há um ano, estou em transição capilar. No dia que gravei a campanha para a OUi Paris, há um mês, foi a primeira vez que vi meu cabelo natural, sem nenhuma química, em anos.
Tivemos um retorno muito legal. As pessoas curtiram esse formato, que as deixa ansiosas. Amigos que não necessariamente assistem a novelas diariamente, às vezes devido ao trabalho, me contaram que chegavam em casa às 22 horas na quarta-feira e assistiam cinco capítulos na mesma noite.
A gravação também é diferente: na TV é mais corrida, uma atrás da outra e quase simultaneamente com o que as pessoas estão assistindo. Quando estamos em uma novela como "Vai na Fé" ou as outras que estão agora no ar, gravamos o capítulo em uma semana e na próxima já temos retorno do público, então conseguimos modificar ou melhorar. A segunda temporada de "Todas As Flores" foi gravada há meses e só estreou agora, em abril. Tem essa tranquilidade de já ter entregado.
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