Com quantos caras ela já transou?: número alto é melhor pra mulher

'Com quantos caras ela já transou?': quanto maior número, melhor pra mulher
Experiências sexuais são essenciais para aprendermos quem somos e do que gostamos - George Coletrain/Unsplash

Fico impressionada com a genialidade dessa juventude. Que dica sensacional. Além disso, uma conta feita de cabeça, em tempos tecnológicos, é realmente algo a aclamar de joelhos.

Ironias à parte, vamos analisar esse raciocínio. Todos nós desejamos ser sexualmente satisfeitos, afinal o sexo é mais do que sua função biofisiológica. Quando bem feito na relação com outras pessoas, promove intimidade, fomenta a sensualidade, o erotismo, melhora a autoestima e a autoimagem, nos faz sentir desejados, admirados e amados.

O sexo tem a sua porção instintiva —convenhamos, poucos não saberão onde enfiar o quê. Mas isso está muitíssimo distante de tornar a relação sexual prazerosa. Se fosse puro instinto, os índices de disfunções sexuais masculinos e femininos não seriam altíssimos no Brasil.

Nós aprendemos muito com as experiências sexuais que temos ao longo da vida, pois também nos desenvolvemos. Vivências sexuais nos tornam mais conscientes do próprio corpo e das potencialidades dele. Aprendemos a lidar com o medo de ser julgado e avaliado e a acolher a vulnerabilidade alheia.

Percebemos como os sinais de prazer se manifestam nas pessoas, de diferentes maneiras, cada qual com suas peculiaridades físicas e emocionais.

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Muitas vezes, as parcerias boas de cama, usando a expressão popular, não são os amores mais fraternos ou as paixões arrebatadoras. Para quem gosta de sexo, isso pode ser uma frustração no futuro. O melhor sexo oral da vida, por exemplo, pode ser só uma memória se a parceria atual é também interessante nesse quesito, ou muito interessante em outras práticas. Agora, se o sexo atual não tiver qualidade, química, ou pegada, a frustração surgirá.

Sendo assim, poderíamos supor que a verdadeira fórmula de sucesso seria a inversa do jovem sábio: quanto mais parcerias e experiências, maiores as chances de uma pessoa ter uma boa performance sexual. Mas também não acho que é bem por aí.

Avaliar alguém pelo número de pintos que ela já conheceu é, de longe, a coisa mais burra que alguém pode dizer. Todas as pesquisas sobre satisfação sexual em relacionamentos revelam que é a intimidade que faz a diferença. Homens e mulheres precisam de parcerias abertas e com disposição para conhecer e acomodar o erotismo de ambos.

É impressionante como em pleno século 21 mulheres tenham que economizar sexo para serem escolhidas para um compromisso. Para depois, lá na frente, serem acusadas de frescura quando não querem transar ou de negar uma ou outra prática sexual por nojo ou puritanismo. Mas, pelo jeito, o jovem mestre do relacionamento não está preocupado com isso. Imagino que ele, ao se relacionar com uma mulher com pouca experiência sexual, acredite que assim não correrá o risco de ser avaliado, já que não há possibilidade de comparação.

Como alguém que estuda sexualidade e atende pessoas e casais há mais de 30 anos, sinto informar que se o objetivo final de fazer essa conta é garantir idolatria e fidelidade, tire o cavalo da chuva. As pessoas sempre dão um jeitinho de colocar o desejo em perspectiva. "Tive poucas experiências", "não conheço outros pintos", "como será que é?" Não diga que eu não avisei.

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