Viúva fala dos cinco anos sem Anderson Gomes, motorista de Marielle

Desde 2023, o sargento reformado e expulso da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz estão presos preventivamente e respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima) e pela tentativa de homicídio contra uma assessora de Marielle, que também estava no carro e sobreviveu.

"Claro que cobrar a gente cobra, mas acho que algumas coisas não têm como voltar atrás. Não dá para fabricar provas", observa ela, enquanto brinca com Arthur, 6, seu único filho com Anderson.

Enquanto aguarda respostas, Agatha se reinventa e toca a vida. Formada em direito, cursou pós-graduação em direitos humanos durante a pandemia e passou no vestibular para educação especial. Também fez uma plástica, namorou por quatro anos, ficou noiva e não descarta outro filho. Conheceu lugares que não conseguiu visitar com Anderson e até se permitiu "noitadas".

"Até o ano passado eu era a mãe do Arthur e a viúva do motorista da Marielle. Agora quero ser a Agatha", diz a 💥️Universa. A seguir, alguns trechos da entrevista.

Um novo amor

Pouco tempo depois que o Anderson faleceu, uma amiga do trabalho me incentivou a baixar um aplicativo de relacionamento, mas desinstalei em seguida. Meses depois, reinstalei e uma pessoa falou comigo.

O primeiro encontro foi horrível. Eu ainda usava a minha aliança e a do Anderson. Fora que tenho uma tatuagem no pé com o nome dele.

Também tive a sensação de que estava fazendo algo errado. Fiquei bem perdida.

Eu me preocupei com o que as pessoas falariam por estar com outro homem e ainda postar coisas do Anderson na rede social

Mas, depois de um tempo, consegui botar cada coisa no seu lugar. O Anderson não vai sumir da minha vida porque conheci outra pessoa. Não troquei de marido nem mudei de namorado. Ele é o pai do meu filho e estou brigando para que a gente tenha uma resposta para o crime. Mesmo assim, um dos motivos para ter terminado o relacionamento foi o fato de ainda carregar esse título de viúva que me foi imposto.

Os cuidados com o filho

Agatha e Arthur - Zô Guimarães/ysoke - Zô Guimarães/UOL Agatha Arnaus - Zô Guimarães/ysoke - Zô Guimarães/UOL Agatha Arnaus - Zô Guimarães/ysoke - Zô Guimarães/UOL

Agatha brinca com o filho: "Não quero ser mártir"

Mas se pudesse dar uma parte do meu corpo para que ele estivesse aqui, daria. Até mesmo trocaria de lugar para ele ficar com o Arthur.

Eu podia ficar chorando e criar uma postura de coitadinha, porque em alguns momentos isso é cômodo. Também não quero ser um mártir. Já me permiti desabar como já tive uma fase de querer ser uma casca de tão forte. Mas decidi correr atrás do que tinha vontade.

Fiz pós-graduação em direitos humanos no meio da pandemia e agora quero estudar para prestar concurso. Fiz Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e passei para educação especial, mas decidi não fazer porque tenho a sensação de que ainda não encontrei o que eu queria.

Até o ano passado eu era a mãe do Arthur e a viúva do motorista da Marielle. Agora quero ser a Agatha.

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