Vice-governadoras rejeitam função decorativa e focam na área social
Embora a presença feminina na política seja crítica, já foi pior. Desde 1997, partidos e coligações são obrigados, por lei, a preencher 30% das candidaturas com mulheres nas eleições proporcionais (deputados e vereadores).
Compensação financeira
A lei também determina que 30% dos recursos do fundo eleitoral sejam destinados às candidaturas delas. Até recentemente, esta regra só valia para as eleições proporcionais. Mas, em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral determinou que as candidaturas majoritárias (para presidente, governador, prefeito e senador) também contam no fundo eleitoral.
Assim, a presença das mulheres passou a compensar financeiramente. Como resultado, naquele ano, o Brasil elegeu mais mulheres para o cargo de vice do que em qualquer outro momento da história: sete.
"Quando há uma mulher como vice, partidos e coligações podem gastar esse dinheiro na candidatura majoritária. Esse fenômeno começou em 2018 e se repetiu em 2022", explica Eneida Desiree, professora de Direito Constitucional e de Direito Eleitoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e idealizadora da ONG Política Por/De/Para Mulheres.
A legislação cria maiores oportunidades para as candidatas na política, mas ainda não é o bastante, de acordo com Thânsia Cruz, diretora de projetos da ONG Elas no Poder, que atua para levar mais mulheres aos espaços de decisão. Uma pesquisa feita em 2023 pela ONG em parceria com o projeto "Me farei ouvir" mostrou que 54% das mulheres ouvidas não tinham intenção de se candidatar a um cargo público.
A seguir, conheça as seis vice-governadoras eleitas em 2022.
Mailza Assis (PP), Acre: "Minha área é a social"
Antes de ser vice-governadora de Santa Catarina na chapa encabeçada por Jorginho Melo (PL), foi delegada da Polícia Civil durante 30 anos, candidata a vereadora e candidata à vice-prefeita de Joinville. Tem 58 anos. Quando era delegada, costumava ter sugestões ignoradas pelas lideranças políticas. "Não era ouvida. Então decidi entrar na política", conta. De 2012 — quando disputou a primeira eleição —, até hoje, o cenário melhorou para as mulheres, ela avalia. "Na eleição para vereadora, tive dificuldade para conquistar o voto das mulheres. Agora, isso não acontece".
A experiência na polícia fez com que se sentisse confiante em postos de liderança, mas afirma que a política ainda é agressiva para elas. Muitas não se candidatam por medo, diz. "É um mundo dos homens". Como vice, uma de suas principais bandeiras é o combate à violência de gênero.
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