Garimpo: como é o tratamento das mulheres em áreas extrativistas?

30.nov.1989 - Piloto da FAB leva mulher vítima do garimpo para posto médico de Surucucus, na terra Yanomami - Charles Vincent/ISA

O trabalho das mulheres pode ser muito mais limitado dependendo do acesso ao garimpo. Mas, hoje, algumas delas vão inclusive com o marido. Elas vão para cozinhar, mas também eles querem que elas façam o serviço sexual. Na cozinha, podem ganhar 10g a 15g de ouro, o que, dependendo da cotação do ouro, pode chegar a R$ 5 mil. 💥️✅Francilene dos Santos Rodrigues

💥️Há uma maior presença de mulheres imigrantes, especialmente da Venezuela. Segundo a pesquisadora, com o advento da globalização e, consequentemente, o aumento da mobilidade humana, o garimpo acaba se tornando uma alternativa também para muitos migrantes de outros países.

Um exemplo se dá na relação dos venezuelanos com o garimpo brasileiro. Francilene afirma que, durante uma pesquisa em 2005, a presença destes migrantes era inexistente em garimpos brasileiros. No entanto, dez anos depois, a situação mudou, acompanhando o cenário socioeconômico do país. Por conta da discriminação e xenofobia, os migrantes não conseguem emprego no país e o que vira alternativa é o garimpo.

Às vezes, essas migrantes chegam por meio de uma rede de tráfico de pessoas, 💥️diz a pesquisadora.

💥️Mulheres indígenas são extremamente vulneráveis. Além das mulheres migrantes e brasileiras que atuam no garimpo, as indígenas também estão submetidas a situações degradantes. Denúncias apontam que garimpeiros abusam sexualmente de meninas e mulheres em comunidades indígenas, algo que tem se intensificado com o avanço do garimpo ilegal na região.

Aquela moça que você levou consigo é sua irmã? Se você fizer ela deitar comigo, sendo que você é o irmão mais velho dela, eu vou pagar 5 gramas de ouro. 💥️Depoimento de um yanomami sobre o aliciamento de um garimpeiro.

No ano passado, uma indígena de 12 anos morreu após ser estuprada por garimpeiros na região do Waikás, em Roraima.

Os garimpeiros invadiram a comunidade do Arakaça, onde vivem mais ou menos 30 yanomamis. Tinha uma mulher mais velha com a adolescente e uma criança. Os garimpeiros invadiram e raptaram eles. A adolescente foi violentada até a morte. A tia tentou proteger ela e a criança, mas os garimpeiros jogaram a criança no rio.💥️ líder indígena Júnior Hekurari Yanomami.

💥️A violência pode ter impacto direto na saúde dos indígenas. Segundo Franciele, houve um aumento de IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) na população, pode ser um reflexo do avanço do garimpo ilegal.

Na medida em que esse garimpo se aproxima dessas terras, meninas adolescentes, que andam desnudas na frente de não-brancos e cuja sexualidade está se desenvolvendo, acabam se tornando mais vulneráveis. O número de IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) nos indígenas, por exemplo, aumentou. 💥️Francilene dos Santos Rodrigues.

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