Orizicultores com perdas devido ao preço de venda abaixo dos custos - produtores
O Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado alertou sexta-feira para as dificuldades que o setor enfrenta, com perdas na ordem dos 40 milhões de euros, devido ao preço de venda abaixo do custo de produção.
“A campanha de arroz, que está praticamente concluída, correu bem e o arroz tem uma qualidade boa, mas a má notícia é que temos uma previsão de venda do arroz em casca a preços completamente fora do normal”, disse à agência Lusa o presidente do Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado (Aparroz).
Segundo o dirigente, o preço de venda do arroz “passou de 550 euros/tonelada, na campanha anterior, para 350 euros, nesta campanha” agrícola.
“Ou seja, estamos a produzir abaixo do preço de custo, quando os produtores não baixaram o custo de produção por hectare, o que vai representar para os 1.500 produtores portugueses uma perda de perto de 40 milhões de euros”, sustentou.
E acrescentou que, perante o atual cenário, “não existem condições de viabilidade económica” para a cultura do arroz.
“A indústria invoca alguma quantidade de arroz em stock, o ano passado, que não conseguiu vender, invoca também quebras nas exportações para o Médio Oriente do arroz carolino, cujos mercados foram invadidos pelo arroz americano e australiano”, explicou João Reis Mendes.
No entanto, argumentou, “a indústria tem outros mercados e o preço do arroz nas prateleiras do supermercado não baixou”.
Estas preocupações vão ser discutidas com os produtores de arroz do Vale do Sado, Ribatejo e Mondego, numa reunião agendada para segunda-feira, pelas 11:00, na Associação de Regantes de Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.
No encontro, os produtores pretendem “avaliar o impacto dos preços de venda abaixo do custo de produção”, que “tem comprometido a sustentabilidade económica” das explorações agrícolas”, e delinear “uma estratégia de atuação” para proteger e fortalecer o setor.
“Estamos a falar de 28 mil hectares e de aproximadamente 1.500 agricultores” destas três regiões “que vivem desta atividade”, precisou o dirigente, acrescentando que “os preços que estão a ser oferecidos aos agricultores são impensáveis”.
João Reis Mendes disse à agência Lusa que a Associação de Orizicultores de Portugal já alertou o ministro da Agricultura para esta situação, enfatizando a urgência de respostas que permitam resolver o problema.
“Agora temos a produção na mão para vender e não temos alternativa, ou seja, estamos numa situação muito complicada”, vincou.
De entre as várias medidas, os produtores defendem “a possibilidade de existirem apoios à armazenagem do arroz” e exigem “a subida do preço de venda” por parte da indústria nacional.
“As organizações de produtores têm também de arranjar alternativas e arranjar mercados fora do país para não estarmos dependentes de quatro ou cinco indústrias portuguesas que estão muito bem articuladas”, acrescentou.
No final de mais uma campanha agrícola, o dirigente estimou uma produção de cerca de seis mil quilos de arroz por hectare e garantiu que, este ano, “a qualidade do arroz é melhor” em relação à campanha anterior.
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