COP29: Chefe de delegação do Parlamento Europeu defende mecanismos para penalizar poluidores
A eurodeputada portuguesa Lídia Pereira defendeu hoje que são necessários “mecanismos para assegurar que poluir vai sair caro” e que investir na transição energética é lucrativo.
“Precisamos de mecanismos para assegurar que poluir vai sair caro e que investir na eficiência energética é lucrativo”, disse Lídia Pereira, chefe da delegação do Parlamento Europeu à conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP29) que decorre em Baku, Azerbaijão, até sexta-feira.
Em conferência de imprensa com o comissário europeu para a Ação Climática, Wopke Hoekstra, em Baku a eurodeputada social-democrata alertou que alcançar um acordo na COP29 “é do interesse de todos os países” e advertiu para as consequências cada vez mais visíveis das alterações climáticas.
“Infelizmente assistimos a fenómenos climáticos extremos cada vez mais frequentes, mais violentos. Quero recordá-los dos incêndios a que assistimos em Portugal, em setembro, e ao mesmo tempo houve cheias na Europa, em Espanha, em Valência e Málaga”, disse.
As consequências das alterações climáticas “estão diante dos nossos olhos” e necessitam de “resposta que leve a sua mitigação”, sustentou a eurodeputada.
Os efeitos “são irreversíveis”, mas a eurodeputada mostrou-se otimista em relação ao “acordo alcançado ao nível do G20 [as 20 maiores economias mundiais], que abre caminho a encorajar as partes na COP29 a alcançarem um acordo forte”, completou.
Lídia Pereira disse esperar que até ao final da chamada cimeira do clima seja possível alcançar um acordo com uma linguagem que estabeleça um compromisso claro dos países no sentido de reduzir as emissões.
Portugal piorou em matéria de desempenho climático e desceu duas posições num índice anual, ainda que continue na lista dos países mais bem classificados.
A posição de Portugal era no ano passado a 13.ª e este ano o país está em 15.º lugar numa lista de países classificados no chamado “Índice de Desempenho das Alterações Climáticas” (CCPI na sigla original).
O CCPI é hoje apresentado na COP29. É da responsabilidade das organizações internacionais “Germanwatch”, “NewClimate Institute” e “CAN International”. A CAN – Rede de Ação Climática, é uma rede global de mais de 1.900 organizações da sociedade civil em mais de 130 países que promove ações para combater a crise climática e alcançar a justiça social.
O CCPI analisa e pontua as políticas climáticas de cada país, fazendo parte da lista 66 países (e União Europeia), que representam 90% das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) do mundo inteiro.
Na verdade não são 66 países porque o CCPI deixa sempre os três primeiros lugares em branco, assinalando que nenhum país está completamente alinhado com o objetivo do Acordo de Paris sobre o clima de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus celsius (ºC) em relação à época pré-industrial.
Assim, no lugar cimeiro, que é na verdade o quarto, mantém-se a Dinamarca, seguida dos Países Baixos e do Reino Unido, este com uma grande subida. No grupo dos 15 países a verde seguem-se as Filipinas, Marrocos e Noruega, entre outros, com Portugal a fechar a lista.
A amarelo surge depois mais um grupo de países, do 16.º ao 34.º lugares, numa lista encabeçada pela Alemanha e fechada por Malta.
A Bélgica surge no lugar 35, já na lista laranja, que inclui países como a Nova Zelândia, Itália ou Hungria e que é fechada na posição 52 com a Austrália.
Os países com pior desempenho ambiental, a vermelho, são 15, incluindo a China e os Estados Unido, os maiores emissores de GEE, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, a Federação Russa ou a Turquia.
Do “ranking” destaca-se ainda a posição de União Europeia, no 17.º lugar e as grandes subidas na lista de países como a França, Irlanda, Eslovénia ou Malásia, além do Reino Unido.
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