Ministro apela para que agricultores notifiquem mortes de animais por língua azul

@Confagri CCRL


O ministro da Agricultura apelou ontem para que os produtores notifiquem as autoridades das mortes de animais por língua azul, acrescentando haver o registo de apenas quatro mil ovinos mortos, o que impede o apoio de fundos europeus.

“Queremos que os agricultores nos digam os animais que morrem por língua azul. Há 51 mil animais, ovinos, que morreram, em dois milhões de efetivos, uma taxa de mortalidade de 2,5%. Mas, certeza dos que morreram por língua azul, as notificações que recebemos são quatro mil. Isto representa dois animais por mil efetivos”, adiantou José Manuel Fernandes aos jornalistas, à margem do Fórum Regional Europa Pós-2027: Quo Vadis?, que decorre em Guimarães, distrito de Braga.

O governante pede a agricultores e produtores que “não tenham receio” de informar as autoridades do número de animais mortos devido à doença da língua azul, até porque isso vai ajudar a que possam ser acionados recursos de fundos europeus.

“Por exemplo, pretendia recorrer à reserva de crises da União Europeia, mas tenho de dar os dados verdadeiros e efetivos. E nesses dados, a taxa que apresento é de dois animais mortos por língua azul em cada mil, quando tenho a perceção de que são muitos mais. O facto de haver uma notificação que é muito baixa em relação às mortes prejudica o objetivo de considerarmos que há uma calamidade, que existe, mas que os números, face às notificações que recebemos, não dão essa dimensão”, frisou o ministro da Agricultura.

Na segunda-feira, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) avançou que o surto de língua azul se agravou, com prejuízos acima de seis milhões de euros e sem capacidade para recolher os animais mortos devido à doença.

Em comunicado, a CAP alertou para um aumento da mortalidade desde o início de setembro, período em que se contabilizam “mais 40 mil mortes entre a população de ovinos, face a igual período do ano passado” e que o setor “precisa urgentemente de ajudas”.

Para conter os efeitos, a CAP insta a inclusão imediata da vacinação obrigatória contra o serotipo 3 da Língua Azul para ovinos e bovinos no Programa de Sanidade Animal sem encargos para os produtores.

O ministro da tutela lembra que desde 23 de setembro que os animais já podem ser vacinados, após uma autorização temporária do Governo, para que fosse administrada uma vacina, que ainda não está a ser comercializada.

“A vacina ainda não está autorizada em termos comerciais pela autoridade europeia do medicamento. Já pode ser dada, mas ainda não está comercializada. Demos uma autorização temporária. Não sabemos a verdadeira eficácia da vacina que existe neste momento”, explicou o governante, sublinhando não haver até agora registo de mortes de bovinos por língua azul.

A vacina em causa custa 2,65 euros e não terá custos para os agricultores ou produtores.

“As organizações de produtores, de sanidade animal, administram a vacina e nós pagaremos o custo. Para este ano temos um milhão de euros, que presumo que seja suficiente para este orçamento de 2024”, referiu José Manuel Fernandes.

O ministro da Agricultura e Pescas deixou ainda um apelo para a prevenção, nomeadamente das explorações que não estão a ser afetadas pela doença, sublinhando que, além da vacina, “há também planos de desinsetização” que os produtores e os agricultores podem fazer e que o Governo tenciona apoiar.

“A prevenção é essencial, porque agora temos o serotipo 3, mas não estamos livres de um outro serotipo, que pelos vistos já existe aí pela Europa. Portanto, não podemos andar sempre a correr atrás do prejuízo, e temos de conseguir apostar e reforçar a prevenção, além da investigação”, frisou o governante.

A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos, sendo a sua transmissão feita através de um mosquito, não afetando a qualidade da carne, do leite ou dos seus derivados que possam vir de animais infetados.

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