Parem a contagem: como novo Twitter pode interferir na apuração nos EUA

Donald Trump e Kamala Harris durante debate na ABC News

Donald Trump e Kamala Harris durante debate na ABC News Imagem: Saul Loeb/AFP

Talvez não saibamos os resultados das eleições americanas nesta noite. Na última disputa, entre Trump e Biden, demorou dias até que conhecêssemos o vencedor, e isso pode acontecer novamente. E o que vem a partir daí é tão importante quanto o próprio processo eleitoral.

De acordo com a correspondente da Reuters na Casa Branca, informações da campanha de Kamala Harris esperam que os resultados de alguns estados pêndulos importantes, como Pensilvânia, Arizona e Nevada, levem mais de um dia para serem computados.

O atraso no resultado cria um estado de incerteza que é prato cheio para que notícias falsas e teoria da conspiração circulem na velocidade de um tiro. A narrativa de fraude nas eleições é o mais provável.

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Na verdade, é certeza que isso vai acontecer, especialmente se Trump não sair vencedor até o fim da noite.

Já assistimos esse filme antes em 2023 quando, usando as redes sociais, Trump causou um alvoroço dizendo que as eleições estavam sendo roubadas na cara de todo mundo.

Quem não lembra do famoso tweet "Stop the Count" (Parem a contagem) no momento em que o Joe Biden estava próximo a ultrapassá-lo na contagem de votos?

A polarização continua a mesma, até mais acirrada. O que mudou, no entanto, foi a configuração informacional e comunicacional.

Em 2023, as plataformas faziam grande esforço para garantir a integridade da informação impulsionada por um escrutínio público. Agora a sensação é de liberou geral, especialmente no X (antigo Twitter).

No último pleito, o X foi um dos primeiros a agir contra a ofensiva de Trump contra o processo eleitoral.

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Ainda em maio de 2023, a plataforma marcou com uma etiqueta um tweet do republicano que, mesmo sem nenhuma prova, colocava como fraudulenta a votação por correio.

E isso aconteceu em um momento em que Trump ainda era o presidente. Posteriormente, após diferentes excessos contra as políticas da plataforma, acabou banido indefinitivamente.

A história agora é diferente: o X tem um novo dono. E Elon Musk, apoiador declarado de Trump nesta eleição, controla o fluxo de informações na plataforma conforme deseja, tornando-se, ele mesmo, um jogador influente na disputa de narrativas.

Ainda que milhões de usuários tenham deixado a plataforma, é inegável que o espaço continua sendo o ponto de encontro para que políticos tentem influenciar o debate público.

Muitas das conversas que começam no X são rapidamente transportadas para outras plataformas e veiculadas na mídia tradicional.

Um outro conceito pode desempenhar um fator fundamental enquanto acompanhamos a apuração dos votos: a desinformação participatória. É o nome para o fenômeno quando histórias falsas compartilhadas por usuários comuns acabam turbinadas por meio de compartilhamentos e grandes nomes e influenciadores.

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Sem qualquer tipo de moderação, o X pode virar o celeiro de invenções descabidas que serão turbinadas por diferentes contas com milhares de seguidores. Quem sabe até mesmo pelas de Musk e Trump?

Uma coisa podemos antecipar: essa é uma situação que vai nos permitir entender os efeitos de uma rede social com pouca moderação e controlada por alguém que não esconde seu desejo de usar seus recursos para influenciar o jogo democrático.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do.

O que você está lendo é [Parem a contagem: como novo Twitter pode interferir na apuração nos EUA].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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