X derrubou 5 mi de contas, enquanto Musk brigava com Moraes no Brasil

Empresário bilionário sul-africano Elon Musk em Los Angeles, na Califórnia (EUA), e o juiz do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes

Empresário bilionário sul-africano Elon Musk em Los Angeles, na Califórnia (EUA), e o juiz do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes Imagem: ETIENNE LAURENT e EVARISTO SA/AFP

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Enquanto Elon Musk brigava com o ministro do STF Alexandre de Moraes para o X (ex-Twitter) não suspender pouco mais de uma dezena de contas no Brasil, a rede social derrubou mais de 5 milhões de perfis no mundo todo.

Após nomear uma representante legal, o X tenta junto a Moraes autorização para voltar ao ar no Brasil.

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Os dados de remoção fazem parte do relatório de transparência do X, um documento comum entre redes sociais, mas divulgado agora pela primeira vez desde que Musk comprou o site, em 2022. Ele mostra que os critérios mudaram muito na plataforma e que o Brasil não é um dos países que mais aciona a plataforma.

💥️O que rolou

Elaborado pela própria plataforma para mostrar as remoções de conteúdo problemático e o atendimento a pedidos de autoridades governamentais, o relatório de transparência do X compreende o período de janeiro a junho de 2024. Segundo o documento:

  • O X removeu 5,3 milhões de contas, a maioria por exploração infantil (2,8 milhões), abuso e assédio (1,1 milhão) e identidades enganosas (678 mil). Por outro lado...
  • ... A rede social removeu 10,6 milhões de posts, sendo discurso de ódio (4,9 milhões) o motivo principal, seguido de exploração infantil (2,6 milhões) e conteúdo violento (2,2 milhões). Além disso...
  • ... O relatório mostra que o X atendeu quase 71% dos pedidos de suspensão de conta e de posts vindos de órgãos de governo, sendo os países mais demandantes Japão (37 mil remoções), Turquia (6 mil), Coreia do Sul (4 mil) e os do bloco da União Europeia (2 mil).

💥️Por que é importante

O Brasil não figura no grupo dos países que mais pediram remoções ou solicitaram informações ao X. Não é possível ver neste relatório a quantidade de pedidos feitos pelo governo brasileiro. Essa já é uma mudança no que Musk considera transparência, pois, nos documentos anteriores, era possível acessar dados individualizados por país.

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Outra mudança é na forma de flagrar conteúdo problemático, processo feito ora pelo sistema automatizado ora por seres humanos. Os dados indicam que os robôs de Musk parecem ter dificuldade nisso. Um exemplo: quando o assunto é nudez não consentida, os robozinhos foram responsáveis por suspender 520 contas e remover 22,6 mil posts. Já os humanos tiraram do ar 51,5 mil perfis e 134 mil conteúdos. Isso se repete para posts contendo discurso de ódio, abuso e assédio, conteúdo violento e suicídio. A regra só se inverte para exploração infantil.

Os funcionários de carne e osso são mais atuantes ainda que uma das primeiras ações de Musk tenha sido demitir boa parte da equipe de moderação. É bem verdade que ela vem sendo reconstituída, mas a passos bem lentos.

💥️Não é bem assim, mas está quase lá

Ao todo, o X recebeu 224 milhões de denúncias de usuários a respeito de conteúdo problemático. Abuso e assédio (82 milhões) é líder absoluto, seguido por discurso de ódio (67 milhões) e conteúdo violento (40 milhões).

Como as regras mudaram desde que Musk assumiu, é difícil comparar o relatório atual com o último divulgado pelo antigo Twitter. Mas aí vai: no último semestre de 2023, os usuários denunciaram 11,6 milhões de contas, das quais 1,3 milhão foi suspensa.

Quando comprou a plataforma, Musk prometeu um "absolutismo da liberdade de expressão". A julgar pelos números, a visão de liberdade de expressão está funcionando, sobretudo para ofender. Ainda que sejam o segundo item da lista de reclamação de usuários, condutas apontadas como discurso de ódio levaram à remoção de apenas 2.361 contas.

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