O que é reCAPTCHA? Entenda como funciona recurso de segurança do Google
O reCAPTCHA é uma tecnologia do Google que se faz presente em sites e aplicativos comuns na vida dos usuários. Páginas de lojas, aplicativos como o Caixa Tem, NuBank, sites de redes como Pinterest, Zoom ou fóruns e grupos de suporte estão entre alguns dos exemplos de espaços que aplicam a ferramenta.
1 de 7 Função do reCAPTCHA é dificultar a ação de robôs pela Internet — Foto: Divulgação/Google
Função do reCAPTCHA é dificultar a ação de robôs pela Internet — Foto: Divulgação/Google
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O que é reCAPTCHA?
O reCAPTCHA é um serviço de CAPTCHA atualmente mantido pelo Google e que consiste em uma aplicação do teste de Turing: um desafio de simples solução por humanos, mas que se mostra insolúvel, ou muito difícil de resolver, por um computador, robô de Internet ou mesmo uma inteligência artificial.
A principal utilidade do reCAPTCHA, bem como de outros sistemas parecidos, é a de filtrar tráfego em websites e apps, impedindo que softwares que vasculham a Internet criem tráfego artificial ou mesmo sobrecarreguem um serviço, tornando o seu acesso mais difícil por usuários reais. Essa preocupação se faz necessária, pois a Internet é cheia dos chamados crawlers, e outros softwares automatizados, encarregados de vasculhar e indexar conteúdo de forma automática, acessando milhares de páginas por segundo. A medida impede spam, torna a Internet mais segura e aumenta a eficiência de sites do mundo todo.
2 de 7 Versão original da tecnologia era usada para identificar palavras em jornais e livros antigos digitalizados — Foto: Divulgação/GoogleVersão original da tecnologia era usada para identificar palavras em jornais e livros antigos digitalizados — Foto: Divulgação/Google
O termo CAPTCHA é, na verdade, uma sigla em inglês para “Teste de Turing Público Completamente Automático para Diferenciar Humanos e Computadores”. O teste foi criado em 2003, pelo então doutorando guatemalteco Luis Von Ahn, como uma medida para impedir que robôs de Internet criassem contas de e-mail falsas para disparar spam. Na época, ele consistia em uma série de caracteres destorcidos que o usuário precisava identificar sozinho.
Com o tempo, Ahn percebeu que o esforço conjunto de milhões de pessoas identificando caracteres poderia ser direcionado para algo útil além da segurança. Com isso, foi criado o reCAPTCHA que passava a mostrar palavras escaneadas de jornais antigos e livros que não eram facilmente reconhecidas por computador. Cada vez que um número grande de usuários identificava determinada palavra corretamente, esse esforço tornava possível a digitalização de documentos importantes, acervos centenários de jornais como o The New York Times ou obras literárias fruto de processos de impressão mais imprecisos e precários.
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Em 2011 pelo menos 100 milhões de palavras foram corretamente identificadas e digitalizadas por dia. Com o tempo, para aumentar a acessibilidade, a ferramenta passaria a contar com áudio para pessoas com problemas de visão, ou ainda configurações para auxílio de daltônicos.
Na sua forma atual, o reCAPTCHA, que foi vendido ao Google em 2009, usa imagens obtidas do Google Street View e testa o visitante de um site ou app que precisa identificar, ou assinalar corretamente, elementos dentro da imagem, como chaminés, montanhas, entre outros.
O que significa reCAPTCHA?
3 de 7 Ideia do teste é criar um exercício que determina se o usuário é real ou um robô — Foto: Reprodução/GoogleIdeia do teste é criar um exercício que determina se o usuário é real ou um robô — Foto: Reprodução/Google
O termo "CAPTCHA" tem referência à ideia de teste de Turing para separar robôs e computadores de usuários reais. Não há uma explicação oficial a respeito do “re”, mas acredita-se que o novo nome tem relação com “re” de “reverso” (“reverse”, em inglês), fazendo referência à ideia de que o reCAPTCHA é um teste de Turing reverso porque, ao contrário do que Turing sugerira, o CAPTCHA é um exercício que o computador usa para testar humanos.
Uma forma de separar uma coisa da outra são os próprios testes: os exercícios de identificação de palavras faziam parte do CAPTCHA (e já não são mais oferecidos pelo Google). Já as versões com imagens, com a caixinha de seleção "eu não sou um robô" e com o CAPTCHA oculto na página fazem parte da fase reCAPTCHA.
O que fazer quando o reCAPTCHA não aparece ou não funciona?
4 de 7 A mensagem "reCAPTCHA inválido" fez parte da rotina de muita gente que tentou acessar as primeiras versões do Caixa TEM — Foto: Rubens Achilles/TechTudoA mensagem "reCAPTCHA inválido" fez parte da rotina de muita gente que tentou acessar as primeiras versões do Caixa TEM — Foto: Rubens Achilles/TechTudo
Em grande parte dos casos, a falha em carregar o teste, ou em ter sua resposta reconhecida, tem a ver com problemas de conexão com a Internet como sinal instável e conexão lenta, ou sobrecarregada. O inverso desse raciocínio também é válido: o Caixa Tem, da Caixa Econômica Federal, aplicou a tecnologia de reCAPTCHA no esforço de filtrar o grande volume de acessos e muita gente se deparou com o “reCAPTCHA inválido” ao tentar acessar o app.
Nesse cenário, o reCAPTCHA acabou inválido em virtude do fato de que o volume de requisições do teste era tão alto que os servidores responsáveis por gerar e conferir resultados das tentativas de acesso de cada usuário não tinham capacidade de dar conta do volume de pedidos. Em uma situação parecida, mesmo com Internet de alta velocidade e estável, e respondendo corretamente ao teste, era bem possível que seu reCAPTCHA retornasse como inválido.
Como funciona o reCAPTCHA do Google?
5 de 7 Versões mais recentes do reCAPTCHA buscam reduzir a "fricção" no uso da Internet, diminuindo as interrupções no fluxo de navegação dos usuários — Foto: Divulgação/GoogleVersões mais recentes do reCAPTCHA buscam reduzir a "fricção" no uso da Internet, diminuindo as interrupções no fluxo de navegação dos usuários — Foto: Divulgação/Google
Há diferentes versões do reCAPTCHA que aplicam testes e operam de formas diversas. A mais simples é aquela que pede para você identificar fotos em um mosaico com nove imagens diferentes. A partir da identificação correta dos elementos pedidos pelo teste, o sistema reconhece que você é uma pessoa de verdade e libera seu acesso. Caso você falhe no teste, o sistema assume que você é um robô e reinicia o processo, com outra questão e um conjunto de novas imagens.
Uma forma diferente de aplicar o teste, e considerada mais eficiente por ser menos disruptiva no fluxo de navegação por um site, é apresentar uma caixa com “eu não sou um robô” em que você precisa marcar um checkbox. O resultado desse teste é gerado a partir de um conjunto de métricas relacionadas ao seu comportamento na página. Caso esses dados não sejam suficientes, o reCAPTCHA pode ainda pedir que você identifique imagens.
Nesses dois modelos, o reCAPTCHA causa algo que o Google chama de fricção na sua experiência de uso de um determinado site. Por conta disso, os técnicos da gigante das buscas criaram o reCAPTCHA v3. Com a ferramenta, a tecnologia analisa todo o seu comportamento pelas páginas em que está acionada e nunca emite testes para você resolver. Segundo o Google, esse é o reCAPCTHA ideal, já que é menos disruptivo. Há críticos, no entanto, que levantam questões importantes a respeito da privacidade dos usuários, já que a técnica monitora o comportamento individual de cada visitante na página.
É possível desativar ou burlar o reCAPTCHA?
6 de 7 Existem técnicas e estudos que mostram que é possível driblar a ferramenta — Foto: Divulgação/GoogleExistem técnicas e estudos que mostram que é possível driblar a ferramenta — Foto: Divulgação/Google
Qualquer problema computacional, com um número finito de respostas pode ser eventualmente resolvido por um computador. Há casos de especialistas em segurança e acadêmicos que, ao longo dos anos, vêm demonstrando vulnerabilidades no sistema e aplicando técnicas que podem superar a ferramenta e engana-la.
Em 2023, por exemplo, um grupo de pesquisadores da Universidade de Louisiana, nos Estados Unidos, divulgaram os resultados de um estudo que produziu um software que seria capaz de responder corretamente 92,4% dos reCAPTCHAs com imagens, além de uma média de tempo de 14,86 segundos no esforço de derrotar o “você é um robô”. Se usado offline, o sistema tem performance ainda melhor, com 95% de acertos na detecção de imagens e tempo médio de cinco segundos para enganar o “você é um robô”.
Como colocar o reCAPTCHA em um site?
7 de 7 Área de desenvolvedores do Google tem instruções e documentação completa de como usar o reCAPTCHA no seus site — Foto: Reprodução/Filipe GarrettÁrea de desenvolvedores do Google tem instruções e documentação completa de como usar o reCAPTCHA no seus site — Foto: Reprodução/Filipe Garrett
Implementar o reCAPTCHA no seu website, ou app, é relativamente simples e mesmo desenvolvedores com pouca experiência devem ser capazes de colocar a funcionalidade para testes em pouco tempo.
A área para desenvolvedores do Google conta com documentação completa a respeito da implementação da tecnologia, inclusive com amostras de código prontinhas para rodar. O processo, de forma resumida, envolve marcar o recurso com uma tag específica no código HTML do site, além de implementar um snippet em JavaScript responsável pela renderização do componente na página, bem como o processo de realização dos testes e checagem de resultados. Também é possível encontrar um exemplo com código pronto de uso do reCAPTCHA numa sequência de carregamento da página.
Via Google, Developers.Google, FastCompany, CloudFlare, The Register, Blokt, NuBank e Android Police
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