Microsoft quer trazer pessoas de volta à vida; 7 usos polêmicos da tecnologia
No início de 2023, a Microsoft apresentou uma patente que pretende trazer mortos de volta à vida com inteligência artificial, por meio de chatbots. Esse é mais um exemplo de uma tecnologia inovadora, porém com sérias implicações morais, éticas e de privacidade. Entre esse tipo de invenção, ainda é possível mencionar a edição da genética de bebês, máquinas que leem pensamentos e outras tecnologias que suscitam debates devido ao seu caráter controverso.
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Contudo, algumas já estão em uso, ou no mínimo em desenvolvimento avançado, e podem revolucionar a sociedade e as formas como interagimos com o mundo nos próximos anos. Confira, a seguir, sete usos polêmicos da tecnologia e entenda as consequências de suas implantações no cotidiano.
1 de 7 "Ressuscitar" pessoas e ler mentes são possíveis novas funções da inteligência artificial — Foto: monsitj/iStock/Getty Images"Ressuscitar" pessoas e ler mentes são possíveis novas funções da inteligência artificial — Foto: monsitj/iStock/Getty Images
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1. “Reencarnação” via chatbots
A Microsoft patenteou o processo de criação de um chatbot que é capaz de reproduzir a personalidade de alguém falecido, como forma de “trazer de volta à vida” alguém querido. Um chatbot, vale lembrar, é um robô de conversação, hoje comum na Internet em serviços de atendimento ao cliente.
Segundo a Microsoft, o robô seria uma inteligência artificial treinada para assimilar os traços da pessoa a partir de cartas, mensagens, gravações em vídeo e áudio e fotos. Com esses recursos, o algoritmo mapeia os diversos traços do indivíduo em questão e gera um robô com essas características. Assim, parentes e amigos poderiam conversar com ele, como forma de manter a relação com alguém que morreu. A documentação chega a especificar a capacidade de reproduzir traços físicos, como face e voz.
2 de 7 Plataforma Azure é o serviço de computação na nuvem da Microsoft — Foto: Reprodução/Wikimedia CommonsPlataforma Azure é o serviço de computação na nuvem da Microsoft — Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Além de implicações de ordem ética sobre o direito a deixar de existir, outras questões podem surgir a respeito do chatbot. Afinal, quem decidiria se o indivíduo “volta” à vida? A própria pessoa, ainda em vida, amigos e familiares ou mesmo uma megacorporação? Há, ainda, implicações sobre privacidade e segurança. A rigor, a tecnologia poderia também ser aplicada para reproduzir os vivos, o que significa que um chatbot poderia ser criado para se passar por um amigo ou parente e pedir dinheiro emprestado ou dados pessoais, por exemplo.
2. Deepfake
Deepfakes são uma classificação ampla para conteúdo de áudio, texto, imagem e vídeo falsos criados por inteligência artificial. No aspecto inofensivo, a tecnologia pode ser usada em efeitos visuais no cinema, por exemplo, ou em apps que inserem o rosto do usuário no corpo de famosos. Por outro lado, deepfakes podem ser usados para simular discursos de celebridades, como políticos, ou para disseminar notícias falsas e influenciar a opinião pública.
Além desse uso nocivo, deepfakes podem ser usados em material de pornô de vingança, ataques de engenharia social e até na criação de provas falsas para influenciar o rumo de investigações e decisões judiciais.
Técnicas que detectam deepfakes existem e podem ser aprimoradas no futuro. Contudo, o dano causado por essas ferramentas dificilmente pode ser reparado, em especial àqueles relacionados a ataques à reputação de pessoas públicas e distorções em discursos políticos.
3. Implante de chip no cérebro
A ideia é simples: implantes de interfaces neurais no sistema nervoso que poderiam aprimorar as capacidades cognitivas humanas, tornando o cérebro mais produtivo, por meio de um chip do tamanho de uma moeda. O chip é posicionado no interior do crânio e permite a conectividade entre mente e dispositivos computacionais para tornar humanos competitivos contra IA, segundo Elon Musk, o fundador da Neuralink.
Outra promessa benéfica da tecnologia é a ideia de corrigir doenças relacionadas ao sistema nervoso, como demência, depressão, ansiedade ou perda de memória. Outro potencial é permitir que o cérebro aprimorado pelo implante recupere controle e sensibilidade de membros paralisados.
3 de 7 Objetivo da Neuralink é criar um chip que pode ser implantado no crânio para aprimorar as capacidades mentais do usuário — Foto: Divulgação/NeuralinkObjetivo da Neuralink é criar um chip que pode ser implantado no crânio para aprimorar as capacidades mentais do usuário — Foto: Divulgação/Neuralink
A intenção inicial é de que o implante seja possível por meio de uma cirurgia simples e sem necessidade de anestesia geral. No entanto, o uso desse tipo de interface levanta uma série de questões relevantes para a humanidade.
Há preocupações com a privacidade, por exemplo. Um chip poderia ser monitorado pelo fabricante, que teria acesso a tudo o que passa pela mente de um indivíduo. Outro problema potencial com o uso desse tipo de tecnologia são os privilégios obtidos por aqueles que tiverem acesso ao produto. Por exemplo, há as vantagens competitivas na busca por emprego, em exames como Enem ou outros vestibulares e até mesmo na prática de esportes.
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7. Leitura de pensamentos
Essa tecnologia tem perfil similar à ideia de implante de chip no cérebro. Aqui, trata-se de um dispositivo eletrônico externo que pode ler mentes e interpretar pensamentos em tempo real. No aspecto positivo, a tecnologia oferece capacidade de comunicação a pessoas com paralisia, ou apenas poderia tornar a vida mais conveniente. Assim, não seria preciso digitar, apenas idealizar a mensagem e esperar que a máquina transcreva o pensamento.
7 de 7 Facebook trabalha em tecnologia para ler os seus pensamentos — Foto: Divulgação/FacebookFacebook trabalha em tecnologia para ler os seus pensamentos — Foto: Divulgação/Facebook
O problema é a imposição de limites. Um dispositivo que lê pensamentos para controlar um teclado ou celular, lê também tudo o que se passa na mente humana. As implicações sobre a privacidade do usuário são graves, e a corporação por trás desse serviço poderia ter acesso a dados precisos a respeito do indivíduo para comercializá-los com anunciantes.
Em agosto de 2023, o Facebook divulgou oficialmente que trabalha nesse tipo de tecnologia. Segundo a empresa, o objetivo é ajudar pessoas paralisadas em um primeiro momento e, então, garantir o acesso à ferramenta a todos.
Via Ubergizmo, Forbes, CNBC, The Guardian, CNN, Futurity, ZDNet, ArsTechnica, Wired, Facebook e Vox
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