‘Não vamos inundar o Brasil de celular ruim’, diz chefão da Realme

Uma nova empresa de celular está há um ano tateando o mercado brasileiro. A Realme ainda enfrenta dificuldade para estabelecer sua marca – tem quem confunda com outra chinesa, a Xiaomi. Ainda assim, tem conquistado a clientela ao aliar ficha técnica e bom preço. Por trás do projeto está Marcelo Sato. Numa conversa franca, ele revela os desejos dos brasileiros, conta os próximos passos e responde dúvidas de leitores um tanto atrevidos – a ponto de dar a declaração que estampa o título.

É importante dizer que a Realme passa por franco crescimento internacional. A marca surgiu na China em 2018 e faz parte do conglomerado BBK, que controla outras relevantes empresas, como OnePlus, Oppo e Vivo (não confunda com a operadora de telefonia). Cada marca funciona como um ecossistema próprio e todas competem entre si.

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Realme 9i foi lançado nesta terça (22) — Foto: Thássius Veloso/TechTudo 2 de 5 Realme 9i foi lançado nesta terça (22) — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

Realme 9i foi lançado nesta terça (22) — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

A Realme sozinha vendeu 60 milhões de celulares no ano passado, uma alta de 50% contra 2023. Ela está no top 5 de maiores empresas de smartphone em 21 países, de acordo com o vice-presidente Xu Qi.

O Brasil está na mira da companhia. Hoje em dia a Samsung reina soberana com cerca de metade do mercado. A Motorola costuma aparecer na segunda posição e a Apple em terceiro lugar. Tudo fica mais embolado a partir da quarta posição, antigamente ocupada pela LG, que decidiu se retirar. Sabe quem também está de olho nesta fatia? A Xiaomi. Ontem foi anunciada a chegada do Realme 9i por R$ 2.299.

Nenhum tema foi tabu no papo realizado por chamada de vídeo. A equipe de comunicação da Realme só deixou claro que não abriria os números de vendas no país. Confira a seguir.

💥️Thássius Veloso – Como foi o desempenho da 💥️Realme💥️ no primeiro ano no Brasil?

Marcelo Sato – Começamos com o pé direito no país. Foi muito acima das nossas expectativas. Nós focamos muito na base da pirâmide para construir a nossa operação. Temos um time fantástico e desenvolvemos todos os pontos de contato com o público. Começou com uma parceria com a Americanas que é muito forte até hoje. Também definimos toda a estratégia de comunicação e de pós-venda.

Lançamos dez smartphones, desde os básicos com a série C, até os modelos com números e os flagships como o GT Master Edition. Também lançamos dispositivos conectados, como fones de ouvido e smartwatches.

Marcelo Sato, gerente da Realme — Foto: Divulgação/Realme 3 de 5 Marcelo Sato, gerente da Realme — Foto: Divulgação/Realme

Marcelo Sato, gerente da Realme — Foto: Divulgação/Realme

💥️Qual é o panorama do 5G? Há espaço para celulares sem essa tecnologia em 2022?

A Realme aumentou a venda de celulares 5G em 831% contra 121% do restante do mercado. É uma tecnologia muito importante para nós. Temos aparelhos assim desde 2023, como o Realme 7 5G e o Realme 8 5G, que foi nosso produto mais vendido no ano passado. Conseguimos fazer um vínculo da nossa marca com a internet móvel de quinta geração. A questão do custo ainda é algo a se observar nos celulares básicos, e por isso há espaço para modelos com 4G e 4.5G.

💥️Muitos consumidores comentam comigo que queriam celular 5G com preço baixo. Existe aí uma oportunidade?

Eu não enxergava o 5G como um dos principais motivos para compra de um produto. Passou a ser um motivador a partir do burburinho no fim de 2023. É uma tecnologia que está vindo aí. Nós vamos trazer celulares com preço acessível e internet 5G. Precisamos ponderar que os produtos que a gente venderá no país estarão bem posicionados para o segmentos em que atuam. A nossa linha com nome Realme seguido de numeral terá 5G. Os preços ficarão na casa de R$ 2.000. Modelos na faixa de R$ 1.300 a R$ 1.500 não terão este recurso.

💥️Quais são os recursos mais desejados e aqueles que os brasileiros não dão bola?

Muita gente fala que vai usar o celular para tirar foto na piscina. A resistência à água é uma funcionalidade muito comentada, mas que, no frigir dos ovos, não é tão útil. Nós ainda não a trazemos no nosso portfólio por ser um recurso superficial. O brasileiro valoriza muito a performance como um todo. Estou falando de processador, memória RAM e armazenamento.

💥️Bateria entra nessa lista?

Quando a gente fala da série Realme C, focamos muito na experiência do usuário. São duas funcionalidades principais: tela e bateria. Precisa ter um espaço bom para navegar na internet e uma autonomia para um dia inteiro longe da tomada. Câmera também é superimportante.

Realme Watch S tem tela de 1,3 polegadas em IPS LCD — Foto: Thássius Veloso/TechTudo 4 de 5 Realme Watch S tem tela de 1,3 polegadas em IPS LCD — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

Realme Watch S tem tela de 1,3 polegadas em IPS LCD — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

💥️Os smartphones virão com carregador e fone de ouvido?

Nosso kit básico inclui carregador rápido. Tem que continuar vindo, esse é o nosso posicionamento mundial. Nós também investimos muito em pesquisa e desenvolvimento no campo de energia. Eu sentia falta deste atributo quando tinha um telefone da concorrência. O fone de ouvido com fio não vai na caixa porque hoje em dia todo mundo tem esse componente. Costuma ser um item muito simples.

💥️Os meus seguidores não têm papas na língua. Um deles perguntou se a 💥️Realme💥️ vai inundar o mercado com celulares ruins e depois sumir do mapa, ou se vai fazer algo que preste. Qual a sua resposta?

A gente não vai inundar o mercado com coisa ruim. O Brasil está na lista de países prioritários para a expansão da Realme, junto a outras cinco nações. Não viemos para brincar. Queremos começar a nossa base e crescer de forma sustentável. Sem dúvida é um projeto de longo prazo.

💥️Quais são as dificuldades de vender no Brasil?

Nós aprendemos a trabalhar no país. O Brasil é muito particular em muitos aspectos, dentre eles o tributário. Foi um ano de grande aprendizado para a empresa. Passamos o panorama do que é o país para a nossa matriz na China. Nossa concorrência é muito acirrada e ainda há uma polarização com poucas marcas. Por isso a concorrência é tão saudável para o consumidor. É um mercado difícil, único. Muitas coisas acontecem aqui e não ocorrem lá fora.

Ex-BBB Camilla de Lucas participa de lançamento do Realme 8 Pro — Foto: Divulgação/Realme 5 de 5 Ex-BBB Camilla de Lucas participa de lançamento do Realme 8 Pro — Foto: Divulgação/Realme

Ex-BBB Camilla de Lucas participa de lançamento do Realme 8 Pro — Foto: Divulgação/Realme

💥️Como funciona a garantia e a assistência técnica?

Fizemos questão de definir um bom pós-venda. Por enquanto estamos no 0800, sem presença física. À medida que crescermos, nós vamos ter uma assistência técnica mais robustecida. Por enquanto o cliente precisa mandar o produto pelo correio. Não fazia sentido abrir um monte de centrais técnicas. Nossos produtos têm um índice de reclamação muito baixo, o que nos deixa mais tranquilos.

💥️Quais recursos contra furtos estão sendo desenvolvidos?

A gente tem a biometria integrada ao sistema Android, com análise facial e de impressão digital. Hoje em dia a gente não tem nada sendo desenvolvido especificamente para o Brasil. Não quero falar da concorrência, mas eu tive meu celular furtado e ainda hackearam o aplicativo do meu banco. No final das contas, eu não ando mais com apps de banco no smartphone.

💥️O brasileiro gosta de pegar no telefone na mão e brincar com ele antes de fechar a compra. Como está a presença da 💥️Realme💥️ nas lojas?

Nós começamos por aqui com foco no online, canal que cresceu quase 30%. Deve seguir aumentando em 2022. Antecipamos a nossa ida para as lojas físicas a partir do segundo semestre do ano passado. Estamos em quase 170 pontos no país. Precisamos ter presença física mais robusta no Brasil. Estamos avaliando a inauguração de lojas próprias.

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