'WhatsApp fobia': usar app em excesso afeta sua saúde mental; entenda
"WhatsApp fobia" é o termo usado para descrever a ansiedade que o senso de emergência do mensageiro pode provocar. Notificações que não acabam, grupos e chats acumulados sem resposta, bombardeios de notícias e outros cenários mostram como o app, um dia usado para facilitar interações, agora parece cobrar por socialização. São cerca de 120,5 milhões de usuários ativos só no Brasil, segundo dados da Comscore, empresa global de medição e análise de mídia. Pela alta popularidade do app no país, não é difícil entender como limites podem ser forçados por aqui - mesmo que virtualmente.
1 de 3 WhatsApp pode impactar a sua saúde mental e causar ansiedade; veja dicas para driblar isso — Foto: Reprodução/Getty Images
WhatsApp pode impactar a sua saúde mental e causar ansiedade; veja dicas para driblar isso — Foto: Reprodução/Getty Images
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De acordo com o relatório "Tendências e Comportamentos Digitais 2022" da Comscore, o Brasil está em segundo lugar no ranking de países com maior número de usuários ativos no WhatsApp - e vale ressaltar que ele só perde para a Índia, um dos mais populosos do mundo. Segundo o estudo, 56% da população brasileira - ou seja, mais da metade - possuem o aplicativo instalado no celular.
Por isso, o mensageiro da Meta vai muito além de ser apenas um canal de simples trocas de mensagens. Graças à rapidez do fluxo de informações, as conversas podem literalmente definir rumos da vida diária, com demandas constantes de casa, do trabalho, da escola, da faculdade, da academia e demais ambientes.
Mas o que isso significa para a saúde mental?
O professor Luiz Mafle, doutor em Psicologia pela PUC Minas e Universidade de Genebra/Suíça, explica que as redes sociais, de modo geral, possuem funções (como curtidas e comentários) que fazem com que as pessoas fiquem dependentes de seu uso. Essa dependência, segundo o especialista, seria causada pela ativação de gatilhos - como para aprovação constante, por exemplo. "O tempo todo você vai buscar saber se foi reconhecido por meio de um ou mensagem nova, e isso te faz sentir pertencente a um grupo".
Nesse sentido, o especialista explica que as plataformas virtuais criam um sistema de "recompensa", que primeiro aumenta o estresse e gera ansiedade pela espera de uma mensagem, por exemplo, "e quando ela chega, é como um alívio". Mas, conforme o processo se repete diversas vezes, ele começa a, na verdade, causar angústia - e é isso o que acontece com o WhatsApp e as constantes mensagens recebidas no mensageiro.
2 de 3 WhatsApp gera ansiedade; saiba mitigar — Foto: Reprodução/Getty ImagesWhatsApp gera ansiedade; saiba mitigar — Foto: Reprodução/Getty Images
Luiz ainda ressalta que, no caso específico do WhatsApp, as discussões geradas também são motivações, já que reproduzem uma sensação de conflito. É o caso de divergências sobre política, futebol e religião.
"[Pesquisadores] descobriram que esse é o gatilho mais forte que a gente tem [a sensação de conflito]. Então, nos colocamos em discussões para podermos dar respostas certas e sentir que estamos mesmo brigando com outra pessoa, que estamos nos defendendo. Assim, acabamos por gastar horas no app - e a rede social nos quer dentro dela, e não fora", afirma.
Ele esclarece então que, a cada novo conflito, a pessoa se desgasta cada vez mais, e um "ciclo" se cria. Por isso, é realmente possível que o usuário desenvolva uma aversão pelo aplicativo, uma vez que ele passa a se sentir cobrado para usá-lo. Logo, a pessoa decide evitar ou cortar o uso do serviço como solução.
Como isso afeta a vida para além da tela?
De acordo com Mafle, apesar de ser um mundo virtual, o nosso cérebro entende que ele funciona também como "vida real", e não os difere. Assim, as comunicações online podem afetar nossos sentimentos e comportamentos da mesma forma, de maneira que "mesmo nos momentos fora das telas, a nossa cabeça não desgruda delas".
Os usuários, portanto, passam a agir com cada vez mais influência do espaço cibernético, e dão até mais importância a ele do que ao mundo offline. "Se você não publica nas redes sociais, aquilo não foi uma verdade. Então, a pessoa se sente obrigada a compartilhar a sua vida com outras pessoas para poder provar que fez algo. Como se o cotidiano perdesse o valor porque não foi compartilhado em redes sociais".
Mas afinal, como evitar essa ansiedade das redes e do WhatsApp?
Recursos nativos podem ajudar a driblar essa situação, como limitar o uso de categorias de apps em smartphones Android e iPhone (iOS). Para isso, no dispositivo da Apple, acesse 💥️“Ajustes” > "Tempo de Uso" > "Limites de Apps > "Adicionar Limite" 💥️> selecione pelo menos um tipo de aplicativo 💥️> toque em 💥️"Adicionar" e, então, defina o tempo. Também é possível restringir um software específico, basta abrir 💥️"Tempos de Uso" > apertar em 💥️"Nome do dispositivo" > "Mais usados" e escolher o app. Em Android, realize o procedimento a partir da ferramenta "Bem-estar digital".
3 de 3 Recursos nativos em celulares Android e iOS permitem definir tempo de uso do WhatsApp e outros apps. — Foto: Reprodução/Marcela FrancoRecursos nativos em celulares Android e iOS permitem definir tempo de uso do WhatsApp e outros apps. — Foto: Reprodução/Marcela Franco
Outra funcionalidade integrada em celulares iPhone (iOS) que pode ser útil é a "Hora de Dormir", localizada dentro do app de Alarme. Ela permite definir um horário para "acordar e dormir" e emite um lembrete para avisar sobre a meta estabelecida quando chega perto da hora. Então, bloqueia o celular até o dia seguinte. Nesse sentido, dá para aproveitar a função para definir um tempo para ficar sem usar o celular.
Ainda, configurações do próprio WhatsApp também podem ser interessantes, como tirar notificações de todas as conversas ou simplesmente silenciar contatos e grupos "para sempre". As duas funcionalidades servem para estabelecer limites dentro do mensageiro e evitar ser incomodado, sem necessariamente precisar parar de usar o aplicativo.
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