Netanyahu reitera em tribunal que acusações de corrupção são absurdas 24

“Esta é a oportunidade de dissipar as acusações contra mim. Há um grande absurdo nas acusações e uma grande injustiça”, disse Netanyahu no início do julgamento dos crimes de que foi indiciado em 2023, depois de jurar dizer a verdade perante o Tribunal Distrital de Telavive.

De pé e olhando fixamente para a juíza Rivka Friedman Feldman, uma das magistradas encarregadas do julgamento, Netranyahu disse que esperou oito anos “para dizer a verdade” tal como se lembra dela, uma declaração que reiterou durante uma conferência de imprensa na segunda-feira à noite.

Referindo-se ao processo 1.000, que o acusa de alegada fraude e quebra de confiança por ter recebido presentes caros do empresário Arnon Milchan, entre 2007 e 2016, em troca de favores relacionados com interesses comerciais e obtenção de vistos, Netanyahu classificou a acusação “duplamente absurda”.

“Isso é uma mentira total. Eu trabalho 17 ou 18 horas por dia. Toda a gente que me conhece sabe disso”, afirmou.

Relativamente aos presentes luxuosos, como charutos e champanhe, que alegadamente recebeu de Milchan, Netanyahu explicou: “Detesto champanhe, não posso beber”. Sobre os charutos, acrescentou: “Por vezes sento-me com um charuto, mas não posso fumá-los todos de uma vez porque o faço entre reuniões”.

O início do testemunho foi dedicado à descrição das suas condições de trabalho e da sua vida familiar, tendo afirmado que a sua mulher, Sara, tem sido objeto de “uma terrível difamação”.

O primeiro-ministro israelita referiu também que, ao enfrentar questões nacionais críticas, teve de lidar com uma “cobertura terrível da imprensa” e com alegações de corrupção.

A certa altura da audiência, Netanyahu pediu um intervalo de dois minutos para tratar de questões de segurança nacional.

Mais tarde, questionado pelo seu advogado sobre a forma como as alegações o afetam, respondeu: “Se eu disser que é uma gota de água no balde, seria um exagero. Estou ocupado com assuntos de importância mundial.

Netanyahu sublinhou ainda que passa cerca de 17 horas por dia a tratar de questões de segurança e em reuniões com oficiais militares.

A defesa de Netanyahu solicitou repetidamente, mas sem sucesso, a redução das três comparências semanais de seis horas cada.

Este julgamento constitui um marco na história de Israel, pois é a primeira vez que um primeiro-ministro em funções depõe como arguido num processo penal.

Em casos anteriores, os seus antecessores demitiram-se antes de serem acusados.

Netanyahu enfrenta acusações de suborno, fraude e quebra de confiança ocorridas entre 2007 e 2017, que polarizaram a sociedade israelita.

Enquanto a oposição exige a sua demissão, os seus aliados políticos recusam-se a sair do seu lado.

Além do caso 1.000, o primeiro-ministro de 75 anos enfrenta dois outros processos, o 2.000 e o 4.000, relacionados com alegados acordos com magnatas das telecomunicações em troca de uma cobertura mediática favorável à sua imagem.

Fora do tribunal, centenas de manifestantes protestaram contra a política de Netanyahu e, além de exigirem justiça, querem também que o Governo israelita traga de regresso a casa os reféns ainda retidos pelo Hamas após o ataque a Israel do movimento de resistência islâmica, a 07 de outubro de 2023, em que morreram 1.200 pessoas e foram sequestradas cerca de outras 250.

Independentemente das esperanças num cessar-fogo, a guerra entre Israel e o Hamas já causou, “oficialmente”, a morte a quase 46.500 pessoas (44.758 palestinianos e 1.706 israelitas), na grande maioria civis.

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