Movimento ‘Harraga’ nas redes sociais incita jovens marroquinos a encetarem grande assalto a Ceuta ̵
Uma nova onda de jovens marroquinos planeia uma tentativa de atravessar a vedação de Ceuta na segunda-feira, dia 30 de setembro, sem medo das consequências potencialmente fatais que bem conhecem. Até ao momento, já ocorreram seis tentativas de entrada em massa na península de Ceuta, a mais recente há apenas duas semanas, que foi travada por um grande dispositivo da Gendarmaria Real marroquina.
A organização e o número de participantes não são fruto do acaso. Os meios de comunicação marroquinos identificam estes jovens como NEET, um termo equivalente ao que, em Portugal, designa jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como “nem-nem”. Estes jovens organizam-se através do hashtag de TikTok “Harraga” (palavra francesa que significa “os que queimam”, numa referência à queima de documentos), um fenómeno que está a proliferar em várias publicações nas redes sociais e até em grafitis no polígono de Tarajal.
A explicação para este fenómeno de assaltos organizados por jovens que arriscam a vida para entrar na Europa reside, principalmente, no seu sentimento de desarraigamento e no pessimismo em relação ao futuro. As estratégias de contenção das forças de segurança, que incluem o uso de jatos de água de alta pressão, balas de borracha e bastões extensíveis, não têm qualquer efeito dissuasor.
O ponto de encontro destes jovens é, sobretudo, as redes sociais, onde coordenam as suas ações e partilham vídeos que mostram as tentativas de cruzar a fronteira, contornar o espigão ou pisar a praia. Esta interação alimenta o interesse e o desejo de jovens marroquinos na mesma faixa etária e em circunstâncias semelhantes.
Nas últimas semanas, assinala o El español, dezenas de vídeos foram publicados, exibindo jovens marroquinos a organizar-se e a trocar conselhos sobre como ultrapassar os controlos fronteiriços e entrar na cidade autónoma de Ceuta. Em muitos destes vídeos, as mensagens são uma mistura de desespero e esperança, mas também revelam um forte sentimento de desafio e determinação em entrar na Europa.
Um relatório recente da Organização Internacional para as Migrações (OIM) confirma que as plataformas digitais desempenham um papel cada vez mais importante na forma como os migrantes planeiam as suas travessias. “As redes sociais não só permitem a partilha de informação sobre rotas e métodos, mas também criam uma narrativa que muitas vezes idealiza a travessia de fronteiras e oculta os perigos reais”, lê-se no documento da OIM.
O fenómeno Harraga não apenas influenciou a juventude marroquina, como também começou a preocupar as autoridades locais e especialistas em migração. Segundo fontes da Polícia Nacional, nos últimos dias tem-se registado um aumento invulgar de atividade nas zonas próximas à fronteira de Ceuta.
Em resposta, o Governo de Ceuta reforçou a presença policial nas imediações da vedação e coordenou esforços com as autoridades marroquinas para impedir qualquer tentativa de entrada ilegal. As comunicações com Rabat têm sido constantes, e já foram solicitadas medidas preventivas adicionais do lado marroquino para o dia 30 de setembro.
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