Sogro de Eduardo Paes é citado em delação de ex-secretário de Obras do Rio
O ex-secretário de Obras Alexandre Pinto, que trabalhou nas duas primeiras gestões de Eduardo Paes (PSD) na Prefeitura do Rio de Janeiro, afirmou em delação premiada que o sogro do prefeito, o engenheiro Paulo Cézar Assed, obteve propina por meio de tráfico de influência na administração municipal.
Pinto disse que Paes demonstrava contrariedade com o envolvimento do sogro em assuntos da prefeitura. Ele não relaciona a atuação de Assed a eventuais benefícios ao atual prefeito, candidato à reeleição, mas afirma que o engenheiro fazia "tráfico de influência" na administração municipal.
As informações fazem parte do anexo 69 do acordo de colaboração premiada firmada por Pinto em 2023 com a PGR (Procuradoria-Geral da República).
Procurado, Paes disse, por meio de sua assessoria, que se trata "de uma delação antiga, descredibilizada pela Justiça, que já foi usada politicamente pelo juiz Marcelo Bretas para manipular a eleição de 2018 e beneficiar o seu amigo e ex-juiz Wilson Witzel e o então vice Cláudio Castro na disputa ao governo do RJ".
"Agora, em 2024, às vésperas de mais uma eleição, não surpreende que esse mesmo grupo que comanda o estado do Rio de Janeiro há seis anos use de novo politicamente a polícia para requentar declarações mentirosas que já foram invalidadas pela Justiça e beneficiar a candidatura de Alexandre Ramagem, afilhado político de Castro e o novo Witzel", afirmou a nota.
A reportagem não conseguiu contato com Assed por meio do telefone de sua empresa.
Segundo a Folha apurou, as informações foram enviadas em 2022 ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que as encaminhou para a Polícia Civil. A Delegacia de Combate à Corrupção ainda realiza uma verificação preliminar para decidir se instaura ou não um inquérito policial. Pinto indicou como provas de corroboração quatro agendas e tem depoimento marcado para os próximos dias.
Receba no seu email a seleção de notícias feita pelo diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila
Não é a primeira vez que o ex-secretário tem um depoimento marcado em período eleitoral. Em 2018, quando Pinto negociava o acordo, Bretas marcou um interrogatório dele para três dias antes da votação do primeiro turno, quando Paes disputava o governo estadual com Witzel (então no PSC), amigo do magistrado.
Na ocasião, Pinto prestava seu quarto depoimento ao magistrado e, pela primeira vez, afirmou que o prefeito recebeu propina. O episódio foi um dos elementos analisados no Conselho Nacional de Justiça para o afastamento de Bretas da 7ª Vara Federal Criminal, responsável pelos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
A defesa de Pinto afirmou que vai pedir o adiamento do depoimento. O advogado Rodrigo de Souza Costa, que o representa, disse que o ex-secretário já teve "declarações manipuladas anteriormente para tentar influenciar o processo eleitoral, trazendo um prejuízo considerável para ele próprio".
"Meu cliente segue com a intenção de colaborar com o sistema de Justiça Criminal, mas não pode ser prejudicado por esse tipo de situação. Acredita-se que não seria o caso, mas achamos prudente evitar qualquer risco nesse sentido, até por saber que as declarações de Alexandre nesse caso já foram prestadas anteriormente ao MP-RJ", disse o advogado.
O acordo de Pinto com a PGR foi assinado em agosto de 2023. Poucos detalhes sobre a delação foram revelados desde então. Em 2022, o jornal O Estado de S. Paulo informou que o ex-secretário disse na delação que o prefeito solicitou R$ 8 milhões em caixa dois de campanha a empresas com contrato com o município.
O que você está lendo é [Sogro de Eduardo Paes é citado em delação de ex-secretário de Obras do Rio].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments